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Fórmula 1

O homem que vence também em três rodas

RIO DE JANEIRO (Faltam quatro) – O GP da Grã-Bretanha deste domingo foi salvo de um tédio completo pelos acontecimentos do final que não foram sequer capazes de impedir o inevitável – o domínio da Mercedes-Benz e mais uma vitória de Lewis Hamilton – sétima dele em Silverstone, terceira da temporada e 87ª da carreira. […]

O que mais falta agora a Lewis Hamilton? Ganhar de ré? Cruzar capotando? Porque vencer em três rodas apenas ele conseguiu, num GP da Grã-Bretanha que se salvou do tédio absoluto pelos acontecimentos das últimas voltas em Silverstone

RIO DE JANEIRO (Faltam quatro) – O GP da Grã-Bretanha deste domingo foi salvo de um tédio completo pelos acontecimentos do final que não foram sequer capazes de impedir o inevitável – o domínio da Mercedes-Benz e mais uma vitória de Lewis Hamilton – sétima dele em Silverstone, terceira da temporada e 87ª da carreira.

Para igualar Schumacher, só quatro. E logo nesse ano maluco de Pandemia, de Pandemônio e sem público em muitos autódromos. Nessa toada, Luís Amílton chega ao recorde em Monza e supera em Mugello, se continuar tudo como está.

Hoje, a vitória do líder do campeonato foi com a dose de dramaticidade que inexistiu ao longo de praticamente toda a disputa em 52 voltas, no mais melancolicamente vazio dos autódromos até agora. Gozado… essa ausência de público não foi tão sentida no Red Bull Ring e em Budapeste quanto em Silverstone. Porque é uma pista com alma, porque o público britânico se espalha pelas dependências de uma das pistas mais tradicionais em festa.

Tirante os períodos iniciais de Safety Car com os acidentes de Kevin Magnussen e Daniil Kvyat, o que salvou a corrida do mais absoluto tédio e de um festival de bocejo foi a disputa por posições no pelotão intermediário, animada pelas duas McLaren, pelas Renault e por Lance Stroll com o solitário carro da Racing Point, já que Nico Hülkenberg, coitado, nem largou como substituto de Sergio Pérez – e também os furos de pneu na reta final da disputa.

As equipes resolveram brincar com a sorte. Trouxeram os pilotos para box – em sua maioria – quando Kvyat bateu na volta 12. Com os pits acontecendo na décima-terceira volta e as consequentes trocas para o composto C1, o mais duro oferecido pela Pirelli, os pneus deveriam em tese resistir aos 39 giros restantes.

O fabricante, por sinal, avisou: o máximo de durabilidade seria de 34 voltas. Resolveram ver até onde os pneus duros iriam. E aí começou a furadeira. Primeiro, Valtteri Bottas, o que imediatamente fez a Red Bull chamar Max Verstappen, que veio para macios em busca da melhor volta.

Não obstante, Carlos Sainz foi acometido pelo mesmo problema quando vinha duas posições à frente do companheiro Lando Norris e a caminho de um confortável 4º lugar. Isso foi na penúltima passagem. E na derradeira, de repente, Hamilton se viu também com um pneu furado.

O britânico se arrastou pela pista até a quadriculada e deu sorte de o problema ter se manifestado depois da Curva Copse, que era a primeira com a antiga configuração de boxes – na segunda metade do traçado para o final. É claro que Max Verstappen soube da falha e engoliu a diferença, torcendo para que Lewis perdesse o controle num momento tão inesperado quanto desesperador.

Mas o líder do campeonato manteve o controle, a cabeça fria e conquistou mais uma para o currículo: vencer em três rodas, lembrando Stefan Johansson ao chegar em 2º lugar no GP da Alemanha em 1987, Schumacher na Bélgica em 1998 e Gilles Villeneuve na Holanda em 1979. Com a diferença que os últimos dois citados não completaram aquelas corridas e o piloto da Mercedes, sim, de forma dramática, a exemplo do sueco na época da McLaren.

Com tudo isso, foi de se espantar que a Ferrari, de desempenho tétrico – principal e especialmente com Vettel – chegasse a mais um pódio fortuito de novo com Charles Leclerc, o segundo do monegasco em 2020. E Daniel Ricciardo, em corrida muito boa, conquistou o melhor resultado dele e da Renault na temporada.

De resto, pouco a acrescentar, exceto que após o GP da Hungria Stroll desapontou em ritmo de corrida as minhas expectativas, que Albon continua devendo mesmo com a troca do engenheiro e que Valtteri Bottas, fora dos pontos, vê Hamilton ainda mais distante na classificação – e Verstappen próximo: o holandês está a seis do rival.

Já Lewis nada de braçada rumo ao sétimo título da carreira. Mesmo que não termine o GP dos 70 anos da Fórmula 1, igualmente em Silverstone no próximo domingo, seguirá ainda líder da classificação – pois soma 30 pontos de vantagem para Bottas.

Hoje foi com sorte. Sorte de campeão?