A Mil por Hora
Fórmula 1

Risco duplo

RIO DE JANEIRO – Primeira coisa: o grid da Fórmula 1 está completo para a temporada 2018. Segunda coisa: não sei se todos os 20 pilotos vão chegar ao fim do campeonato deste ano. Calma, não é mau agouro. É por conta da opção da Williams. Venceu o dinheiro russo, cortesia do SMP Bank, do […]

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Terceiro russo: aos 22 anos, Sergey Sirotkin alcança o posto de titular de uma equipe de Fórmula 1. Com o apoio do SMP Bank, ele vai para a Williams

RIO DE JANEIRO – Primeira coisa: o grid da Fórmula 1 está completo para a temporada 2018. Segunda coisa: não sei se todos os 20 pilotos vão chegar ao fim do campeonato deste ano.

Calma, não é mau agouro. É por conta da opção da Williams.

Venceu o dinheiro russo, cortesia do SMP Bank, do argentário Boris Rotemberg. É com esse patrocínio que Sergey Sirotkin, piloto reserva de Sauber e Renault noutras temporadas, chega finalmente ao posto de piloto titular na categoria máxima do automobilismo, aos 22 anos.

Quanto a ser a melhor escolha para a tradicional equipe britânica, isso eu deixo para os leitores. O que se sabe é que havia um acordo com Robert Kubica e as condições físicas do polonês – bem como sua performance – foram avaliadas em testes. Óbvio que as dificuldades por conta de um braço atrofiado pagaram a conta. O talento existe, está lá, mas cobra-se resultados. E a Williams deve ter se questionado se Kubica os traria.

Por isso, ofereceu a ele um emprego como piloto de testes e de desenvolvimento. Não é nada, não é nada, já é alguma coisa para quem não tinha perspectivas há alguns anos…

Sirotkin, além de ser jovem e impetuoso, tem o componente financeiro que a equipe buscava e pode fazer um bom papel dentro de suas possibilidades. O que também se questiona é se a equipe está preparada para encarar um campeonato com dois pilotos tão sem experiência na categoria, depois de perder o status quo de quarta força da Fórmula 1 atual para a Force India.

E a coisa só tende a piorar.

A McLaren tem a obrigação de voltar a ser minimamente competitiva com os motores Renault e a própria Régie, com Carlos Sainz e Nico Hülkenberg, se acertar a receita, não será um time que se possa desprezar. Há ainda a Haas e a Toro Rosso – e pode ser que até a Sauber incomode um pouco mais, porque tem em Charles Leclerc um talento crível. Então, do patamar atual, pode ser que a organização de Grove caia alguns parâmetros em 2018.

A aposta, antes mesmo do campeonato começar, é em qual dos dois pilotos a Williams não poderá contar até o fim do ano. Mas vai que Sirotkin, que despontou em 2012 com apenas 17 anos na AutoGP World Series, com duas vitórias, uma pole e nove pódios; que venceu três corridas da hoje Fórmula 2 em duas temporadas e nelas terminou em 3º lugar; e que também já tem disputa das 24h de Le Mans no currículo, quebra a cara dos detratores?

Vamos dar tempo ao tempo. Mas é um risco duplo para uma equipe de tanta tradição apostar em dois garotos que baixam a média de idade do time para 20,5 anos.