A Mil por Hora
Fórmula 1

Desnecessário… deselegante… indigno…

RIO DE JANEIRO – Lewis Hamilton venceu mais uma na Fórmula 1 e encaminhou o pentacampeonato. Até aí, estamos sem manchete. Não é novidade o que o britânico vem fazendo naquela que é talvez a melhor temporada de toda a sua carreira. Mas não havia necessidade de vencer o GP da Rússia deste domingo da […]

620x349
Climão no pódio em Sóchi, com Bottas insatisfeito e Hamilton bem desconfortável após sua 70ª vitória na Fórmula 1

RIO DE JANEIRO – Lewis Hamilton venceu mais uma na Fórmula 1 e encaminhou o pentacampeonato. Até aí, estamos sem manchete. Não é novidade o que o britânico vem fazendo naquela que é talvez a melhor temporada de toda a sua carreira.

Mas não havia necessidade de vencer o GP da Rússia deste domingo da forma como se viu. Faltou jogo de cintura à Mercedes-Benz. Não foi o primeiro caso e não será o último. O jogo de equipe é um negócio institucionalizado no automobilismo há tempos. Mas da forma escancarada como foi feito, é melhor desistirmos de pensar na categoria máxima como um esporte ou então mudarmos nós, jornalistas, de profissão.

Porque desencanta e desanima ver as coisas sendo encaminhadas dessa forma. Com um teatro desnecessário do chefão Toto Wolff para as câmeras. Com a deselegante ordem de equipe para que Valtteri Bottas, pole position e que vinha à frente do líder do campeonato na pista de Sóchi, tirasse o pé. E com a indigna forma como tudo se “resolveu”.

Quando a transmissão liberou a conversa de rádio entre um engenheiro da Mercedes e o finlandês, com um sonoro ‘depois conversamos a respeito’, todo mundo viu que nunca, jamais, a equipe inverteria posições como por exemplo a McLaren mandou Senna fazer em Suzuka no ano de 1991, para deixar Gerhard Berger ganhar. É claro que a escuderia da estrela de três pontas já fez isso no passado – mas com um campeonato em jogo, pensou-se e agiu-se diferente.

E muito mal.

É possível que tenha sido por sugestão do estafe da Mercedes que Hamilton tenha tido a ‘iniciativa’ de quebrar o protocolo no pódio e chamar Bottas pra receber o troféu da vitória. A própria equipe se submete a um papelão que mancha – mais uma vez – a história da Fórmula 1, em tempos nos quais está difícil para a categoria se reencontrar com o público e conquistar uma nova fatia de torcedores.

Até porque em termos de emoção o GP da Rússia foi bem raso. Apenas a dupla da Red Bull deu algum tempero a uma corrida insossa e Max Verstappen, não sem razão, foi o melhor piloto do dia. Largou da última fila, conquistou posições no braço, liderou porque veio para a pista com os pneus macios, mas quando teve que mudar para o segundo composto, a tática não rendeu dividendos. Terminar em 5º, no fim das contas, foi lucro para ele – tanto quanto para Ricciardo ao completar em sexto.

Com a Ferrari tendo poucas chances de bater a Mercedes em condições normais, os carros prateados dominaram as ações e se houvesse palavra pelos lados germânicos, Bottas é que teria vencido e não Lewis. Mas em nome de um título que dificilmente será perdido – a diferença aumentou para 50 pontos restando cinco corridas para o término da temporada – os alemães sentaram no patê e perpetraram um espetáculo lamentável na terra de Vladimir Putin.

Enfim, há pontos positivos neste fim de semana. O sétimo lugar de Charles Leclerc é um deles. O monegasco exultou nas redes sociais. “É quase uma vitória, já que fui o melhor do resto”, escreveu. De fato, um resultado excelente com uma equipe que mostrou muitos progressos ao longo deste campeonato. Tanto que os helvéticos que carregam o tradicional nome da Alfa Romeo na carenagem e nomenclatura do time hoje chefiado por Fred Vasseur estão a apenas três pontos da Toro Rosso.

A Haas, com o 8º posto de Kevin Magnussen, reduz um pouco mais a diferença que a separa para a Renault na luta do Mundial de Construtores pelo quarto lugar – que também é o melhor do resto. Posição que, se respeitados fossem os pontos somados na antiga fase da Force India sob o comando de Vijay Malliya, deixariam os carros cor-de-rosa exatamente à frente das duas rivais. Sob o nome “Racing Point”, seguem em 7º lugar, distante de uma McLaren que nada fez em Sóchi.

Resta esperar que no próximo domingo as coisas sejam um pouco melhores e bem menos tristes do que foram hoje na Rússia.