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IMSA

Super Sebring: histórica vitória da AX Racing na Flórida; Derani entre os grandes

RIO DE JANEIRO – Vai ter textão – e muito! – sobre a 67ª edição das 12h de Sebring. E quem não quiser, que não leia. Aliás, vou fazer na abertura um registro que normalmente faço como fecho. Automobilismo não é só Fórmula 1. Saiam da casinha, assistam categorias diferentes e vejam que o mundo […]

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Fúria sobre rodas: em mais uma prova histórica da IMSA, Felipe Nasr cruzou à frente de Jordan Taylor na menor diferença aferida na história e Pipo Derani entra para a galeria dos grandes vencedores das 12h de Sebring

RIO DE JANEIRO – Vai ter textão – e muito! – sobre a 67ª edição das 12h de Sebring. E quem não quiser, que não leia. Aliás, vou fazer na abertura um registro que normalmente faço como fecho.

Automobilismo não é só Fórmula 1. Saiam da casinha, assistam categorias diferentes e vejam que o mundo não gravita somente em torno da categoria máxima. Principalmente quando os brasileiros têm sucesso – afinal, não é por causa deles que o público assiste às corridas transmitidas pelo Grupo Globo?

E hoje foi um sábado que entra para a história e fica na memória.

Porque Felipe Nasr e Pipo Derani foram soberbos, espetaculares. O primeiro, atual campeão da IMSA, fez a corrida que mostrou aos que dele duvidavam, por conta do título com uma única vitória em 2018, que o lugar dele é na linha de frente. Nasr foi frio e veloz quando preciso. E como precisou de todas essas qualidades ao longo dos seus stints de pilotagem!

Pipo já inscreveu seu nome entre os grandes de Sebring e do Endurance mundial. Desde que estreou com os Esporte-Protótipos, vem sendo constantemente elogiado. Hoje, não deixou mais dúvidas. Esta foi a quarta participação dele na prova icônica da Flórida. De quatro, ganhou três. Venceu na estreia, ganhou também em 2018 e agora, hoje. Tricampeão de uma integrante da Tríplice Coroa do Endurance.

A lista de pilotos com três ou mais vitórias nas 12h de Sebring na geral é pra lá de seleta. Inabalável, segue Tom Kristensen com seis triunfos. Depois dele, vêm outros nomes – Dindo Capello com cinco e Frank Biela junto a Allan McNish com quatro. O que era quarteto com três conquistas, virou quinteto. Derani integra o galardão junto a Hans-Joachim Stuck, Marco Werner, Mario Andretti e Olivier Gendebien.

Em muito boa companhia, não é não?

No início, foi o caos: após 40 minutos em bandeira amarela, as 12h de Sebring tiveram um cenário surrealista nas primeiras voltas, com GTs dando pau em protótipos DPi e LMP2

E foi uma edição sensacional esta de 2019 das 12h de Sebring. Uma corrida que começou aquática, com um início surreal e caótico em que carros e pilotos de Grã-Turismo conseguiam ser mais rápidos que alguns protótipos, bem mais potentes e teoricamente mais velozes. Mas a chuva, que tomou conta da pista desde o início da madrugada, foi embora. O tempo seguiu ameaçador, caíram umas gotas aqui e acolá, mas a pista secou e os tempos baixaram.

Desde o início a Action Express mostrou que era o time a ser batido. Mas havia outras escuderias de olho no troféu. A Mazda perdeu para ela mesma, com incêndio num de seus protótipos e um estranho acidente do outro. A Penske jamais conseguiu se recuperar do péssimo início no molhado. A Wayne Taylor Racing partiu para uma estratégia diferente. E se deu bem.

Tanto que o #10, que já vencera as 24h de Daytona, chegou chegando nos instantes finais e as bandeiras amarelas recolocaram o trio formado por Jordan Taylor/Renger Van der Zande/Matthieu Vaxivière de novo no jogo. O herdeiro do velho Wayne foi escalado para o ataque final contra os brasileiros e a turma do #5 da Action Express, que ensaiou brigar pela vitória – mas que só ficou mesmo no ensaio.

Com Derani e Nasr em revezamento nos últimos turnos, configurou-se o mano a mano. E em nenhum momento, mesmo diante de tamanha pressão, os brasileiros não se abalaram. Especialmente Nasr, que ficou com a responsabilidade das últimas voltas.

Aí o antigo piloto da Sauber foi simplesmente soberbo. Segurou o rojão, fez diversas voltas rápidas a bordo do Cadillac #31 e, mesmo quando pintou a última bandeira amarela, a menos de 15 minutos da quadriculada, Nasr tinha o controle da situação. E pista livre na relargada: bastava não errar e manter o foco.

Taylor veio rilhando os dentes e deu o máximo, insuficiente porém para não evitar a vitória do Cadillac DPi-V.R #31 da Whelen Engineering/AX Racing. Após 348 voltas, Felipe e Jordan protagonizaram aquela que entra para os compêndios como a chegada mais apertada de todos os tempos na luta pela vitória: apenas um segundo e trinta milésimos separaram vencedores de derrotados. E olha que o piloto do #10 ainda fez sua melhor volta no último giro!

E após o desastre inicial, foi bom ver a Penske se recuperando com pelo menos um de seus Acura DPi, fechando a prova em 4º lugar com o trio Hélio Castroneves/Ricky Taylor/Alexander Rossi, mostrando consistência ao longo da disputa.

Consistência que faltou aos dois solitários LMP2 que competiram e terminaram a prova. Só não houve briga pelo primeiro lugar da “dupla de dois” em momento nenhum, porque a Performance Tech foi superior o tempo inteiro e o carro da PR1/Mathiasen teve um longo período de parada nos pits em razão de uma falha mecânica. Assim, não foi difícil para o trio Cameron Cassels/Andrew Evans/Kyle Masson derrotar os adversários Matt McMurry/Gabriel Aubry/Anders Fjørdbach.

A Porsche riu por último: o trio Makowiecki/Pilet/Tandy deu à marca de Weissach seu 72º triunfo nas 12h de Sebring, seja na geral ou em classes que compõem as provas disputadas na Flórida

A gangorra na classificação também atingiu a classe GTLM e todos os construtores presentes tiveram seu momento de glória na disputa. A Ford pareceu mais próxima do triunfo. Mas no final, a Porsche atropelou e venceu de novo: o trio Nick Tandy/Patrick Pilet/Fred Makowiecki recuperou-se da claudicante sessão no piso molhado para levar o “Brumos” #911 a derrotar o GT EcoBoost de Joey Hand/Dirk Müller/Sébastien Bourdais. Na despedida do C7.R em Sebring, a Corvette salvou a terceira posição com os atuais campeões Antonio Garcia e Jan Magnussen, mais Mike Rockenfeller.

Para a Porsche, mais uma pra conta: a 72ª vitória da marca de Weissach, ampliando ainda mais seu recorde histórico de conquistas.

Segunda vitória seguida da Grässer na temporada 2019 da IMSA e mais um triunfo para o construtor de Sant’Agata na classe GTD

Igualmente imprevisível, animada, disputada e cheia de alternâncias, a divisão GTD marcou a dobradinha do modelo Huracán EVO da Lamborghini ao fim da corrida. A Grässer prevaleceu num final sensacional e o trio Mirko Bortolotti/Rolf Ineichen/Rik Breukers levou a marca de Sant’Agata à segunda vitória seguida na temporada. E trata-se de um time que não é concorrente regular da série…

A Magnus Racing teve ótima prova e chegou em 2º com Spencer Pumpelly/John Potter/Andy Lally, com o pódio completado pela Scuderia Corsa graças a Toni Vilander/Jeff Westphal/Cooper MacNeil. Nessa divisão, as diferentes estratégias e também as configurações do BoP – que teoricamente visa equilibrar as forças – derrubaram os brasileiros de um possível pódio. A trinca de Felipe Fraga ainda conseguiu a quinta colocação. Bia Figueiredo e parceiras cruzaram em oitavo.

Registre-se também o ótimo índice técnico: apenas três carros entre os 38 que largaram não viram a quadriculada. E no comparativo do Super Sebring entre WEC e IMSA, a categoria ianque saiu hipoteticamente em vantagem. Pelo pacote completo e principalmente pelo final cardíaco que tivemos o prazer e a alegria de presenciar ao vivo e a cores na tela do Fox Sports.

Próxima parada: Long Beach, sem LMP2 e sem GTD. Mesmo com poucos carros – deverão ser uns 19, no máximo – é um evento que promete e muito!