A Mil por Hora
24 Horas de Le Mans

Grandes fracassos de Le Mans – parte I

RIO DE JANEIRO – A história de Le Mans nos mostra poucos vencedores e, proporcionalmente, inúmeros perdedores. Alguns conseguem ter o prazer de completar as 24 Horas em sua totalidade e outros, em desempenho oposto, não chegam ao final. Mas vale a pena enfrentar a maratona e sacrificar dezenas de horas de trabalho em prol […]

RIO DE JANEIRO – A história de Le Mans nos mostra poucos vencedores e, proporcionalmente, inúmeros perdedores. Alguns conseguem ter o prazer de completar as 24 Horas em sua totalidade e outros, em desempenho oposto, não chegam ao final. Mas vale a pena enfrentar a maratona e sacrificar dezenas de horas de trabalho em prol de um objetivo importante na história do automobilismo.

Entretanto, a mesma história nos ensina que em meio a sucessos, também há fracassos. Sarthe assistiu vários no último meio século. E são esses fracassos que o blog vai lembrar a partir de agora. Várias aventuras que não deram em nada, por deficiência técnica, autoconfiança ou simplesmente incapacidade de fazer carros minimamente competitivos.

Unipower GT: alguém conhecia?

Em 1969, dois projetos britânicos não conseguiram classificação para a corrida. O carro da foto acima é o Unipower GT (não tenho a ficha técnica, quem puder ajudar, agradeço), que inclusive testou na pista três meses antes daquela disputa, mas não alcançou a qualificação com os pilotos Piers Forester/Stanley Robinson.

O arrojado Piper GTR tinha boas soluções de aerodinâmica e motor fraco: não se classificou em 1969

Já o bólido que vemos aqui agora é o Piper GTR, cujo formato aerodinâmico lembrava o de uma arraia, graças à estranha asa dianteira. O carro tinha motor Lotus “Twin Cam” 1,3 litro de quatro cilindros, pesava somente 600 kg e podia chegar a respeitáveis 260 km/h de velocidade final. Além de problemas crônicos de superaquecimento, um acidente minou as chances do bólido alinhado com o numeral #48 para os pilotos Tim Lalonde e John Burton. O Piper só voltaria a ser visto, após reconstrução minuciosa, em provas de carros históricos.

O Mazda RX-3 com dois rotores não se classificou para a prova de 1974

Este é o Mazda RX-3 #98 inscrito por Claude Buchet para disputar as 24 Horas de Le Mans em 1974. O carro teria ele mesmo e os compatriotas “Agere” e Fred Canal na pilotagem. Mas o rendimento do bólido japonês inscrito na divisão Touring foi um fracasso. O carro com motor dois rotores, que aumentavam a cilindrada para 2,3 litros, chegava a apenas 260 HP de potência, foi o mais lento do treino classificatório – com o tempo de 4’50″6, não se classificou para a disputa.

Esquisito: o protótipo Sederap não disputou a clássica prova de Sarthe em 1975

O estranho protótipo com o número #39 inscrito para a edição de 1975 é o Sederap, com motor Ford Hart quatro cilindros em linha e 1,8 litro de capacidade cúbica. O único piloto que teve a coragem de andar nesta “bomba” sobre rodas foi o francês Michel Lateste. O desempenho nos treinos foi simplesmente ridículo: 68º tempo, com a marca de 5’05″1. Não poderia participar da corrida – de jeito algum. E o Sederap nunca mais foi visto nas pistas…

Barcaça: o Chrysler Hemi Cuda #89 inscrito para as 24 Horas de Le Mans em 1975 não obteve classificação

Naquele mesmo ano, Michel Guicherd arriscou sua própria sorte ao alinhar um Chrysler Hemi Cuda com um monstruoso motor 7 litros V8. O carro teria a bordo o próprio Guicherd e os também franceses Christian Avril e Jean-Claude Geral. Ele acreditou que, após a Chrysler ganhar o Campeonato Europeu de Subida de Montanha no Grupo 1, poderia fazer o mesmo em Sarthe. Mas o carro não andou melhor do que o fraquíssimo tempo de 5’15”, 69º no treino classificatório. Óbvio, ficou de fora.

Equívoco: o Mercedes 450 SLC que falhou a classificação para a prova de 1978 tinha câmbio de três marchas apenas

Um carro do European Touring Cars Championship nas 24 Horas de Le Mans em 1978? Pois é: foi o que a AMG Motorenbau GmbH, da Alemanha, achou ser possível inscrever no Grupo 5, para viaturas com motores acima de 2 litros. E entrou na disputa com uma Mercedes-Benz 450 SLC para o folclórico Hans Heyer – o mesmo que conseguiu ser desclassificado do GP da Alemanha de Fórmula 1 no ano anterior simplesmente porque largou para aquela corrida sem ser autorizado – e Clemens Schikentamz. O carro tinha motor 4,5 litros e câmbio de apenas três marchas. Não era preparado para uma pista tão rápida e principalmente para o retão Mulsanne com seus 7 km de extensão. Como efeito, fizeram o modesto – e 59º – tempo de 4’26″1, não se classificando para a disputa.

Um Corvette falhando a classiifcação em Le Mans? Este #88 inscrito em 1980 conseguiu tal façanha

Outro grande malogro envolvendo duas tradicionais marcas do automobilismo aconteceu na edição de 1980: do Canadá, foram para Sarthe um Camaro e um Corvette para tentar a qualificação, confiando nos possantes motores 7 litros V8 dos tradicionais “Muscle Cars”. Os times “All Canadian” fracassaram fragorosamente. O #88 da foto, que teria Jacques Bienvenue/Bill Adam/Douglas Rowe ficou de fora após marcar 4’22″6 na qualificação. E o Camaro #87 de Maurice Carter/Murray Edwards/Richard Valentine também não conseguiu vaga para participar da corrida.

Amanhã, tem mais.