A Mil por Hora
IMSA

Vitória da Tequila Patrón ESM e tetra de Fittipaldi no Endurance em edição épica da Petit Le Mans

RIO DE JANEIRO – Duas décadas comemoradas em altíssimo estilo – e não poderia ter sido melhor a Petit Le Mans deste sábado no circuito de Road Atlanta em Braselton, na Geórgia. A 12ª e última etapa do IMSA Weather Tech SportsCar Championship foi daquelas que entram para a história. Uma edição épica de uma […]

ESMWin1
A festa de Brendon Hartley, Ryan Dalziel e Scott Sharp pela vitória na edição comemorativa dos 20 anos da Petit Le Mans (Foto: Brian Cleary/BCPix.com)

RIO DE JANEIRO – Duas décadas comemoradas em altíssimo estilo – e não poderia ter sido melhor a Petit Le Mans deste sábado no circuito de Road Atlanta em Braselton, na Geórgia. A 12ª e última etapa do IMSA Weather Tech SportsCar Championship foi daquelas que entram para a história. Uma edição épica de uma das corridas mais tradicionais dos EUA, cheia de alternativas, líderes, grandes acidentes, um festival de Safety Cars e muita polêmica. No fim de mais de 400 voltas e ao longo de 10 horas de disputa, prevaleceu – para o bem ou para o mal – a Tequila Patrón ESM, com a vitória do carro #2 de Brendon Hartley/Ryan Dalziel/Scott Sharp.

Não sem uma dose de controvérsia, graças a uma punição tida como discutível ao outro carro do time de Scott Sharp e Ed Brown, guiado pelos brasileiros Pipo Derani e Bruno Senna, mais Johannes Van Overbeek: já de noite, numa dividida de curva, Derani acabou tocando com o Ford EcoBoost da classe GTLM guiado pelo australiano Ryan Briscoe. Os comissários da IMSA acharam que a manobra foi culpa de Pipo – que acabou pagando um drive through e perdeu a vitória, já que vinha na ponta e com boa vantagem para o 2º colocado. Bruno não gostou da punição.

 “Fazem uma relargada à noite com os protótipos um atrás do outro e o pessoal de GT logo à frente. Não podia dar certo, porque tem vários pilotos amadores que não sabem muito bem o que estão fazendo. Além disso, houve diversos toques sem qualquer penalidade. É terrível você se matar para fazer o seu trabalho e ver a vitória, que era a razão de todo esse esforço, nos ser retirada dessa maneira”, protestou.

Pensam que foi a única polêmica? Nada disso: a IMSA também mandou parar o #5 da equipe Mustang Sampling/AX Racing por achar que a manobra de defesa de posição do português Filipe Albuquerque contra o próprio companheiro de time Dane Cameron – de saída da escuderia rumo à Penske – foi acintosa, bloqueando a passagem do rival e colega de time. O Cadillac DPi-V.R pagou um stop & hold de mais de uma volta, o que custou caro para a tripulação luso-brasileira que tinha ainda João Barbosa e Christian Fittipaldi, relegada ao quinto posto final.

Prêmio de consolação: perdido o título para os Irmãos Metralha Jordan e Ricky Taylor, a Action Express, graças a Filipe Albuquerque/João Barbosa/Christian Fittipaldi, embolsou o quarto título seguido no NAEC – quarto também para o brasileiro que em 2018 só disputará as provas longas da IMSA (Foto: Jake Galstad/IMSA)

Menos mal que, com os resultados parciais da Petit Le Mans na quarta hora e na oitava, a trinca do #5 conquistou o título do North American Endurance Cup, o que para João e Christian representou um tetracampeonato histórico e ao mesmo tempo simbólico, pois é um campeonato dentro de outro, englobando apenas as provas de longa duração. Se faltaram muitas vitórias – eles ganharam apenas em Watkins Glen neste ano – sobrou a confiabilidade que faltou aos irmãos Taylor e a Ryan Hunter-Reay na última etapa: um motor quebrado acabou com a prova do #10, mas não com a festa dos Irmãos Metralha, campeões da temporada 2017 com muito merecimento. Afinal, ganharam cinco corridas seguidas e foi assim que eles pavimentaram o caminho para o título.

A Penske pôs os dois pés na porta em sua prova de retorno ao Endurance: só para “marcar território”, andaram com um Oreca LMP2 e só não brigaram na frente o tempo inteiro porque com menos de 20 minutos de prova o pole Hélio Castroneves foi abalroado pela Ferrari 488 GTD do italiano Matteo Cressoni. O brasileiro perdeu duas voltas e tome acelerar para recuperar o tempo perdido – e nisso Helinho foi sensacional, com um ritmo de prova muito melhor que o do colombiano Juan Pablo Montoya. Nem falemos de Simon Pagenaud, por favor…

O colombiano acordou quando já era um pouco tarde demais e com as punições aos dois primeiros colocados, o pódio com o 3º lugar final foi um prêmio para uma equipe persistente, cujo carro fez DEZENOVE paradas nos boxes, seis a mais que o #2 dos vencedores. Se isso não diz alguma coisa, então não sei de mais nada. A impressão que ficou é que a organização do velho Roger vai dar – muito – trabalho em 2018 e uma coisa, leitores, ficou clara: o Team Penske não entra em nada para perder.

A despedida da classe Prototype Challenge foi perto de melancólica e a Performance Tech errou tudo o que podia errar, já que além do título da temporada global, seus pilotos – Kyle Masson/Pato O’Ward/James French – levaram o troféu também no NAEC. O carro #38 se envolveu em pelo menos dois acidentes e acabou terminando no pior resultado de toda a temporada. A vitória ficou com a BAR1 Motorsports por eliminação: o carro #26 de John Falb/Garry Grist/Tomy Drissi acabou apenas em 15º lugar na geral, dezoito voltas atrasado.

Bill Power: festa de Bill Auberlen (à esquerda) em sua 400ª corrida pela BMW junto a Kuno Wittmer (centro) e Alexander Sims pela vitória na GTLM em Road Atlanta (Foto: Brian Cleary/BCPix.com)

Já a GTLM mostrou a competitividade de sempre: oito dos nove carros andaram quase o tempo inteiro juntos e sete deles terminaram na mesma volta porque o Ford de Ryan Briscoe/Richard Westbrook/Scott Dixon saiu da pista no contato com o Nissan DPi de Pipo Derani. A vitória na última etapa, após uma estratégia sempre inteligente e um grande trabalho dos pilotos, ficou com a BMW Team RLL, graças a Alexander Sims/Bill Auberlen/Kuno Wittmer. Para Auberlen, foi uma ocasião especial: o californiano foi homenageado pela marca bávara pelo recorde de 400 provas defendendo a marca, além da inscrição “Bill Power” no aerofólio traseiro da M6 GTLM, que fez sua despedida das pistas.

O segundo lugar na categoria bastou para Antonio Garcia e Jan Magnussen “coparem” para a Corvette na temporada 2017: além da dupla do #3 levar o título entre os pilotos, a marca e a equipe conquistaram seus respectivos títulos na categoria neste ano. Em contrapartida, no Tequila Patrón North American Cup, quem levou a melhor foi a Porsche – e por um ponto. A dupla formada por Patrick Pilet/Dirk Werner bateu Dirk Müller/Joey Hand na classificação final das provas longas, dando o primeiro título ao novo modelo 911 RSR da marca de Weissach no Endurance.

A classe GTD foi a que teve o maior índice de abandonos (também pudera, é a divisão com o maior número de carros…) graças a pelo menos dois grandes acidentes, o primeiro com o Acura NSX-GT3 da Michael Shank Racing da trinca Mark Wilkins/Katherine Legge/Andy Lally e depois, com o mais assustador de todos, protagonziado pelo Lexus RC-F de Robert Alon/Sage Karam/Ian James, onde felizmente só houve danos materiais e nenhum piloto foi ferido com maior gravidade. O outro Acura, de Oswaldo Negri/Jeff Sega/Tom Dyer, acabou desistindo após vários problemas mecânicos – um fecho melancólico para um campeonato cheio de percalços do “Monstro de Ozz”.

Festa na estreia: a Montaplast by Land Motorsport conquistou a vitória na classe GTD com uma bela atuação do trio formado por Connor De Philippi/Sheldon Van der Linde/Christopher Mies (Foto: Jake Galstad/IMSA)

A Montaplast by Land Motorsport, em sua primeira visita à Road Atlanta, triunfou em grande estilo com o trio Sheldon Van der Linde/Christopher Mies/Connor de Philippi, secundado por Michael De Quesada/Daniel Morad/Michael Christensen e Patrick Lindsey/Matthew McMurry/Jörg Bergmeister, numa corrida em que os bólidos de fabricação alemã dominaram os seis primeiros lugares da classificação ao final da corrida. Mas o titulo, com muita competência, ficou pela segunda vez com Alessandro Balzan e Christina Nielsen, que tiveram uma corrida bastante atribulada a bordo da Ferrari da Scuderia Corsa.

Já no NAEC, a pontuação alcançada neste sábado foi suficiente para Ben Keating/Jeroen Bleekemolen/Mario Farnbacher levarem o título e um prêmio de US$ 25 mil em dinheiro como consolação pelos bons resultados nas provas mais longas do certame. Para quem correu com o carro mais prejudicado pelos BoP da IMSA em 2017, um prêmio e tanto.

Mais uma temporada termina e eu só posso agradecer. Aos telespectadores do Fox Sports pelo prestígio ao longo do ano e por hoje, onde realizamos uma transmissão inédita de uma prova da IMSA na íntegra. Aguentar 10 horas ao vivo – uma maratona fodida – não é tarefa das mais fáceis. Obrigado a vocês pelo carinho e paciência, ao Hamilton Rodrigues e ao Thiago Alves pela parceria e ao mestre inigualável, Edgard Mello Filho, pelo aprendizado. Hoje foi sensacional. Saí da cabine de alma lavada, pedindo uma cerveja gelada. Bebi duas, com gosto.

Valeu a pena! Até 2018… e que venha Daytona!