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Fórmula 1

John Hogan, “Marlboro Man”

RIO DE JANEIRO – Mal o ano de 2021 se inicia e o automobilismo se despede de sua primeira figura proeminente no início da nova década. O australiano John Hogan, o “Marlboro Man”, um dos grandes visionários da Fórmula 1 e de todo o esporte a motor, morreu neste domingo vítima de Covid-19. Ele tinha […]

RIO DE JANEIRO – Mal o ano de 2021 se inicia e o automobilismo se despede de sua primeira figura proeminente no início da nova década. O australiano John Hogan, o “Marlboro Man”, um dos grandes visionários da Fórmula 1 e de todo o esporte a motor, morreu neste domingo vítima de Covid-19. Ele tinha 76 anos.

Por três décadas, Hogan foi o homem que revolucionou as estratégias de marketing e de patrocínio na categoria máxima. Com formação em empresas feito General Foods e Procter & Gamble, começou seu envolvimento no automobilismo primeiro com Gerry Birrell e depois com James Hunt, de quem seria amigo. Assim como de Ron Dennis, para quem tentou ajudar a captar apoio visando a formação da natimorta equipe Rondel de F1, em sociedade com Neil Trundle.

Em 1973, John chegou à Phillip Morris como coordenador de promoções. Foi graças a ele que Emerson Fittipaldi foi para a McLaren e o “Mundo de Marlboro” invadiu a Fórmula 1 de forma colossal. No fim do acordo do brasileiro com o time então chefiado por Teddy Mayer, Hogan usou de todos os argumentos possíveis – e impossíveis – junto a Peter Hunt, irmão de James, para que o inglês – sem equipe com a insolvência da Hesketh, que até seguiria na F1, só que com Bubbles Horsley no comando, conseguisse um carro.

O esforço foi válido e Hunt, como o mundo sabe, foi campeão em 1976 derrotando Niki Lauda em batalha que virou livro – “Corrida para a glória” e filme – “Rush – No limite da emoção”.

Anos mais tarde, Hogan desempenharia papel fundamental na salvação da McLaren, ajudando Ron Dennis, via Project Four Racing, a destronar Mayer do comando e se tornar uma das figuras de proa da categoria máxima. “Tive a sorte de conhecer pessoas que queriam vencer a todo custo no esporte e Ron Dennis era um desses conhecidos. Quando a McLaren enfrentou dificuldades financeiras, trouxemos Ron para endireitar as coisas. Planejamos fazer a equipe ser grande, outra vez, por três anos. Conduzimos as negociações com a Porsche, que fez o motor. A única exigência é que esse motor fosse leve, potente e funcional. Essa foi uma das chaves do sucesso”, admitiu John em entrevista ao ‘El Confidencial’, certa vez.

Nesse meio-tempo, o dirigente fortaleceu os laços entre Phillip Morris e Ferrari – começando com discretos apoios pessoais a Patrick Tambay e Didier Pironi em 1982, passando ao pagamento de parte dos salários de René Arnoux e Michele Alboreto a partir de 1984, aumentando exponencialmente a verba de patrocínio para o time italiano, com a mudança sacramentada para 1997, quando o time de Dennis assinou com a Reenstma e levou a West para substituir a Marlboro após 22 anos,

Hogan saiu da Phillip Morris em 2002 e seu envolvimento com a Fórmula 1 durou até o ano seguinte, quando trabalhou por um curto período como diretor da Jaguar Racing. Naquela época, a Marlboro e a companhia lideravam o mercado em 87 países, dentre um total de 122, numa análise por encomenda. Uma prova do quanto o esporte a motor foi, mais do que nunca, o “Mundo de Marlboro” e John Hogan, o “Marlboro Man”.

Tendo convivido e conhecido pessoas de características tão distintas quanto Ron Dennis, James Hunt, Bernie Ecclestone, Colin Chapman, Niki Lauda, Michael Schumacher e outros, Hogan guardou uma observação bastante interessante sobre Ayrton Senna.

“Dentro da pista, talvez o piloto mais veloz que vi na vida. Era quase impossível de ser batido numa volta classificatória. Mas fora da pista, era misterioso, enigmático. Nunca estive seguro se podia confiar nele. E houve pelo menos uma vez que o vi quebrar essa confiança.” (N, do blog: aqui, Hogan se refere ao famoso episódio do ‘acordo de não-agressividade mútua’ nas largadas, que, nas palavras do dirigente, Ayrton ignorou na largada do GP de San Marino de 1989.

E nessa mesma entrevista, John afirmou quem de todos era seu piloto favorito. “Se eu tivesse que confiar minha vida a alguém ao volante seria (Alain) Prost. Hunt – que de 1980 a 1993 foi analista das transmissões da BBC junto a Murray Walker (N. do blog) – dizia que era o maior estrategista jamais visto dentro das pistas.”