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Direto do túnel do tempo (360)

RIO DE JANEIRO – Num mundo cheio de preconceitos, muitos devem ter se chocado com a revelação do piloto britânico Danny Watts, de 37 anos. Duas vezes campeão das 24h de Le Mans em subcategorias, ele confirmou em entrevista que é homossexual. Uma quebra de paradigmas e uma atitude e caráter que merecem toda a […]

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RIO DE JANEIRO – Num mundo cheio de preconceitos, muitos devem ter se chocado com a revelação do piloto britânico Danny Watts, de 37 anos. Duas vezes campeão das 24h de Le Mans em subcategorias, ele confirmou em entrevista que é homossexual. Uma quebra de paradigmas e uma atitude e caráter que merecem toda a nossa admiração. Bravo, Watts!

Porém, num meio extremamente machista – em que pese a presença feminina cada vez mais frequente – um piloto gay não é novidade. A Fórmula 1 inclusive teve um: Mike Beuttler.

Nascido no Cairo, capital do Egito, em abril de 1940, Beuttler esteve na categoria máxima do esporte a motor entre os anos de 1971 e 1973, tendo passado também pelas categorias de acesso – Fórmula 3 e Fórmula 2. Seus carros se destacavam por sempre serem pintados de amarelo e mantidos por dois empresários: Ralph Clarke e David Mordaunt.

A primeira prova de Beuttler foi a Corrida dos Campeões, extracampeonato, realizada em Brands Hatch. A estreia oficial, após ficar de fora em três etapas por falta de carro, só aconteceu em Silverstone, no GP da Inglaterra. Em 29 provas que esteve inscrito, largou em 28 – só não correu no GP da Espanha de 1972. Curiosamente, conquistaria naquele país seu melhor resultado na categoria – 7º lugar, na estreia dele com o modelo March 731.

A trajetória de Beuttler na F1 foi efêmera: após o GP dos EUA marcado pela morte de François Cèvert, abandonou a categoria. A última vez em que Beuttler sentou num carro de corrida foi numa prova do World Sportscar Championship, os 1000 km de Brands Hatch, em 1974.

Após a retirada das pistas, Beuttler mudou-se para a Califórnia (EUA) e só aí tomou-se conhecimento de que o piloto britânico era homossexual. Beuttler morreu em 1988, vítima de complicações em decorrência do vírus da AIDS.

Na foto que ilustra este post, Mike toca o March 731 no circuito sueco de Anderstorp, na estreia do GP da Suécia. Atrás dele, a Marlboro-BRM de Clay Regazzoni.

Há 44 anos, direto do túnel do tempo.