A Mil por Hora
Fórmula 1

Esse jogo não pode ser um a um

RIO DE JANEIRO (Se meu time perder tem zum-zum-zum…) – Demorei a escrever sobre o GP da Emilia Romagna de Fórmula 1 aqui no blog por motivos de estreia da Fórmula Indy na TV Cultura – muitos sabem que trabalhei na transmissão e, claro, dediquei a tarde toda a preparar tudo para o evento de […]

RIO DE JANEIRO (Se meu time perder tem zum-zum-zum…) – Demorei a escrever sobre o GP da Emilia Romagna de Fórmula 1 aqui no blog por motivos de estreia da Fórmula Indy na TV Cultura – muitos sabem que trabalhei na transmissão e, claro, dediquei a tarde toda a preparar tudo para o evento de Barber. Espero, sinceramente, que tenham gostado do que assistiram.

Falo da Indy, claro. Mas poderia muito bem servir para a Fórmula 1, que teve mais uma boa corrida nesse fim de semana numa demonstração clara que o campeonato de 2021 nos reserva o duelo Hamilton versus Verstappen. Um jogo que não pode ser um a um. Quem ganha é o esporte, independentemente de quem for campeão lá na frente.

Os dois lideram o campeonato. Ambos venceram nas primeiras etapas. Lewis comanda a classificação por um ponto. A Mercedes está separada por sete dos rubrotaurinos. Se está bom assim, que continue melhor nas próximas, de preferência com mais uma ótima corrida em Portugal.

A chuva e a pista úmida ajudaram a disputa em Imola a ser imprevisível e cheia de percalços para muita gente. Verstappen, que viu seu carro quebrar durante os treinos livres e ser relegado à segunda fila do grid, fez uma de suas largadas monstruosas e partiu para dentro de Pérez e Hamilton. Em duas curvas, já era líder. Só ficou ausente do comando por duas voltas. E veio uma bandeira vermelha por conta de um enorme acidente entre Valtteri Bottas e George Russell.

Antes, na 31ª volta das 63 previstas, Hamilton errou, saiu reto na curva Tosa e, com uma marcha a ré discutível, voltou à pista. Quando o britânico perdeu sua Mercedes, logo lembrei do incidente vexaminoso em Xangai 2007, em circunstâncias semelhantes. O que ninguém até agora entendeu é que a FIA deu de ombros para a ré – se está no livro de regras que ela pode ser usada nesse caso, agradeço a quem possa me esclarecer – e pelo menos não houve ajuda externa ou qualquer tipo de ‘unsafe release’ que pudesse causar sanções ao heptacampeão do mundo.

Na relargada, Hamilton veio em busca do tempo perdido e, com asa nova – e a sorte que lhe coube por conta da porrada entre os que dividiram a equipe da estrela de três pontas em Sakhir (aliás, chamou muito a atenção o destempero de Russell, que depois escusou-se em público) – veio ganhando posições uma a uma, fez ainda a melhor volta da corrida e salvou o dia com o 2º lugar. A 100ª vitória na Fórmula 1 é questão de tempo – mas ainda faltam quatro.

Lando Norris fez uma grandíssima corrida e merecia o pódio – talvez até como 2º colocado. Como não pôde com a Mercedes de Hamilton e sua asa móvel, acabou mesmo em terceiro e subiu pela segunda vez entre os três primeiros numa corrida de Fórmula 1. A McLaren vai bem, obrigado, pontuando com os dois pilotos nas etapas iniciais.

A Ferrari também – todavia no mucho – Carlos Sainz compensou durante a disputa a má posição no grid e Leclerc conseguiu um bom quarto lugar. Os vermelhos têm tido a consistência que lhes faltou ano passado e essa consistência falta principalmente para duas equipes – Alpine e Aston Martin.

Os franceses saíram com os primeiros pontos: Alonso somou seu primeiro no regresso à categoria e Ocon, dois. Mas é muito pouco. Aliás, o espanhol chegou a levar uma volta durante a disputa e é uma pena que a situação do asturiano esteja assim. Só que Vettel consegue estar/ser pior a bordo da Aston Martin. O alemão parece perdido no tempo e no espaço. Uma pena: pelo visto o melhor Vettel se foi naquele acidente em Hockenheim há quase três anos e nunca mais voltou.

Stroll chegou em 7º lugar e somou pontos outra vez – mas no resultado final, teve de trocar com Pierre Gasly. Foi punido em cinco segundos por corte de pista. Yuki Tsunoda, que bateu no Q1 e veio do fim do pelotão, dessa vez não deixou boa impressão: foi também punido por abuso de track limits.

Räikkönen somaria os primeiros pontos dele e da Alfa em 2021. Mas ninguém entendeu porque sua penalidade foi a mais pesada: 30 segundos de acréscimo de tempo por não respeitar os procedimentos na relargada lançada quando a disputa foi retomada após a interrupção. A ausência de critérios da FIA me comove – para dizer o mínimo.

Sobre Sergio Pérez, cedo para crucificar ou julgar, mas o mexicano após o treino oficial desapontou e não passou de um modesto 11º lugar. Já MazeSpin… esse não desaponta nunca. Manteve a média de rodadas, perdendo o controle do carro durante todo o final de semana. Chegou em 17º e último – Mick Schumacher à frente, claro, mas o alemão em ritmo de corrida deu um banho no companheiro de equipe. Fez o 11º melhor tempo da disputa com 1’19″193, deixando o colega a nada menos que 1″209 de diferença.

No início de maio, a categoria volta com o GP de Portugal, no Algarve. E é uma pena – uma pena mesmo – que por conta da Pandemia um dos grandes ingredientes do espetáculo, o público – esteja privado de acompanhar in loco boas corridas como a que vimos neste domingo e esperamos ver daqui a duas semanas.