A Mil por Hora
Fórmula 1

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RIO DE JANEIRO – Antes de qualquer coisa, peço perdão pelo trocadilho infame e pouco criativo que titula este post. Mas a Fórmula 1 também deveria pedir desculpas pelo GP da China, o milésimo da história da categoria. Como espetáculo, falhou clamorosamente. Dos GPs centenários que assisti a partir do 400º (Áustria, 1984) esse foi […]

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Troféu da vitória numa mão e garrafa de champagne na outra: Lewis Hamilton comemora o triunfo em Xangai no GP #1000, o mais sem graça dos GPs centenários que tive a chance de acompanhar (Foto: AFP/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Antes de qualquer coisa, peço perdão pelo trocadilho infame e pouco criativo que titula este post. Mas a Fórmula 1 também deveria pedir desculpas pelo GP da China, o milésimo da história da categoria. Como espetáculo, falhou clamorosamente. Dos GPs centenários que assisti a partir do 400º (Áustria, 1984) esse foi disparado o pior.

Porque não teve a menor graça: Lewis Hamilton largou muitíssimo bem, superando o pole position Valtteri Bottas. E não houve nada, nem ninguém, que o impedisse de chegar à 75ª vitória na carreira. Triunfou de ponta a ponta e tornou-se o primeiro piloto na história a ganhar GPs centenários duas vezes. O inglês vencera a prova #900 no Bahrein, em 2014.

Esta foi mais uma corrida em que o pole não venceu. Foi assim com Lewis na Austrália e com Charles Leclerc na etapa barenita. E agora com Bottas, que ficou mesmo em segundo, na terceira dobradinha da Mercedes-Benz nas três primeiras corridas. Quando isso aconteceu pela última vez? Vocês não queiram nem saber… foi naquele campeonato dos ‘carros de outro planeta’ da Williams Renault, em 1992.

Quer dizer: não é bom para a categoria que isso esteja acontecendo. Ainda mais num ano em que as decisões acerca do regulamento técnico para 2021 devem vir à tona e a Fórmula 1 passa por momentos não muito favoráveis no que diz respeito ao envolvimento de fábricas. Na era híbrida, são apenas quatro os construtores de momento. Uma diferença gritante com a Fórmula E – mas isso é assunto de discussão noutra hora, no momento devido.

O que precisa também ser dito é que a Ferrari novamente cometeu seus desatinos. Para privilegiar Sebastian Vettel e devolver o alemão ao pódio em 2019, os vermelhos sacanearam Charles Leclerc. O garoto de Mônaco já disparou sua munição contra as decisões que Mattia Binotto tem tomado. Desobedeceu no Bahrein e fez uma grande corrida. Em Xangai, decidiu não discutir e entregou a posição ao colega – mas é óbvio que uma situação constrangedora já na terceira corrida de um campeonato com mais 18 etapas pela frente deve ser de seu mais completo desagrado.

E por que? Porque a equipe impede que ele roube pontos da Mercedes. É um raciocínio lógico: se Vettel se mostra em princípio incapaz de bater de frente com Hamilton e Bottas, por que não deixar Leclerc fazer seu papel, correr livre e desafiar os adversários? O mais engraçado é que a gente olha pra classificação do campeonato e constata que Max Verstappen tem mais pontos que os dois pilotos da Casa de Maranello, ocupando no momento a 3ª colocação.

Verstappen chegou a rodar na volta de apresentação, mas depois lutou com a garra de sempre e chegou em quarto, em meio às duas Ferrari. O holandês é o terceiro do campeonato (Foto: Red Bull Content Pool/Reprodução Grande Prêmio)

Verstappen continua um caso à parte. Rodou sozinho na volta de apresentação (não foi o único, Kubica também) e meio que salvou o domingo. Fez uma ótima corrida e terminou em quarto. Na Red Bull, o clima era melhor que nas provas anteriores, principalmente com Pierre Gasly, que mesmo num distante 6º no resultado final, fez a melhor volta e levou o ponto extra.

O resto, como a gente costuma falar em outros posts, foi o resto. Pelo menos tivemos o prazer de ver “Risadinha” Daniel Ricciardo nos pontos, ainda que uma volta atrasado. E a ótima corrida de Alex Albon (olho nele!), que veio dos boxes para salvar o último ponto disponível. Aliás, registre-se que tivemos mais uma apresentação sofrível da Haas – o VF19 parece padecer de falta de ritmo de corrida – e da Williams, o que é lugar comum. E as patacoadas de Daniil Kvyat no início da corrida, que lhe renderam um inédito drive through. O russo acabaria por desistir.

Pois é… num chocho GP da China, com título infame de post, a Mercedes nadou de braçada e o placar do Mundial de Construtores já mostra 130 x 73 a favor dos prateados contra os vermelhos. Haverá reação da Ferrari na próxima?

É o que saberemos nas ruas de Baku, onde acontecerá dia 28 o GP do Azerbaijão. A ver…