A Mil por Hora
Fórmula 1

Ficou para a próxima

RIO DE JANEIRO – O GP da Rússia deste domingo tinha tudo para entrar na história da Fórmula 1 como sendo aquele em que Lewis Hamilton igualaria o recorde de Michael Schumacher que perdura há 14 anos: o britânico da Mercedes, pole position pela 96ª vez da carreira, tinha a chance de chegar às mesmas […]

RIO DE JANEIRO – O GP da Rússia deste domingo tinha tudo para entrar na história da Fórmula 1 como sendo aquele em que Lewis Hamilton igualaria o recorde de Michael Schumacher que perdura há 14 anos: o britânico da Mercedes, pole position pela 96ª vez da carreira, tinha a chance de chegar às mesmas 91 vitórias do alemão heptacampeão do mundo de pilotos.

Mas… Tem sempre um mas…

Os comissários foram lá e canetaram o líder do campeonato. E lhe aplicaram uma dupla punição de time penalty de cinco segundos cada por infrações cometidas no treino de largada assim que os boxes foram abertos para as voltas de alinhamento. E isso deixou Lewis furibundo.

É a regra, todavia. É uma filigrana? Talvez. Mas se havia um local adequado e Hamilton não fez o treino de largada nesses pontos determinados, só lamento. Ele chiou, reclamou e foi fundo na discussão. “Eles (os comissários) estão tentando me parar”, disse.

“Tenho certeza que ninguém recebeu duas punições de cinco segundos por algo tão ridículo antes. Eu não coloquei ninguém em perigo. Fiz isso milhões de vezes nos anos anteriores e nunca fui questionado”.

Perdida a chance de igualar o recorde de Schumacher em Sóchi por conta da punição, Hamilton fez o que pôde para pelo menos chegar ao pódio pela oitava vez em dez corridas neste ano. O único abalo que sua liderança sofreu é que a diferença que o separa de Valtteri Bottas caiu 11 pontos – era de cinquenta e cinco, baixou para quarenta e quatro. Nada que altere muito a cotação do dólar.

Há, contudo, uma importante informação. Os pênaltis pagos por Hamilton lhe custaram mais dois pontos na sua Superlicença. Ele tem 10 na ‘carteira’ e caso alcance 12 ainda neste ano, poderá ser suspenso e não disputar uma corrida. ((Depois, a FIA informou que retirou os dois pontos auferidos ao líder do campeonato e o total de sanções cai para oito))

As punições são as seguintes: dois pontos cumulativos do ano passado pela batida com Alex Albon no GP do Brasil (que perdem a validade no GP da Turquia, já que tais sanções têm prazo de um ano); quatro por incidentes na Áustria na abertura do atual campeonato e mais dois na Itália, pela parada de box com o pitlane fechado após o abandono de Kevin Magnussen, da Haas.

Só isso mesmo para fazer do GP da Rússia uma corrida palatável porque, como espetáculo mesmo, a 10ª etapa da temporada ficou devendo. Talvez tenha sido a pior corrida do ano todo. Valtteri Bottas aproveitou-se para vencer pela nona vez na carreira e manter a Mercedes invicta naquela pista, com 7″729 de diferença para a Red Bull de Max Verstappen após as 53 voltas previstas.

O inconformado Hamilton, que também foi informado pela FIA de que não poderá mais vestir camisetas de protesto no pódio – lembram que eu falei que aquele negócio de “We Race As One” tem que ser do jeito deles? (enfim, a hipocrisia…) – cruzou a pouco mais de 22 segundos do colega de equipe.

Sergio Pérez, mesmo já demissionário da atual Racing Point – futura Aston Martin – salvou bons pontos para a equipe que briga com a McLaren pelo 3º lugar no Mundial de Construtores. Inclusive, os papaia ficaram fora da zona de pontos pela primeira vez na temporada, com Carlos Sainz fora logo na primeira volta e Norris vítima de problemas em sua MCL34.

A Renault, que vem em ascensão no campeonato, teve mais uma boa performance pelo quarto GP consecutivo: 5º posto para Daniel Ricciardo – a despeito de uma penalização de cinco segundos por violação das regras desportivas – e sétimo para Esteban Ocon. Inclusive, o Risadinha entrou de sola na briga pelo 4º lugar no Mundial de Pilotos, ainda ocupado por Lando Norris.

Charles Leclerc conseguiu um miraculoso 6º posto com a Ferrari, em contraste tremendo com o 13º lugar de um apagado Sebastian Vettel. O alemão chegou à frente de Kimi Räikkönen, que hoje igualou as 322 largadas – segundo os compêndios – de Rubens Barrichello, antes o recordista isolado.

Para o “padrão Räikkönen” sabem o que isto significa? Pois é: nada.

E nós, que aguardemos ansiosamente o próximo dia 11 de outubro, quando o GP do Eifel, em Nürburgring, casa da Mercedes-Benz – e de Schumacher, também – pode ser o palco da 91ª vitória de LH na Fórmula 1…

Ou não!

Em tempo: lamentável o comportamento dos torcedores russos nas arquibancadas em Sóchi e demais dependências do circuito. Poucos deles com máscara e o distanciamento social foi pouquíssimo respeitado.

Pelo visto, o negacionismo e a falta de educação não são apenas privilégios do brasileiro.