A Mil por Hora
Fórmula Indy

4X Hélio!

SÃO PAULO – Bom dia, leitoras e leitores do blog. Ainda sob efeito do que vivemos ontem, finalmente me sento à frente do notebook para poder finalmente extravasar todo o sentimento de ter feito parte da História – aquela mesma com “agá” maiúsculo e, se quiserem, em caixa alta. Porque esse 30 de maio de 2021 […]

Poker! Com a 4ª vitória na Indy 500, Hélio Castroneves atinge o status de lenda viva da maior corrida dos EUA e ainda pode superar Rick Mears, Al Unser e A.J. Foyt, a quem igualou ontem. Aos 46 anos, o brasileiro mostra que ainda tem chão e energia inesgotável para mais conquistas. Ao infinito e além!

SÃO PAULO – Bom dia, leitoras e leitores do blog. Ainda sob efeito do que vivemos ontem, finalmente me sento à frente do notebook para poder finalmente extravasar todo o sentimento de ter feito parte da História – aquela mesma com “agá” maiúsculo e, se quiserem, em caixa alta.

Porque esse 30 de maio de 2021 foi histórico em muitos sentidos.

Pelo fato de a Indy 500 ter voltado ao seu mês tradicional, por ter sido disputada com público – o maior de qualquer evento esportivo em meio ao caos e à Pandemia do Covid-19 (viram como a vacina funciona?) – e principalmente por tudo o que aconteceu no lendário oval de 2,5 milhas em 200 voltas que culminaram com o desenlace mais incrível que podia acontecer.

O feito desse moço chamado Hélio Alves de Castro Neves Júnior, assim registrado na certidão de nascimento e para sempre Hélio Castroneves na pista ou Homem-Aranha, tem que ser louvado, registrado, chorado, celebrado para todo o sempre.

Ganhar uma Indy 500 é para poucos. Ganhar uma Indy 500 após 20 anos na Penske, na estreia com a Meyer-Shank Racing, que nem de longe tem o retrospecto do antigo time do brasileiro, mas que é uma equipe de gente dedicada, apaixonada, competente e principalmente séria, não tem preço.

Como também não tem preço participar pela primeira vez de uma transmissão envolvendo um evento de tamanha magnitude e ainda por cima ser privilegiado por testemunhar o feito de uma lenda.

E daí a emoção que tomou conta desde a abertura dos trabalhos na tela da TV Cultura, que esteve represada ao longo de 99% da disputa, mas que nas últimas voltas, me desculpem, não deu para controlar.

Envelheci, cheguei aos 50 anos – 18 deles comentando corridas, completando essa ‘maioridade’ no último dia 25 – e cada vez mais fico emotivo. Mas não tem jeito: esse negócio chamado esporte a motor me pegou no contrapé ainda menino, entranhou nas minhas veias, ficou e não me larga mais. Por isso que eu não represo mais meus sentimentos. Desculpem se foi ‘over’. Mas a vitória foi daquelas de lavar a alma. Diria a personagem fictícia Odorico Paraguaçu de “O Bem-Amado” que estamos de “alma lavada e enxaguada”.

Eu, Geferson Kern, todos os que apostaram nesse projeto na TV Cultura, nós, o público em casa, mulheres e homens apaixonados pelo esporte, por gasolina, cheiro de pneu queimado, ronco de motor e, principalmente Hélio Castroneves.

Um ser humano incrível, um apaixonado pela família, que dedicou a vitória à mãe, D. Sandra, mais uma vítima deste descalabro que é o Covid-19. Sobretudo e principalmente um homem, um desportista, um monstro dentro da pista – tão querido e respeitado que vocês, no pós-corrida, antes do Victory Lane, numa celebração absurda e incrivelmente feliz, viram o quanto de gente feliz por Helinho – Jack Harvey, Will Power, Marco e Mario Andretti, Simon Pagenaud, Tim Cindric e, claro, Roger Penske.

Então, amigas e amigos, celebremos esse momento incrível, porque assistimos não só a um feito histórico, mas dois: a corrida deste domingo foi a mais rápida em média horária de sempre – 190.690 mph, pouco mais de 306 km/h.

E dá pra sonhar com a seguinte possibilidade: a partir de agora e além, enquanto sentir que é possível, Castroneves é hoje o único com reais chances de superar as lendas que ontem igualou – ninguém menos que A.J. Foyt, Rick Mears e Al Unser.

Já pensaram nessa possibilidade?

Afinal, depois do primeiro título em sua longa carreira ano passado e do tetra de ontem em Indianápolis, Hélio Castroneves definitivamente me mostrou que os sonhos não envelhecem.

Nunca.

By the way, fica o registro: mais uma vez uma conquista de um esportista brasileiro não recebe o reconhecimento devido. A Indy 500 é uma das joias da coroa do motorsport mundial. Por que a imprensa brasileira trata esse evento como se fosse uma coisa “menor”? Até quando o complexo de vira-latas? Até quando as emissoras de televisão só vão falar de futebol?

Cansa, viu…