A Mil por Hora
Fórmula 1

GOAT!

RIO DE JANEIRO – Dia 11 de outubro de 2020. Nada do que eu disser poderá significar tanto para a história do automobilismo e de qualquer esporte, quanto o que presenciamos nesta data. Vimos uma marca que julgávamos impossível de superar ser igualada – como outras vezes aconteceu no passado. Mas não de uma forma […]

Lewis Carl Davidson Hamilton, senhoras e senhores: 91 vitórias, igualando a histórica marca de Michael Schumacher

RIO DE JANEIRO – Dia 11 de outubro de 2020. Nada do que eu disser poderá significar tanto para a história do automobilismo e de qualquer esporte, quanto o que presenciamos nesta data.

Vimos uma marca que julgávamos impossível de superar ser igualada – como outras vezes aconteceu no passado. Mas não de uma forma tão representativa no mundo em que vivemos como o que Lewis Hamilton fez e tem feito.

E ainda fará, porque o ano não terminou.

A temporada da Fórmula 1, também não.

O inglês de 35 anos, o primeiro negro nos compêndios a alcançar um lugar de destaque na categoria máxima do automobilismo, iguala o recorde de 91 vitórias de Michael Schumacher na Alemanha que é de Schumi… mas também na do monstro (no pior de todos os sentidos) Adolf Hitler.

Que na “sua” Olimpíada em Berlim, no já distante 1936, viu Jesse Owens calar a tese da “superioridade da raça ariana sobre os negros”.

Em tempos de intolerância cada vez mais presente, de racismo estrutural histórico, de Casa-Grande e Senzala (sim, isso infelizmente ainda existe!), Lewis Carl Davidson Hamilton abala as nossas estruturas e dá uma lição nos empedernidos.

O colega Everaldo Marques usou o bordão a plenos pulmões – o mesmo que fez as e os fãs da Lady Gaga se irritarem com ele num SuperBowl da NFL quando narrava na ESPN.

“Lewis Hamilton, VOCÊ É RIDÍCULO!”

Sim, o bordão, quando bem colocado, é maravilhoso. E como é também maravilhoso ver a história reescrita. Disse e repito: por várias vezes isso aconteceu.

De Fangio a Clark, de Clark a Stewart, de Stewart a Prost, de Prost a Schumacher e, agora, de Schumacher a Hamilton.

Todos fantásticos. Uns mais, outros menos. E não nos esqueçamos de Piquet, Senna, Moss, Brabham, Lauda, Alonso, Vettel e tantos outros gigantescos, diferenciados, acima da média.

Mas Hamilton é mais. Já é o maior piloto da história da Fórmula 1.

Por isso e por tudo isso. Sei que essas palavras vão doer em muita gente – e já dito por mim no Twitter que LH se coloca à frente dos demais gigantes do esporte, começaram a acusar o golpe.

Normal: dei uma opinião. Só gostaria que fosse respeitada.

É claro que virá sempre um dizer que “ele sempre teve carros bons”. E não é bem assim. Mas é um fato: Lewis jamais guiou para uma equipe mediana. De 2007 até hoje, só defendeu duas casas. McLaren e Mercedes-Benz. Precisa de mais para mostrar o seu valor?

Então vamos aos fatos: 261 GPs (mais do que Schumacher, aliás, para alcançar o recorde), 91 vitórias, 96 pole positions, 51 recordes de volta em prova, 160 pódios – e somente 26 abandonos em toda a carreira. E seis títulos mundiais, caminhando para o sétimo.

Se estes não são atributos suficientes para que reconheçamos o valor de um piloto, então todos nós estamos errados, vamos rasgar nossos diplomas de jornalista e voltarmos todos, sem exceção, pra casa.

Não vou fazer comparações, hoje, com épocas passadas. A Fórmula 1 teve gigantes em todas elas e na atual, o gigante é Hamilton. Mais do que todos. É preciso saber reconhecer o valor de seus feitos.

Sobre o GP do Eifel, o 11º do ano, eu gostei. Foi uma boa corrida. Teve quebras, um Safety Car bem maroto, o momento histórico do triunfo de Hamilton – e vários outros destaques.

A começar pelo pódio da Renault. Muito boa a atuação de Daniel Ricciardo, que levou a marca do losango ao seu primeiro pódio no ano e o primeiro desde o GP da Malásia de 2011, quando Nick Heidfeld foi o 3º colocado naquela oportunidade.

Onde quer que esteja, tenho certeza de que a Aninha Kalil, que infelizmente nos deixou neste ano pavoroso, sorri lindamente.

Também é de se destacar o valoroso 8º posto de Nico Hülkenberg, considerando que sentou no RP20 da Racing Point sem ter completado uma única volta no único treino livre realizado, qualificou como o último no grid – mas com carro para avançar e marcar pontos. Fez o que se esperava – talvez até mais. Os fãs o elegeram o Piloto do Dia. Concordo. Merecido.

Outra sólida corrida de Pierre Gasly com a Alpha Tauri: sexto colocado, pontuando pela sétima vez em onze provas. E também registro os primeiros pontos de Romain Grosjean naquele que possivelmente é o último ano do franco-suíço na Fórmula 1: com uma estratégia que o manteve de pneus duros até o fim, o piloto chegou em nono. A Haas segue na lanterna dentre os nove times que pontuaram, mas pelo menos sai de um ponto para trés.

Aliás, as nove equipes que têm pontos em 2020 figuraram no top 10. Oito delas com um carro – a única que marcou pontos com dois pilotos foi a Racing Point, que com isso ultrapassa a McLaren e assume finalmente o 3º lugar no Mundial de Construtores – que se não fosse a esdrúxula perda de 15 pontos imposta pela FIA, após uma reclamação da Renault (já retirada, inclusive), seria dela já desde o GP da Rússia.

E para fechar este post, fiquem com essa.