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Fórmula 1

Sem Globo: agora é definitivo

RIO DE JANEIRO – A bomba do fim da noite de quinta-feira é de proporções atômicas: a 51 dias do início do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 2021, o Grupo Globo anunciou oficialmente que não chegou a um acordo com o Liberty Media e a Formula One Management (FOM) quanto à renovação dos direitos […]

RIO DE JANEIRO – A bomba do fim da noite de quinta-feira é de proporções atômicas: a 51 dias do início do Campeonato Mundial de Fórmula 1 de 2021, o Grupo Globo anunciou oficialmente que não chegou a um acordo com o Liberty Media e a Formula One Management (FOM) quanto à renovação dos direitos de transmissão.

A emissora carioca passa por um momento financeiramente difícil e a alta do dólar diante do pífio valor do real hoje no mercado econômico trouxe uma dificuldade extra para a renovação de contratos – a Conmebol Libertadores saiu do portfólio de direitos da Globo em todas as suas plataformas. Agora é a vez da Fórmula 1 dar adeus em TV aberta – pelo visto, em caráter definitivo.

Depois da primeira desistência, anunciada em agosto por não ter condições de pagar US$ 22 milhões (R$ 120 milhões em cifras de hoje) pelos direitos televisivos, buscou-se alternativas. A TV Cultura mostrou interesse, o obscuro consórcio Rio Motorsports (o mesmo que prometeu fazer o natimorto Autódromo de Deodoro) entrou na parada e também o Grupo Disney, hoje dono de ESPN e Fox Sports, que detém os direitos na América Latina, numa possível composição com o SBT de Silvio Santos. Todas as ideias não foram para a frente.

Após tantas viradas no panorama, a Globo voltou à mesa de negociações e, após propostas e contrapropostas, veio o “não” definitivo.

Uma opção – a menos que a Rede Record tome para si a incumbência – seria a Bandeirantes. Reginaldo Leme está lá para fazer a Stock Car e certamente pode ser um nome importante para levar a Fórmula 1 à emissora paulista.

Mas há dois problemas: o curto prazo para o pagamento do contrato e dos valores altos que Liberty Media e FOM exigem, bem como cobrir custos mediante cotas de patrocínio – e com o mercado retraído por conta da Pandemia fica difícil prever se essas pendências serão de fato resolvidas.

A Band, para quem não se lembra, fez F1 uma temporada inteira: em 1980, quando a Globo abriu mão dos direitos por conta da péssima campanha da Copersucar e de Emerson Fittipaldi, além de não apostar muito num jovem chamado Nelson Piquet, as transmissões foram feitas pela dupla Galvão Bueno (então com 30 anos) e José Maria “Giu” Ferreira. Também por cessão da Globo, exibiu em 1978 as provas finais dos EUA-Leste e Canadá – só não me peçam para lembrar quem narrou/comentou porque aí já é demais. Eu tinha apenas sete anos…

Como se sabe, Piquet fez uma grande temporada em 80 conquistando o vice-campeonato, o interesse da mídia foi retomado e a Globo voltaria às transmissões em 1981, com Luciano do Valle, Reginaldo Leme e Janos Lengyel, que escrevia para o jornal de Roberto Marinho.

Pelo menos nas plataformas digitais a categoria será finalmente vista aqui: o serviço de streaming F1 TV poderá ser acessado e consumido pelo público brasileiro em 2021. Porém, não são todos os que têm disponiblidade de pagar – em moeda estrangeira – por uma assinatura.

Tomara que esse dilema logo se resolva.

É um fim triste numa história iniciada nos anos 1970, quando as corridas começaram a ser exibidas no país. A primeira transmissão foi a da Record e da TV Rio, que exibiram a estreia de Emerson Fittipaldi no GP da Inglaterra, em Brands Hatch. A Globo fez sua primeira transmissão numa prova não-oficial, com Tércio de Lima e Geraldo José de Almeida como seus primeiros narradores – o GP do Brasil disputado em 30 de março de 1972. E a primeira corrida para valer foi o GP de Mônaco, em maio.

Daí para a frente, os microfones foram ocupados por Júlio de Lamare – até a morte deste no trágico desastre aéreo da Varig em Orly, 1973, Pedro Luiz Paoliello, Luciano do Valle, Léo Batista, Galvão Bueno, Reginaldo Leme (sim, leitores, ele narrou o GP da Alemanha de 1982), J. Hawilla, Álvaro José, Carlos Valadares, Luiz Alfredo, Edson Mauro, Oliveira Andrade, Cleber Machado, Luis Roberto, Sergio Mauricio e, por fim, Everaldo Marques. Nos comentários, a Globo teve, de 1972 em diante, Antonio Carlos Scavone, “Giu” Ferreira, Celso Itiberê, Ciro José, Reginaldo Leme, Luciano Burti, Rubens Barrichello e Felipe Giaffone.