A Mil por Hora
Fórmula 1

Incompreensível

MARATAÍZES – Interrompo minha folga e meu descanso aqui no Espírito Santo, numa Marataízes hoje banhada por um sol incrível, digno de verão, para discorrer sobre o que todo mundo já sabe a respeito da transmissão do treino do GP da Alemanha de Fórmula 1. Desde 1991, quando decidiu incluir os treinos oficiais no seu […]

MARATAÍZES – Interrompo minha folga e meu descanso aqui no Espírito Santo, numa Marataízes hoje banhada por um sol incrível, digno de verão, para discorrer sobre o que todo mundo já sabe a respeito da transmissão do treino do GP da Alemanha de Fórmula 1.

Desde 1991, quando decidiu incluir os treinos oficiais no seu pacote de transmissões, que só se limitavam às corridas e com a abertura praticamente em cima da hora – a exceção, sempre, foi o GP do Brasil, a Globo nunca – em tempo algum – deixou de mostrar um treino na íntegra, a menos quando aconteceram cancelamentos em razão de intempéries, como aconteceu algumas vezes. Em condições normais, jamais deixamos de acompanhar uma classificação na íntegra.

Pois bem: neste sábado, quem quiser ligar a TV para ver o treino, não vai conseguir ver tudo. A emissora programa a exibição a partir de 9h35 da manhã e eu prevejo o seguinte: compacto de 10 minutos com os melhores momentos do Q1 e do Q2 e o Q3, com início marcado para 9h48, será exibido na íntegra.

Muito bem: a justificativa da toda-poderosa é “queda de audiência”. Mas devo lembrar que tudo que está na grade da emissora é chamado de ‘produto’. E como ‘produto’, a F1 ainda é lucrativa para a Globo. As cotas – que não são poucas – são vendidas a anunciantes de peso antes da temporada começar. As de 2014 tiveram sua renovação anunciada vários meses antes do início deste campeonato que está em curso.

Saibam que, para os anunciantes, tanto fez como tanto faz. As marcas continuarão tendo sua exposição no tempo devido e mesmo com os treinos transmitidos em tempo reduzido, a Globo jamais deixará de lucrar. O prejuízo é dos telespectadores, claro. E com esta decisão, que pode parecer incompreensível, a própria emissora pode deixar de mostrar a participação de Felipe Massa em várias oportunidades. Quem garante que o piloto brasileiro estará em todos os Q3 – únicos que serão exibidos ao vivo – em todas as corridas de agora para diante?

O Flavio Gomes escreveu no blog dele que o caminho da F1 no Brasil passa pela TV a cabo (tanto que a emissora a cabo das Organizações Globo vai passar o treino do GP da Alemanha ao vivo). Não discordo. Mas é bom lembrar que a base de assinantes ainda é relativamente pequena em relação à penetração que a TV aberta tem neste país.

Contudo, o público de automobilismo é um público segmentado, como o de vários esportes. A modalidade já é tratada como um evento ‘menor’ pela grande maioria das emissoras, então uma atitude como esta não surpreende.

Mas, repito, é incompreensível. A Globo parece não querer fazer força para que nenhum outro piloto brasileiro chegue à F1 e traga de volta índices de audiência que ela há anos busca e precisa, para justificar o investimento nas transmissões, a compra de horários de satélite e os custos de produção que envolvem mandar produtores e repórteres a cada corrida na Europa e fora dela, noutros continentes.