A Mil por Hora
Fórmula 1

Festival de bocejo

RIO DE JANEIRO – Era melhor ter dormido até mais tarde. O GP da França de Fórmula 1 foi xexelento até a medula. Que corrida pavorosa, meu Deus… que coisa triste. Dá pra dizer o que? Seguimos sem manchete: a Mercedes-Benz fez mais uma dobradinha, Lewis Hamilton nada de braçada, os carros prateados ganharam pela […]

2019623165338
Dormir é para os fracos? Bem… não em se tratando da Fórmula 1 e do pavoroso GP da França

RIO DE JANEIRO – Era melhor ter dormido até mais tarde. O GP da França de Fórmula 1 foi xexelento até a medula. Que corrida pavorosa, meu Deus… que coisa triste.

Dá pra dizer o que? Seguimos sem manchete: a Mercedes-Benz fez mais uma dobradinha, Lewis Hamilton nada de braçada, os carros prateados ganharam pela oitava vez no ano. É um pé no saco, mas lembro que há 30 anos atrás a história era parecida com a McLaren, mas o torcedor brasileiro não achava ruim porque ali quem fazia parte daquilo era Ayrton Senna.

Não é mais surpresa alguma que, dentro deste atual regulamento, os alemães da estrela de três pontas seguirão dominantes. Também não é surpresa que é necessário – diria que urgente – a FIA e o grupo Liberty Media começarem a tomar medidas drásticas para que a Fórmula 1 não perca mais e mais o interesse dentro do automobilismo mundial.

O próprio público não compareceu como no ano passado ao circuito de Paul Ricard. Também pudera: ir para assistir uma procissão com enredo absolutamente previsível? Melhor ficar em casa ou procurar outro campeonato de automobilismo com mais alternativas, para poder assistir.

A verdade é que também os resultados dos treinos têm sido responsáveis por, diria eu, 90% do que acontece nas corridas. Com esses carros praticamente impossíveis de se conseguir ultrapassagens, exceto pelos artificialismos da asa móvel – e o que esses caras têm na cabeça em pôr uma porra de uma chicane no meio do retão Mistral, cazzo? – tivemos praticamente um autorama.

Na verdade, foi-se o tempo em que se lutava por ultrapassagens de verdade. Há não muito tempo atrás, as ultrapassagens se davam nos boxes. Hoje, pelo rádio, com o #mimimi básico de quem diz ‘eu estou mais rápido, mas não consigo passar’. Também pudera: o regulamento e a aerodinâmica dos monopostos da categoria máxima não permitem.

Hamilton só perderia mais essa se um meteoro caísse na França. Como isso não aconteceu, o inglês se aproxima mais e mais do recorde de 91 triunfos de Michael Schumacher. E não tem culpa nenhuma por isso. Tem o melhor carro nas mãos e sabe tirar proveito disso como vimos poucas vezes nos últimos anos.

Ainda tivemos um pinguinho de emoção quando vimos Charles Leclerc se aproximar no fim de Valtteri Bottas – tardiamente, o que foi uma pena, principalmente para o piloto monegasco e também para a Ferrari, outra vez mostrando falhas de estratégia que só possibilitaram a Sebastian Vettel tentar lutar pelo ponto extra da melhor volta. Conseguiu: na última volta, bateu o melhor tempo de Lewis Hamilton por quatro milésimos de segundo.

Dizer mais o que desta sonolenta oitava etapa do campeonato? Ah, claro: a McLaren foi o destaque pelo bom resultado nos treinos e pela 6ª posição de Carlos Sainz – o que considerando o que (não) faz Pierre Gasly no segundo carro da Red Bull, é digno de registro. E numa Fórmula 1 previsível, é o que dá pra fazer. Lando Norris teve problemas de diferencial e mostrou seu valor resistindo bravamente a Daniel Ricciardo.

E tirante isso, a Renault pontuou com os dois carros numa prova discreta e a Alfa Romeo voltou a figurar no top 10 (com Räikkönen, para variar) após algumas corridas difíceis para o construtor italiano. Tirante isso, um péssimo resultado de Gasly como já citamos e a pouca competitividade de Toro Rosso, Racing Point e principalmente da Haas por ocasião deste domingo. Quanto à Williams, a draga de sempre.

Trocando em miúdos, a vantagem de Hamilton para Valtteri Bottas já está em 36 pontos (187 a 151) – uma bela folga para quem, como ele, alcançou a quarta vitória consecutiva em 2019. A Mercedes alcançou o incrível total de 338 pontos no Mundial de Construtores. A Ferrari, de binóculos, tem 198. É preciso dizer mais alguma coisa?

A Fórmula 1 precisa se salvar. E com máxima urgência. Para o bem de todos: pilotos, equipes, público nos autódromos em casa, jornalistas e todos os envolvidos. Uma reinvenção é necessária e absolutamente premente diante de tudo o que temos visto não só em 2019 como nos últimos campeonatos.