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Automobilismo Nacional

André Ribeiro (1966-2021)

SÃO PAULO – Tristeza enorme neste fim de semana de GP de Mônaco de Fórmula 1 e definição do grid da 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Morreu neste sábado aos 55 anos apenas o antigo piloto de Fórmula Indy André Ribeiro, vencedor da histórica corrida de estreia daquela categoria no Brasil, que completou […]

SÃO PAULO – Tristeza enorme neste fim de semana de GP de Mônaco de Fórmula 1 e definição do grid da 105ª edição das 500 Milhas de Indianápolis. Morreu neste sábado aos 55 anos apenas o antigo piloto de Fórmula Indy André Ribeiro, vencedor da histórica corrida de estreia daquela categoria no Brasil, que completou inclusive 25 anos de sua realização em 2021.

André sucumbiu a um câncer no intestino, que inclusive escondeu de muitos amigos mais próximos e até mesmo de familiares.

De carreira breve no automobilismo, André Ribeiro da Cunha Pereira foi um bom kartista e chegou à Fórmula Ford brasileira em 1989. Bem articulado, simpático, apessoado e falante, tinha o patrocínio da griffe Bruno Minelli. Deixou boa impressão naquele ano que tinha, entre outros pilotos, Rubens Barrichello e também a dupla dominante da equipe carioca Texaco-Petrópolis, formada por Tom Stefani e Ricardo Mattos.

Na Europa, aportou na Fórmula Opel como piloto da equipe de Jan Lammers. Fez um ótimo 2º lugar na prova inaugural, mas o resto do campeonato em 1990 foi só de provações. E viu Barrichello campeão, David Coulthard vice e Gil de Ferran 3º colocado.

O caminho seguinte foi a Fórmula 3 inglesa, com uma temporada parcial em 1991 a bordo do Ralt RT35 Mugen Honda da Paul Stewart Racing e duas temporadas completas nos anos seguintes, na PSR e depois na Fortec, pela qual terminou o campeonato de 1993 em 5º lugar com quatro pódios e duas pole positions.

André então tomou o rumo dos EUA e foi bem mais feliz. Entrou na categoria Indy Lights, um certame de acesso então composto por modelos Lola T93/20 e motores Buick V6 com mais de 400 HP de potência. Steve Robertson, já mais experiente e conhecedor do carro desde sua estreia em 1993, teve uma campanha ligeiramente melhor.

Mas Ribeiro andou muito forte, ganhou quatro corridas em Portland, Mid-Ohio, Vancouver e Laguna Seca, além de quatro poles, três recordes de volta e um total de sete pódios. Foi vice-campeão por nove pontos somente: os abandonos em Phoenix e Long Beach cobraram a conta, já que Robertson sempre esteve entre os 12 primeiros em todas as etapas.

Steve Horne, seu patrão na Tasman, o alçou à Fórmula Indy. Com o modelo Reynard 95I Honda equipado com pneus Firestone, o novato fez boas corridas mas alcançava resultados escassos – salvaram-se um 4º lugar em Elkhart Lake e a vitória, com direito à pole position, na New England 200, no oval de New Hampshire. André ficou em 17º lugar na tabela com 38 pontos e garantiu a permanência na equipe para 1996.

Naquele ano, André venceria a Rio 400 na primeira corrida de Fórmula Indy, realizada no extinto oval do igualmente extinto – e saudoso – Autódromo do Rio de Janeiro, em Jacarepaguá, além de ganhar a Michigan 500, no Michigan International Speedway. Finalizou a temporada em 11º lugar com 76 pontos. Já o terceiro ano pela equipe seria de muitas dificuldades, pelas deficiências técnicas do chassis Lola T97/00, trocado pelo Reynard para a reta final do ano. O brasileiro salvou um pódio em Toronto e ficou em décimo-quarto na tabela com 45 pontos.

Para o ano de 1998, veio a suprema honra de um contrato de titular no Marlboro Team Penske. Contudo, era uma época complicada para a equipe do “Capitão” Roger no que se dizia respeito à parte técnica. O projeto do chassis PC27 com motor Mercedes-Benz não deu muito certo e foi um ano difícil em termos de resultados. Al Unser Jr., o colega de André Ribeiro, só fez um pódio. A temporada do piloto brasileiro resumiu-se a 13 pontos somente e um magro 27º posto na classificação final. Antes do campeonato seguinte, Roger e André chegaram a um acordo e o compromisso como piloto foi rescindido – mas as ligações entre eles, não.

Roger tornou-se sócio de André Ribeiro, que seguiu o tino comercial do “chefe” e montou uma rede de concessionárias com as bandeiras Honda, Chevrolet, Lexus e Toyota, além de ser o diretor de relações com montadoras na Group 1 Automotive. Seus laços com o automobilismo seguiram em 2002 com a realização do Renault Speed Show, onde foi parceiro do antigo colega de pistas Pedro Paulo Diniz e André cuidou também do agenciamento de carreiras da piloto Bia Figueiredo – que chegou aos EUA através dele.

Fica na lembrança a alegria do piloto no pódio no Rio de Janeiro, numa data para muitos inesquecível: 17 de março de 1996.