A Mil por Hora
Fórmula 1

24 anos jogados fora

https://www.youtube.com/watch?v=IsIxMofGj0Q RIO DE JANEIRO – O vídeo acima marcou um turning point na vida dos fãs da Fórmula 1. De acontecimento esporádico, ao sabor da ocasião – normalmente o GP do Brasil – a transmissão dos treinos oficiais da categoria máxima passou a ser obrigatória na TV aberta. Eram tempos de Senna bicampeão, de Piquet […]

https://www.youtube.com/watch?v=IsIxMofGj0Q

RIO DE JANEIRO – O vídeo acima marcou um turning point na vida dos fãs da Fórmula 1. De acontecimento esporádico, ao sabor da ocasião – normalmente o GP do Brasil – a transmissão dos treinos oficiais da categoria máxima passou a ser obrigatória na TV aberta. Eram tempos de Senna bicampeão, de Piquet e Moreno na Benetton, Gugelmin na Leyton House. Tempos de muita popularidade e bons índices de audiência.

Assim foi por 24 anos. Em corridas realizadas na história, mais de quatrocentas (427, para ser exato), até o recente GP da Itália, o último em que pelo menos o Q3 foi transmitido, já que desde o início do ano a Rede Globo resolveu mudar o foco e passar apenas a fase decisiva do treino oficial.

Aí entrou no ar o tal do “É de casa”, que assim como a própria transmissão dos treinos da F1, vem perdendo no ibope para os desenhos animados do SBT. A transmissão da definição do grid no GP de Cingapura virou um flash de poucos minutos. O GP do Japão, mesmo de madrugada, teve o mesmo tratamento. E agora, a gota d’água – nada de transmissão do treino do GP da Rússia. Só o resultado no referido programa dirigido por Boninho, conforme um release distribuído para alguns órgãos de imprensa.

Lamentável, mas nem um pouco surpreendente, diante do que temos visto nas hostes da Vênus Platinada. É cômodo apontar a falta de interesse do público porque, como sempre dizem, brasileiro só acompanha esporte – qualquer esporte – quando há vitoriosos. Basta lembrar como o interesse pelo surfe aumentou diante do título de Gabriel Medina. Mas, mesmo que seja assim, é um desrespeito enorme com os fãs de automobilismo e principalmente da F1.

A decisão aponta para uma tendência já observada por muitos colegas, especialmente o Américo Teixeira Júnior. Daqui a pouco, não haverá mais espaço para o automobilismo na TV aberta. As transmissões dos eventos ficarão mais restritas aos canais de TV fechada, com grades teoricamente mais flexíveis e também a eventos via live streaming – isso se houvesse interesse no formato.

A Globo joga 24 anos de história fora. E logo com um produto cujas cotas de patrocínio sempre foram vendidas. E não adianta nem pensar o que Renault, Santander, TIM e Petrobras pensam a respeito porque, mesmo a F1 sendo transmitida em flash ou na íntegra, suas ações comerciais são veiculadas pela emissora.

Business is business. Mas bem que podia ser diferente, em nome do público.