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Música

Charlie Watts, 80

RIO DE JANEIRO – Sou um homem e fui um garoto que amou – e ainda ama – os Beatles e os Rolling Stones. Dos Beatles, Paul e Ringo ainda estão aí. Dos Stones, só Brian Jones – que não conheci – tinha partido. Vi em vídeos e ouvi em discos o grupo com Mick […]

Charlie Watts (1941-2021): o discreto charme de uma lenda do rock and roll, agora alçada à eternidade

RIO DE JANEIRO – Sou um homem e fui um garoto que amou – e ainda ama – os Beatles e os Rolling Stones.

Dos Beatles, Paul e Ringo ainda estão aí. Dos Stones, só Brian Jones – que não conheci – tinha partido. Vi em vídeos e ouvi em discos o grupo com Mick Taylor, Bill Wyman e Ronnie Wood. Mas, principalmente, com Mick Jagger, Keith Richards e Charlie Watts.

Dirão que Mick e Keith são a alma dos Stones.

Discordo: a alma e o coração eram Charlie Watts.

Não era espalhafatoso atrás de seu instrumento de trabalho, a bateria. Longe de ser o gênio que foi Neil Peart, que era Ginger Baker, que foram também Mitch Mitchell, John Bonham e principalmente Keith Moon. Todos alçados ao status de lendas.

Watts era classudo, um metrônomo. Fazia tudo direito, com grande competência, no andamento certinho. Subestimado como Ringo nos Beatles. Mas simplesmente brilhante.

O homem que adorava cavalos de raça – e que nas vezes que veio ao Brasil fez questão de conhecer os Haras criadores dos animais que eram sua paixão – era o símbolo de um discreto charme que o rock and roll nunca permitiu existir.

Mas, no caso de Charlie, tudo era permitido.

Inclusive tocar de jeans e camiseta branca. De ser carismático – tive a prova disso no show do grupo em 1995 no Maracanã (sorry, boys, foi o melhor show da banda no Brasil). E ser a nova lenda do rock and roll.

Descanse em paz.

It’s only rock and roll and we like it, Charlie!