A Mil por Hora
Mundial de Endurance

Dobradinha Toyota nas 4h de Silverstone

RIO DE JANEIRO –  Deu a lógica nas 4h de Silverstone, corrida de abertura da temporada 2019/20 do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC): dobradinha da Toyota, favorita absoluta ao título na classe LMP1 – que vive seus últimos momentos na competição. Mas houve disputa interna e ao cabo de 129 voltas percorrendo o circuito […]

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Com emoção e disputa, sem ordem direta de equipe: os dois Toyota brigaram até o fim pela vitória e o #7 do trio López/Conway/Kobayashi venceu as 4h de Silverstone, na abertura da temporada 2019/20 do WEC

RIO DE JANEIRO –  Deu a lógica nas 4h de Silverstone, corrida de abertura da temporada 2019/20 do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC): dobradinha da Toyota, favorita absoluta ao título na classe LMP1 – que vive seus últimos momentos na competição. Mas houve disputa interna e ao cabo de 129 voltas percorrendo o circuito de 5,901 km de extensão, deu o #7 de José María López/Mike Conway/Kamui Kobayashi contra o #8 de Kazuki Nakajima/Brendon Hartley/Sébastien Buemi.

Foi uma corrida no mínimo divertida, inclusive com momentos em que a Rebellion eventualmente alcançou a liderança com seus dois protótipos – o #3 de Pipo Derani/Nathanaël Berthon/Loïc Duval foi mais feliz e chegou ao pódio, mesmo com punições que o impediram de chegar na mesma volta dos dois primeiros. O #1 de Bruno Senna/Gustavo Menezes/Norman Nato teve um incidente num de seus pit stops e uma falha na direção hidráulica perto do fim da disputa – o que os fez baixar para a 10ª posição final.

Os Ginetta do Team LNT não estiveram no mesmo ritmo, com o #6 enfrentando vários problemas, de roda solta a pneu furado, passando por um acidente com um carro da LMGTE-PRO. O #5 guiado por Charlie Robertson/Ben Hanley/Egor Orudzhev teve uma corrida mais tranquila – em tese – chegando ainda em 4º lugar na classificação final e isso porque Hanley forçou o ritmo para superar o adversário que vinha à sua frente.

Que, por sinal, era um protótipo LMP2 de um time estreante: a Cool Racing acabou até certo ponto beneficiada com a ausência do piloto bronze Alexandre Coigny, forçado a se ausentar da disputa por uma lesão sofrida na corrida de ontem do European Le Mans Series em Silverstone. Foi até divertido vê-lo, usando muletas, indo ao pódio com os reais vencedores – Nico Lapierre e Antonin Borga, que começa sua carreira no WEC com 100% de aproveitamento: uma corrida e uma vitória.

A dupla do #42 passou por um pequeno susto nos últimos momentos da corrida quando o carro foi chamado pela direção de prova a cumprir um drive through por infração no segundo período de FCY (Full Course Yellow). Mas a vantagem era sólida e o time comemorou efusivamente o triunfo em Silverstone.

A United Autosports, uma das favoritas a subir no pódio, provocou um dos dois períodos de Safety Car na disputa, logo no início. O #22 estava com Paul Di Resta a bordo, quando sofreu um insolúvel problema elétrico que afetou a pressão de combustível. Decepção total para a equipe da casa, a única da categoria a não terminar a disputa.

Não obstante, houve também a presença de uma convidada – que vira e mexe se faz presente no Reino Unido: a chuva. Corrida na Inglaterra sem chuva é o mesmo que chupar bala com papel. E o mau tempo embaralhou a disputa, molhou a pista – que depois secou, é claro, porque a pancada foi passageira. Em meio a nuvens ameaçadoras, o sol saiu e deu um novo colorido na corrida.

Ótimo pódio para a Signatech Alpine na abertura do campeonato: André Negrão inicia bem a defesa do título da LMP2 com o 2º lugar na classe junto a Thomas Laurent e Pierre Ragues

E esse colorido ajudou a Signatech Alpine: a campeã mundial da LMP2 saiu no lucro com um belo pódio e o 6º lugar geral, com a ultrapassagem de Thomas Laurent sobre Frits Van Eerd nos instantes finais. Mas para o Racing Team Nederland, restou uma certeza – eles têm carro para incomodar numa luta pelo título que promete muito.

Boa estreia também da Cetilar Racing, apesar da falta de ritmo de Roberto Lacorte em relação aos seus colegas de pilotagem. A 6ª posição não pode ser considerada de todo má, principalmente porque ficaram atrás da Jackie Chan DC Racing – que é uma equipe de muita expertise na categoria – e do Team Jota.

O mau tempo e as penalizações também definiram o panorama da LMGTE-PRO: pole position, a Ferrari 488 GTE EVO de James Calado/Alessandro Pier Guidi foi punida também por delitos no segundo periodo de Full Course Yellow. A Porsche soube salvar os pneus de seus carros num stint duplo e o #91, que trocou para quatro pneus contra dois do #92, prevaleceu.

Estreia vitoriosa da versão ’19 do Porsche 911 RSR com Richard Lietz e Gianmaria Bruni

Vitória de Richard Lietz/Gianmaria Bruni, derrotando os atuais campeões Kévin Estre/Michael Christensen. A AF Corse, além de perder o #71 por colisão com o Ginetta de Oliver Jarvis/Mike Simpson/Guy Smith, resignou-se com o 3º lugar, enquanto sobraram à Aston Martin as posições subsequentes.

Na LMGTE-AM, o festival de punições embaralhou a disputa. Poucos foram os carros que não enfrentaram alguma dificuldade ao longo das quatro horas de disputa e o mais regular chegou na frente. Em seu retorno à categoria, o veterano Emmanuel Collard ajudou ao novato Nicklas Nielsen e ao velho parceiro François Perrodo a completar a prova no topo do pódio – praticamente uma volta à frente do Aston Martin de Paul Dalla Lana/Darren Turner/Ross Gunn.

Quem teve performance espetacular no final da disputa foi o ítalo-japonês Kei Cozzolino. Numa manobra sensacional, o piloto da MR Racing deixou para trás dois adversários e depois, nos últimos minutos, tirou o doce da boca da Gulf Racing. Foi o primeiro pódio de Motoaki Ishikawa na categoria, com o carro #70 também conduzido pelo veterano Olivier Beretta.

Apesar de perder o pódio, a Gulf Racing se estabeleceu como a melhor equipe cliente da Porsche na disputa, à frente da Dempsey-Proton Racing com o #77 e do #56 do Team Project 1. Para Felipe Fraga/Jeroen Bleekemolen/Ben Keating, restou familiarizar um pouco mais com o carro que começou com uma volta de atraso por não ter feito treino de classificação e que lutou com o que tinha para pelo menos marcar pontos. Chegaram a andar em nono na divisão, mas fecharam mesmo em 10º na classe e 27º na geral.

A próxima etapa será em 6 de outubro – as 6h de Fuji, no tradicional circuito japonês que é de propriedade da Toyota.

O campeonato 2019/20 do FIA WEC começou bom. Tomara que continue assim pelas demais corridas.