A Mil por Hora
Fórmula 1

Inclassificável

RIO DE JANEIRO – Palavra de honra que não consigo encontrar uma expressão que defina o GP de Mônaco de Fórmula 1. Chato? Tedioso? Sacal? Talvez. Mas depois de tudo o que acabou acontecendo, principalmente após a terceira vitória seguida de Nico Rosberg nas ruas do Principado mais famoso do mundo, melhor adjetivar a corrida […]

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#HamiltonChateado

RIO DE JANEIRO – Palavra de honra que não consigo encontrar uma expressão que defina o GP de Mônaco de Fórmula 1. Chato? Tedioso? Sacal? Talvez. Mas depois de tudo o que acabou acontecendo, principalmente após a terceira vitória seguida de Nico Rosberg nas ruas do Principado mais famoso do mundo, melhor adjetivar a corrida como inclassificável.

Difícil de entender o que aconteceu. Uma corrida chata toda vida em mais de 60 voltas, até Max Verstappen (quem sai aos seus não degenera…) errar, bater em Romain Grosjean e provocar a entrada do Safety Car. E aí veio a cagada do ano, superando o erro de estratégia na Malásia. A Mercedes tirou de Lewis Hamilton a chance da vitória, ao mandar o britânico, líder absoluto da corrida desde a largada, entrar no box e trocar de pneus. Se foi uma parada “tática”, foi um absoluto equívoco, porque não resultou em nada. Correndo entre guard-rails e com Sebastian Vettel à sua frente, Hamilton só passaria o alemão se o atropelasse, como Verstappinho tentou fazer com Romain Grosjean.

O resultado foi que Rosberg acabou presenteado com uma vitória que ele esteve longe de conquistar pelos seus próprios méritos e à Mercedes só restou pedir “desculpas” a um putíssimo – com toda razão – Hamilton, que aliás renovou nesta semana por um valor altíssimo de salário, pelo menos umas vinte mil vezes mais o que eu ganho por mês. Podem até acusar o Lewis de chorão, de rei do “mimimi”, mas desta vez dou plena razão a ele. Foi um erro simplesmente absurdo da equipe da estrela de três pontas. O piloto tentou ser diplomático. “Ganhamos e perdemos juntos”. Mas por dentro ele deve estar se remoendo de forma absurda.

Isto posto, o alemão, que entrou para o panteão dos maiores vitoriosos de forma consecutiva em Mônaco, ao lado de Juan Manuel Fangio, Graham Hill, Alain Prost e Ayrton Senna, com três triunfos no circuito urbano, agora reduz para 10 pontos a diferença para Hamilton no campeonato. Se Bernie Ecclestone queria atrair a atenção da Fórmula 1, com o prestígio cada vez mais em baixa diante do público especializado, parabéns para a Mercedes.

Vamos falar de coisa boa, agora?

Então… tirante a palhaçada da Red Bull, que mandou inverter posições entre Daniil Kvyat e Daniel Ricciardo e o erro crasso cometido contra Hamilton, a pista de Mônaco ajudou a mostrar que os pilotos podem se sobressair mesmo com carros medianos. Sergio Pérez fez um excelente trabalho com a Force India e Felipe Nasr, que completou sua terceira corrida nos pontos – além de terminar todos os GPs disputados – também. Dentro das limitações de sua Sauber, o brasiliense faz um ótimo campeonato de estreia na Fórmula 1, justiça seja feita.

E outro gigante foi Jenson Button, que conseguiu dar à McLaren os primeiros pontos do ano com a oitava colocação. Até poderiamos ter visto os dois carros do time de Ron Dennis no top 10, o que seria muito comemorado pela equipe, mas tenho a impressão que fizeram um ebó daqueles pro Fernando Alonso. O espanhol, além de não terminar a disputa, vítima de problemas de câmbio, acabou punido por um toque com Nico Hülkenberg que, no passado, não dava nada. A FIA é tão incoerente em suas punições que Daniel Ricciardo fez coisa pior com Kimi Räikkönen e nada aconteceu. A falta de critério faz pensar no seguinte: ou ambos são punidos ou não se pune ninguém. Eu, honestamente, preferiria a segunda hipótese.

Agora é aguardar pelo GP do Canadá, quase sempre imprevisível. Espero que seja uma corrida menos inclassificável do que esta de domingo.