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Direto do túnel do tempo (261)

RIO DE JANEIRO – Hoje não são raros pilotos que passaram pela Fórmula 1 e tentaram a sorte na Fórmula Indy, em especial nas 500 Milhas de Indianápolis. Mas desde o momento em que a corrida estadunidense deixou de figurar no calendário da F1 (e isso aconteceu entre 1950 e 1960), as aparições da “turma […]

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RIO DE JANEIRO – Hoje não são raros pilotos que passaram pela Fórmula 1 e tentaram a sorte na Fórmula Indy, em especial nas 500 Milhas de Indianápolis. Mas desde o momento em que a corrida estadunidense deixou de figurar no calendário da F1 (e isso aconteceu entre 1950 e 1960), as aparições da “turma de cima” se tornaram mais raras. Os ianques não menosprezavam a chegada desses pilotos e até se impressionaram quando Jim Clark e Graham Hill venceram em sequência as edições de 1965 e 1966. Até o tricampeão Jackie Stewart também esteve por lá. E outra daquelas feras dos anos 60/70 que participou da Indy 500 está aí na foto acima: o ítalo-suíço Clay Regazzoni.

Em 1977, Rega tinha 37 anos e fora demitido da Ferrari para correr na pequena Ensign, do engenheiro e ex-piloto Morris Nunn. Em paralelo à sua atuação na Fórmula 1, ele recebeu um convite para disputar as 500 Milhas daquele ano com um carro inscrito pela Theodore Racing, do milionário de Hong Kong Teddy Yip, que naquele mesmo ano ainda inscreveria outro Ensign na F-1 para o novato francês Patrick Tambay. Vários outros Rookies tentariam tomar parte da clássica prova no oval de Indiana, entre eles uma mulher – Janet Guthrie.

Após passar pelo programa de orientação aos Rookies e receber dicas valiosas do colega e amigo Mario Andretti, com quem trabalhara na Ferrari em 1971, Regazzoni tentou a qualificação para a prova no treino realizado em 15 de maio, um dia depois do Pole Day, em que Tom Sneva fez o melhor tempo com um McLaren Cosworth da equipe de Roger Penske. E acabou por sofrer um acidente plasticamente forte com o McLaren Offenhauser número #39, do qual saiu milagrosamente andando e sem ferimentos dos destroços. Pela coincidência de datas entre os últimos treinos para a corrida e o GP de Mônaco, a participação de Clay começou a sofrer sérios riscos.

O piloto viajou para a Europa e conseguiu se entender com Morris Nunn. O patrão dele na F1 foi compreensivo e chamou Jacky Ickx, que estava disponível, para guiar o carro #22 em Monte-Carlo. Ao contrário de Rega, Mario Andretti já estava com um lugar garantido entre os 33 pilotos e pôde disputar o GP de Mônaco tranquilamente. Um voo caótico enfim trouxe Clay de volta para os EUA a tempo de disputar no dia 22 de maio, uma semana antes da corrida, o Bump Day.

Nesse dia, Janet Guthrie conquistou uma histórica classificação e pela primeira vez uma mulher disputaria a Indy 500. O carro número #38, anteriormente inscrito para Bill Simpson (o nome do piloto nem foi retirado do carro) foi entregue para Clay. Ele sentou no McLaren Offenhauser e conseguiu um lugar no grid – a 29ª posição, que lhe deixou como o quinto novato entre os participantes. Um jovem estreante, de nome Rick Mears, tentou um lugar entre os 33 participantes e não conseguiu se classificar por deficiência técnica. É o mesmo Rick que venceria a corrida quatro vezes entre 1979 (não muito tempo depois) e 1991 e se consagraria o “Rei dos Ovais” nos EUA.

A única experiência de Regazzoni na Indy 500 durou menos do que ele gostaria, mas o “Camionista” deixou sua marca. Passou nada menos que dez adversários na primeira volta. Mas acabou nocauteado por um problema de motor que o tirou da disputa na 25ª volta.

Há 38 anos, direto do túnel do tempo.