A Mil por Hora
Fórmula 1

A parte #3 de uma velha história

RIO DE JANEIRO – O homem não sossegou o facho. Poucos dias antes de completar 39 anos, ele está de volta: Fernando Alonso Díaz foi anunciado hoje para retornar à Fórmula 1 pela Renault em 2021, no lugar de Daniel Ricciardo, fechado com a McLaren. É a terceira parte de uma velha história, que começou […]

RIO DE JANEIRO – O homem não sossegou o facho. Poucos dias antes de completar 39 anos, ele está de volta: Fernando Alonso Díaz foi anunciado hoje para retornar à Fórmula 1 pela Renault em 2021, no lugar de Daniel Ricciardo, fechado com a McLaren.

É a terceira parte de uma velha história, que começou em 2002, logo no segundo ano do piloto na categoria, quando Flavio Briatore, seu empresário de então e – devo crer – ainda amigo de Fernando, o levou para lá para ser piloto de testes com a promessa da titularidade.

O desfecho todos conhecem. A Renault emulou a Benetton dos tempos poderosos de Schumacher, Alonso ganhou dois títulos e alcançou o Olimpo do esporte.

Mas antes mesmo do bicampeonato, o asturiano já assinara com a McLaren e lá ficou por apenas um ano. Entrou em rota de colisão com um atrevido novato chamado Lewis Hamilton, pediu as contas e foi embora.

E voltou à Renault. Parte #2 de uma velha história.

Na segunda passagem pela Régie, venceu corridas mas não foi protagonista – exceto no escândalo do Singapuragate (e tenho certeza de que ele sabia de toda aquela armação – que ninguém me tente provar o contrário). Pegou a equipe até bem no primeiro ano e o construtor francês perdeu um pouco o bonde da história na transição de regulamento para 2009, momento que coincidiu com a ascensão da Red Bull e também o ano de sonho da Brawn GP.

As ambições de Alonso passavam por mais títulos e ele foi tentar na Ferrari. Ficou no “quase” três vezes. E após o pior ano dele em Maranello, voltou à McLaren – e os poucos resultados, além dos muitos problemas de relacionamento, principalmente com a Honda, mostraram que não foi uma sábia decisão.

Ausente da F1 há dois anos, Fernando fez de um tudo. Pela Toyota estreou bem este ano no Rali Dakar, foi campeão mundial do FIA WEC e venceu duas vezes as 24h de Le Mans. Tentou também a Indy 500 para se tornar o primeiro tríplice coroado do automobilismo desde Graham Hill, no ano de 1972. Andou muito rápido na estreia, não se qualificou ano passado e buscará a vaga neste ano, com um carro… da McLaren.

A volta à Renault faz parte de um engenhoso plano para ambas as partes. É sabido que a Régie vive uma situação financeira ruinosa e ter um piloto do naipe de Fernando pode trazer algum retorno. Mas o discurso que corre por aí é que os franceses não querem mais se envolver no futuro com a Fórmula 1.

Tanto que assinaram com o espanhol até 2023 – e lembro que, naquele ano, Alonso terá 42 anos e será o piloto mais velho do grid – no que parece ser um “tour” de despedida da marca do losango. Assim, a Renault sacia a vontade de um piloto que nunca saiu do radar da categoria máxima – por inciativa do próprio, registre-se – encerra seu compromisso e fim de papo.

As apostas, agora, são muitas. Uma delas é de que o difícil gênio de Alonso não só entrará em rota de colisão com Cyril Abiteboul – na minha opinião, disparado, um dos piores Team Managers da Fórmula 1 nos últimos anos – mas também com Esteban Ocon.

Ou vocês acham que ali não tem latinidad correndo nas veias?

Enfim: noutras redes sociais escrevi que ‘não sabia o que dizer’ quanto à volta de Alonso. Continuo não sabendo. A Renault não é a mesma dos dois primeiros títulos. A Fórmula 1 também mudou muito desde aquela época. E o espanhol vai pegar primeiro os carros nas regras atuais e em 2022, na nova. A ver o que será.

Leitores, agora é com vocês. Opinem sobre o retorno de Alonso e a terceira parte de sua velha história com a Renault.