A Mil por Hora
Automobilismo Nacional

Vergonha…

RIO DE JANEIRO – Quatro carros da Classe A, um da Light. E assim está a Fórmula 3 Brasil na etapa deste fim de semana em Curitiba: apenas CINCO carros inscritos. O grid mínimo para uma corrida contar pontos para qualquer campeonato é seis, de acordo com o regulamento. Triste fim da única categoria nacional […]

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Matheus Iorio: fadado a se tornar, ao que tudo indica, o último campeão da única categoria nacional de monopostos do automobilismo brasileiro. Está na hora da CBA tomar alguma providência pelo bem do esporte (Foto: Marcus Cicarello/Divulgação)

RIO DE JANEIRO – Quatro carros da Classe A, um da Light. E assim está a Fórmula 3 Brasil na etapa deste fim de semana em Curitiba: apenas CINCO carros inscritos. O grid mínimo para uma corrida contar pontos para qualquer campeonato é seis, de acordo com o regulamento.

Triste fim da única categoria nacional de monopostos.

Uma vergonha: como pode um campeonato como este definhar assim a olhos vistos?

Aí o Milton Sperafico, candidato à presidência da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) diz o seguinte, em declaração que reproduzo abaixo e publicada num blog do jornal paranaense Gazeta do Povo.

“Diminuiu muito o número de jornalistas especializado em automobilismo nos últimos 20 anos. Precisamos atrair mais profissionais que se dedicam exclusivamente ao automobilismo. Só atraindo uma nova geração, conseguiremos mais espaço nos órgãos de comunicação. Precisamos de maior cobertura no dia a dia do esporte motor em todas as competições de diversas categorias.”

Pois é, Milton… eu até manifestei nas redes sociais meu entusiasmo por sua campanha à presidência da CBA. Você representa uma família de tradição no automobilismo brasileiro. Mas, meu caro Milton, a própria CBA contribui a cada momento para diminuir o entusiasmo pelo esporte.

Qual a parte da entidade na defesa de Curitiba – ainda bem que esta última, por enquanto, sobreviveu, Jacarepaguá e Brasília ?

ZERO.

Qual o incentivo para a formação de novos pilotos e novas categorias?

ZERO.

Do que a CBA entende é de emissão de carteirinhas e taxas. Ah!… e de viagens nababescas do atual presidente e seus confrades.

Debandada: Carlos Cunha Fº foi um dos que caiu fora do campeonato da F3 Brasil para migrar rumo ao automobilismo europeu, no EuroFormula Open. Os próprios pilotos também contribuem para o minguado grid da categoria (Foto: Fábio Davini/Divulgação)

É fato: o automobilismo há muito deixou de ser um esporte atrativo na mídia. Especialmente nos jornais: não há mais espaço sequer para a Fórmula 1. A própria Globo, que transmite a categoria máxima, vai colocar de novo a F1 no SporTV para transmitir ao vivo os GPs dos EUA e México – por causa do futebol, quem mais?

Ainda há fãs inveterados, mas viramos um nicho. O único esporte que tem público cativo no país – infelizmente – é o futebol. E com a monocultura esportiva, realmente há pouco interesse e menos espaço ainda para haver jornalistas especializados, meu caro Milton.

Quem temos de novo nos últimos 20 anos? Eu – posso me considerar entre os novos, porque só comecei como comentarista, de fato, em 2003 – o Fred Sabino do SporTV, o Márcio Arruda, do mesmo canal, os camaradas do Grande Prêmio Victor Martins, Bruno Vicaria, Renan do Couto, Gabriel Curty, Fernando Silva, a Evelyn Guimarães, a Juliana Tesser, o Vitor Fazio, o PH Marum; o Thiago Alves aqui do Fox Sports, o Gabriel Carvalho, o Lipe Paíga e por aí vai. Os que não foram incluídos, por favor, não se sintam ofendidos. Alguns nem merecem a citação mesmo.

Ainda por cima, perdemos o Marcus Zamponi, que com seu humor ferino e espírito crítico, ainda metia o dedo na ferida de uns e outros, mexia com egos e vaidades.

Fui um dos poucos a defender a permanência do Autódromo de Jacarepaguá. Faria tudo de novo.

Amo este esporte e fico, a cada dia, mais triste com os rumos que o automobilismo e o país vem tomando.

Não me desaponte, Milton Sperafico. Espero que tenha ideias e propostas realmente positivas e saudáveis para o esporte. Senão, veremos não só cada vez menos jornalistas interessados em trabalhar com o automobilismo e também cada dia menos jovens pilotos interessados em seguir carreira rumo ao exterior.