A Mil por Hora
Fórmula 1

Aqui me tens de regresso

RIO DE JANEIRO – Oito anos se passaram desde 14 de novembro de 2010. Naquele domingo do primeiro título de Sebastian Vettel na Fórmula 1, um 5º lugar selava a temporada de Robert Kubica. O polonês era disparado o maior representante de seu país na história do automobilismo e tudo fazia crer que, mesmo com […]

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RIO DE JANEIRO – Oito anos se passaram desde 14 de novembro de 2010. Naquele domingo do primeiro título de Sebastian Vettel na Fórmula 1, um 5º lugar selava a temporada de Robert Kubica. O polonês era disparado o maior representante de seu país na história do automobilismo e tudo fazia crer que, mesmo com a oitava posição no Mundial de Pilotos, a temporada seguinte poderia ser muito melhor.

Só que não houve temporada seguinte.

Por um longo e tenebroso inverno.

Culpa de um acidente estúpido numa prova sem importância de Rali em que por um triz o braço direito de Kubica não foi para os ares.

Apesar da gravidade do incidente, ele não desistiu do sonho de voltar a conduzir um Fórmula 1. Esteve no WRC e namorou com o perigo em várias ocasiões. Teve um flerte com o WEC, chegou a ser anunciado pela ByKolles para a temporada passada, mas o polonês deu pra trás. Muitos tinham e ainda têm dúvidas sobre o que ele seria capaz de fazer se recebesse uma segunda chance.

Pois bem: a segunda chance se confirmou. Kubica estará de novo no grid da categoria máxima em 2019. E pela Williams, onde já deveria ter corrido neste ano se não fosse o SMP Bank e Sergey Sirotkin a lhe tomar o lugar que era seu.

Talvez tenha sido melhor assim, porque o carro da equipe de Grove é uma merda, disparado o pior do ano. Um possível retorno de Kubica, nessas condições, geraria um misto de questionamentos não só da parte técnica – que é o fraco do modelo FW40 – como também acerca da própria pilotagem do polonês – e muitos não acreditam que ele voltará a ser competitivo por conta das suas condições físicas, especialmente por conta do braço direito atrofiado, sem massa muscular.

Mas em 2019, há além da necessidade de se levar a equipe a um campeonato muito mais digno que o atual, todo um componente emocional que cerca um regresso dos mais aguardados. Agora com 33 anos (faz 34 em dezembro próximo), experiência de sobra e competência – comprovada nos anos de BMW Sauber e Renault – Kubica tem a expertise para liderar a Williams a dias um pouco melhores. Ao lado do garoto George Russell, se a equipe fizer um bom carro, poderão ter bons momentos.

Vamos, porém, com um pouco de calma. Embora a Mercedes-Benz tenha alocado o provável campeão da Fórmula 2 num dos assentos da Williams, não há nenhuma garantia de que os pentacampeões de Construtores serão piedosos com o time hoje dirigido por Claire Williams e farão uma parceria ao nível do que a Ferrari faz com a Sauber – e a equipe helvética mostrou evidentes progressos do ano passado em relação a este.

E como o Flavio Gomes lembrou com muita propriedade, RK não tem a manha de guiar na Fórmula 1 híbrida – ainda. Aí que eu digo que a experiência que ele amealhou em sua passagem anterior de 76 GPs que lhe rendeu uma vitória, uma pole, 12 pódios e somente 12 abandonos – o homem era um monstro de regularidade – será decisiva.

Sem medo de errar, mas acho que a volta de Kubica é tão ou mais emocional que o regresso de Niki Lauda às pistas após o acidente sofrido em 1976.

Quem quiser, que discorde.