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Fórmula 1

Do WEC à Fórmula 1: Toro Rosso escolhe Hartley para GP dos EUA

RIO DE JANEIRO – Trinta e três anos depois da última presença de um piloto do país, a Nova Zelândia – que teve Dennis Hulme como campeão mundial da categoria – volta ao mapa-múndi da Fórmula 1. É que num anúncio tão surpreendente quanto a participação de Andre Lotterer pela Caterham no GP da Bélgica […]

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Oportunidade: Porsche e Red Bull se entendem e Brendon Hartley, aos 27 anos, vai fazer sua estreia na Fórmula 1 em Austin, no próximo dia 22 (Foto: Red Bull Content Poo./Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Trinta e três anos depois da última presença de um piloto do país, a Nova Zelândia – que teve Dennis Hulme como campeão mundial da categoria – volta ao mapa-múndi da Fórmula 1. É que num anúncio tão surpreendente quanto a participação de Andre Lotterer pela Caterham no GP da Bélgica de 2014, Brendon Hartley foi confirmado pela Toro Rosso para disputar a próxima etapa da temporada, que é o GP dos EUA no Circuito das Américas (COTA) em Austin, capital do Texas.

Aos 27 anos, o piloto nascido em Palmerston North entra para os compêndios como o nono piloto do país na categoria e numa situação curiosa como a de Lotterer: desde a recriação do FIA World Endurance Championship, as equipes da Fórmula 1 recorreram a dois campeões mundiais do certame, que também possuem em seu currículo vitórias nas 24 Horas de Le Mans. Não deixa de ser divertido, diante das várias reações dos detratores que consideram o WEC um campeonato de “pouca importância”. Tem tanta, que Hartley possui mais pontos suficientes para ganhar uma Superlicença que pilotos no radar da própria Toro Rosso, como o indonésio Sean Gelael – que esteve presente várias vezes em treinos livres neste ano – e o japonês Nobuharu Matsushita, cotado para 2018.

O piloto da Porsche, que pode inclusive ser bicampeão mundial de pilotos no WEC neste fim de semana, não teve de fato uma carreira espetacular nas divisões de base. Os pontos altos foram um título europeu de Fórmula Renault há uma década atrás, a 3ª posição na Fórmula 3 inglesa no ano seguinte (perdeu o título para Jaime Alguersuari e o vice para Oliver Turvey) e o mesmo resultado no GP de Macau, a Copa do Mundo da categoria-escola de monopostos.

Já em 2008, não custa lembrar, a Red Bull encaixou o loirinho no seu programa de desenvolvimento de pilotos, colocando-o como test driver e eventual reserva para até 2010. Nos anos seguintes, suas campanhas na GP2 Series (hoje Fórmula 2) e na World Series Fórmula V8 foram tão erráticas quanto irregulares – o que fez Hartley entrar de sola nos protótipos. Com seis participações nas 24 Horas de Le Mans no currículo, tendo vencido a prova deste ano junto a Timo Bernhard e Earl Bamber, além de 12 vitórias nas provas do Mundial de Endurance, Hartley trilhou um caminho que outros pilotos repetiram quase à perfeição – alguém aqui lembrou de Pipo Derani?

A Toro Rosso só se encontrou nesta situação porque Carlos Sainz já saiu da filial dos rubrotaurinos para a Renault e porque Pierre Gasly, por exigência da Honda, não pôde abrir mão de disputar a decisão da Super Formula japonesa, no mesmo fim de semana da Fórmula 1, em Suzuka – o que, para nenhuma surpresa, provoca também o retorno do russo Daniil Kvyat, que fora afastado para a estreia do francês.

O mais engraçado é que a Red Bull tem outros pilotos sob contrato e em nenhum momento se falou em nomes como Sébastien Buemi, por exemplo. Até o campeão da Fórmula Indy, Josef Newgarden, teve seu nome ventilado e chegou a aparecer como favorito. E nesse jogo de cartas, Hartley acabou premiado.

“Essa oportunidade vem de forma surpreendente, mas eu nunca desisti do meu sonho de criança de alcançar a F1. Eu cresci e aprendi muito desde os dias de reserva de Red Bull e Toro Rosso, e os anos difíceis que enfrentei me tornaram mais forte e determinado”, declarou.

“Quero agradecer a todos na Red Bull, por transformar isso em realidade, e na Porsche, por permitir que eu faça isso ao lado do Mundial de Endurance. O Circuito das Américas é uma pista que eu gosto bastante e onde já corri recentemente. Não quero criar expectativas para minha estreia, mas me sinto pronto”, garantiu Brendon.

A última vez em que um “kiwi” correu uma prova de Fórmula 1 foi no GP do Canadá, em Montreal, no ano de 1984. Então piloto da RAM, Jonathan Palmer disputou no mesmo fim de semana as 24 Horas de Le Mans. A equipe de John McDonald promoveu a aparição de Mike Thackwell, que conquistaria o título da Fórmula 2 com um Ralt RH6 Honda ao final daquele ano. Com apenas dois GPs no currículo – curiosamente, o primeiro foi no Canadá, quatro anos antes – Thackwell abandonou após completar 29 voltas com problemas no turbo do seu motor Hart.

E sobre essa opção por Hartley, muitos apontam para um horizonte de parceria entre germânicos e rubrotaurinos. Mas será mesmo que a Porsche pensa em voltar à Fórmula 1?

Cartas para a redação.