A Mil por Hora
Fórmula 1

Vitória na tática

RIO DE JANEIRO  – Primeiro de tudo, peço desculpas pela resenha tão tardia do GP da Espanha de Fórmula 1 aqui no blog. Mas tem sentido: não assisti à corrida inteira ao vivo porque precisava me preparar para transmitir no OneFootball (pagando bem, e em euro, que mal tem?) o confronto do Francês entre Reims […]

RIO DE JANEIRO  – Primeiro de tudo, peço desculpas pela resenha tão tardia do GP da Espanha de Fórmula 1 aqui no blog. Mas tem sentido: não assisti à corrida inteira ao vivo porque precisava me preparar para transmitir no OneFootball (pagando bem, e em euro, que mal tem?) o confronto do Francês entre Reims x Mônaco – foi minha sétima narração de futebol pelo aplicativo.

E depois, claro, almoçar e curtir minha mãe que era o dia dela. Felizmente a tenho próxima, viva e lúcida. Dia 19 é nosso aniversário. Ela completa 83 anos. Estou muito feliz em dizer que ela está com saúde e vacinada, apesar de tanta tristeza e do caos da Pandemia.

Dito isso, assisti à corrida no VT do BandSports agora à noite e posso dizer o seguinte: como espetáculo, mais uma corrida que não foi agradável. Chegou a ser chata em muitos momentos e tem sido difícil aturar o GP da Espanha no calendário. Será que só vai ser boa uma corrida na Catalunha se e quando chover?

Mas apesar disso, há o saldo positivo da 98ª vitória de Lewis Hamilton, possivelmente uma das mais trabalhadas do piloto nos últimos anos. Porque a Red Bull incomoda, Max Verstappen é um rival à altura, só que faltou aos rubrotaurinos o que sobrou na equipe da estrela de três pontas – e que aliás a equipe do holandês já teve de sobra: estratégia e tática perfeitas.

Verstappen foi agressivo de saída, assumiu a ponta, tirou o rival dono da 100ª pole da carreira de sua zona de conforto e ditou o ritmo – impedindo também que Hamilton tirasse partido da asa móvel, ativada assim que a diferença para o carro da frente é menor que 1 segundo. A Mercedes jogou com um blefe, parou depois e Lewis liderou seis giros até parar. Quando se aproximava do líder, Hamilton foi chamado a parar de novo. Àquela altura, o pneu de Verstappen tinha 18 voltas a mais. Mesmo com um jogo usado montado no Mercedes W12, a equipe sediada em Brackley sabia que tinha mais a ganhar do que perder com sua aposta.

E deu certo: controlando o desgaste dos pneus médios, em melhor estado que os de Verstappen, Lewis veio para cima e, sem sustos, fez a manobra de ultrapassagem na abertura da 61ª volta. O heptacampeão não precisou ser dominante e nem liderar todas as voltas possíveis. Ponteou nas mais importantes – principalmente no fim. E chegou ao triunfo que o deixa cada vez mais próximo da centésima conquista da carreira. Verstappen trocou para macios e veio em busca do ponto extra da melhor volta (falarei dele nos parágrafos finais) e assim tentar diminuir a diferença em relação a Lewis no Mundial de Pilotos.

Talvez o embate entre os dois seja a melhor coisa que este campeonato nos vai proporcionar. Além, claro, da briga do meio de pelotão. E hoje a Ferrari foi melhor: conseguiu a 4ª posição com Charles Leclerc, mas vejam o quanto Maranello está distante das adversárias – a diferença de Hamilton para o piloto do carro vermelho foi de 54″616 na quadriculada de uma corrida onde somente os sete primeiros terminaram na mesma volta.

Na McLaren, que segue em 3º no Mundial de Construtores, Daniel Ricciardo conseguiu subir mais alguns furos dentro do time. Fez uma corrida sólida dentro de suas possibilidades e, pela primeira vez no ano, foi superior a Lando Norris tanto em qualificação quanto em corrida. A modesta 8ª colocação do inglês o fez perder o terceiro lugar do Mundial de Pilotos para um apagado Valtteri Bottas.

A Alpine mostrou progressos e mesmo com Esteban Ocon nunca virando acima de 1’23” em ritmo de corrida, o piloto francês salvou pontos importantes na corrida. O compatriota Gasly fechou o top 10 que teve ainda Sergio Pérez num distantíssimo quinto lugar e Carlos Sainz, que sempre vem fechando o GP da Espanha nos pontos, em sétimo.

De resto, a Aston Martin segue desapontando – Vettel ainda não pontuou em 2021 e, embora siga melhor que no ano passado, a Alfa Romeo também não se aproxima do bloco das equipes mais competitivas. Na batalha do fundão, George Russell se sobressaiu com o 14º lugar e Mick Schumacher, mesmo terminando apenas em décimo-oitavo, teve seus bons momentos na disputa.

Para fechar, queria aqui deixar registrado o seguinte: com a regra do ponto extra aferido ao autor da melhor volta, a FIA simplesmente banalizou algo que deveria ser absolutamente natural. Um recorde de volta cravado com o artifício de uma parada extra para se colocar um jogo de pneus macios é de uma palhaçada sem precedentes.

Era melhor transferir esse ponto extra ao autor da pole position. Mas trata-se da FIA de Jean Todt e os “jênios” da Place de la Concorde inventam coisas das quais eles nunca demonstram ter vergonha.

Bom… a próxima etapa será daqui a duas semanas no retorno de Mônaco ao calendário. Em condições normais, a corrida tem enorme chance de ser absolutamente sacal. Mas enfim… torço pelo caos de forma positiva. Hamilton e Verstappen é que não têm como pensar nisto: os dois disparam no embate que deve pontuar o ano. O piloto da Mercedes lidera com 14 pontos de vantagem e aí que está um dos problemas para Max. O outro é que o placar aponta três vitórias para o atual campeão e uma para o holandês…