Isso aconteceu porque o KG Porsche, que liderava, teve o diferencial quebrado na curva da Ferradura. Sem tração, não havia como o simpático carro da equipe chefiada por Paulo Goulart terminar a corrida na frente da Carretera Chevrolet Corvette de Camilo Christófaro, o Lobo do Canindé e de seu parceiro Eduardo Celidônio, que vinha em 2º lugar.
Segundo o mestre Jan Balder em seu delicioso livro “Histórias do Automobilismo Brasileiro”, Anísio e Paulo não tiveram dúvidas: pediram socorro ao Élvio Ringel, que de uma maneira sui generis, empurrou o KG Porsche até a bandeira quadriculada em preto e branco.
Surgiu a discussão: quem venceu? Pode ou não pode? Como não foi uma situação irregular, a vitória da Dacon foi confirmada, naquele que foi o canto do cisne de uma das equipes mais emblemáticas do nosso automobilismo nos anos 60, pelo seguinte: corriam com um Karmann-Ghia, modelo de origem alemã e desenhado pelos estúdios italianos Ghia, que no Brasil era distribuído pela Volkswagen. E na versão de corrida, os carros tinham poderosos motores Porsche – um de 2 litros e outro de 1,6 litros – tão fortes que o chassi não resistia e diversas vezes os carros da Dacon acabaram com trincas na plataforma, só corrigidas com muita solda.
A Dacon terminou porque Paulo Goulart não tinha como manter a equipe sozinho e a Volkswagen, na época, não investia em automobilismo, esquivando-se de que o Karmann-Ghia não era um produto totalmente VW e no jogo de empurra entre as duas, KG e VW, quem saiu perdendo foi o esporte, pois a equipe saiu de cena.
Emerson Fittipaldi e seu irmão Wilson adquiriram parte dos “restos mortais” da Dacon, vencendo inclusive as 6 Horas de Interlagos ainda no mesmo ano de 1967, e o outro carro foi comprado pelos irmãos Álvaro e Aílton Varanda, do Rio de Janeiro.
Há 47 anos, direto do túnel do tempo.