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Túnel do Tempo

Direto do túnel do tempo (376)

RIO DE JANEIRO (Sempre Gilles!) – Grande Prêmio da Inglaterra, circuito de Silverstone, ano de 1977. Naquela corrida disputada em 16 de julho, estreava a bordo de uma McLaren M23 – o mesmo modelo que dera a James Hunt o título mundial de Fórmula 1 na temporada anterior – um desconhecido canadense de 27 anos […]

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RIO DE JANEIRO (Sempre Gilles!) – Grande Prêmio da Inglaterra, circuito de Silverstone, ano de 1977. Naquela corrida disputada em 16 de julho, estreava a bordo de uma McLaren M23 – o mesmo modelo que dera a James Hunt o título mundial de Fórmula 1 na temporada anterior – um desconhecido canadense de 27 anos que faria história num curto espaço de tempo dentro da categoria: Gilles Villeneuve.

Desconhecido para a maioria, mas não para o próprio Hunt, que levou um baile do baixinho numa prova de Fórmula Atlantic disputada em Trois-Rivières e que serviu como aval para que Gilles estreasse num terceiro carro da equipe. John Hogan, amigo de James e diretor da Phillip Morris – leia-se Marlboro – também foi seduzido pela lábia do britânico e autorizou um reforço no orçamento para que a equipe desse ao jovem uma oportunidade.

E ele não a desperdiçou.

Por não ter experiência anterior na categoria, andou na Pré-Qualificação – já que havia 37 inscritos para 30 vagas nos treinos classificatórios – e nela foi o mais rápido, superando gente mais experiente feito Patrick Tambay, Jean-Pierre Jarier, Brett Lunger e Brian Henton. Assombrou desde que sentou no carro. Pareciam íntimos de longa data. Nas sessões de qualificação, ficou a apenas oito décimos de James Hunt e conquistou um incrível 9º lugar no grid de largada. Entre os 17 pilotos que deixou pra trás, estavam Ronnie Peterson, Jochen Mass, Alan Jones, Carlos Reutemann, Jacques Laffite, Patrick Depailler e o bicampeão mundial Emerson Fittipaldi. Sem contar Clay Regazzoni, que nem classificação obteve.

Na largada, o canadense logo pulou para a sétima colocação. E sustentou a posição durante nove voltas. Na 10ª, entrou nos boxes: o mostrador de temperatura apresentava níveis estratosféricos e Gilles preferiu buscar o auxílio da equipe a estourar um motor e deixar uma impressão péssima em sua estreia. Perdeu duas voltas – regressou à pista em 21º e penúltimo. Chegou ao final da disputa em décimo-primeiro, entre 15 pilotos que receberam classificação. Nada mal.

A McLaren perdeu uma chance de ouro de contratar o canadense, porque outro piloto que o conhecia também falou maravilhas sobre ele e pelo visto sua palavra pesou mais do que a de James Hunt junto a John Hogan e Teddy Mayer: Chris Amon, que acabou substituído por Gilles na categoria Can-Am a bordo de um Wolf-Dallara, ficou assombrado com a habilidade natural de Villeneuve e o recomendou a Daniele Audetto, diretor da Ferrari. Como este não andava às mil maravilhas com Niki Lauda, deu um jeito de substituí-lo mandando embora o mecânico de confiança de Niki, Ermanno Cuoghi.

O austríaco ficou furibiundo, pediu demissão, assinou logo com a Brabham por um caminhão de dinheiro e levou Cuoghi junto. Assim, Villeneuve foi contratado e conquistou a Ferrari, os seus tifosi e também ao coração de todos os fãs do automobilismo, no mundo inteiro, que choram até hoje a perda monumental ocorrida há 35 anos.

Para fechar, o blog traz um vídeo que o amigo Antonio Seabra recomendou vivamente – e que eu não conhecia. O canal italiano RAI apresentou um documentário espetacular sobre Gilles, narrado por ninguém menos que Alessandro Zanardi, da série “Sfide” (Desafios).

Pelo que o Antonio me falou, o programa traz ótimas entrevistas – inclusive com o Commendatore Enzo Ferrari, Luca di Montezemolo, Mauro Forghieri e mecânicos que trabalharam com ele.

Há 40 anos, direto do túnel do tempo.