A Mil por Hora
Fórmula 1

Um retorno que só valeu pelas novidades

RIO DE JANEIRO – O GP de Mônaco voltou ao calendário da Fórmula 1 após a ausência por conta da Pandemia e considerando o que se viu nessa manhã de domingo era melhor que não tivesse retornado. A corrida foi disparada a pior da temporada 2021 e sem essa de passar pano – é claro […]

RIO DE JANEIRO – O GP de Mônaco voltou ao calendário da Fórmula 1 após a ausência por conta da Pandemia e considerando o que se viu nessa manhã de domingo era melhor que não tivesse retornado. A corrida foi disparada a pior da temporada 2021 e sem essa de passar pano – é claro que foi legal ver Max Verstappen ganhar, liderar o campeonato de pilotos pela primeira vez na carreira e a Honda ter uma equipe cliente (ou própria) a liderar entre os construtores pela primeira vez faz 30 anos.

Mas que a corrida foi ruim, ah!, isso foi.

O que poderia ter mexido um pouco com o que se viu seria Charles Leclerc largando da pole position. Mas como consequência de seu acidente a poucos minutos para o fim do treino classificatório, a Ferrari não cumpriu com o rigor exigido o tal do ‘controle de qualidade’ de peças na hora de reconstruir o carro danificado. E um cubo do eixo de transmissão foi afetado no impacto do bólido vermelho com as barreiras de proteção. Uma vez que passaram batido por esse cubo, deu ruim: Leclerc nem largou e ficou chupando dedo. Possivelmente, a Ferrari perdeu a chance mais cristalina de se reabilitar na categoria desde 2019.

Verstappen não tinha nada a ver com isso. Agradeceu a deferência de partir sozinho na primeira fila, fez a defesa correta do ataque de Valtteri Bottas ao apagar das luzes, chegou à Ste. Dévote na ponta e de lá, foi assim até a quadriculada de sua 12ª vitória. Poderia ter sido diferente? Talvez, não fosse a agonia da porca da roda dianteira direita que não saía – e não saiu até agora, incrível! – do carro do finlandês.

Sem oposição alguma, Max alcançou a segunda vitória em 2021 e chegou a 105 pontos. Lewis Hamilton, mal colocado no grid, teve seu pior resultado desde há quase dois anos – no GP do Brasil, foi sétimo após uma punição – e viu sua estratégia ir para o vinagre quando a Mercedes o chamou primeiro para um ‘undercut’, que deu muito errado.

Furibundo, o heptacampeão cuspia marimbondos pelo rádio, reclamando de ter sido superado na parada de box não só por Pierre Gasly mas também e principalmente por Sebastian Vettel, que antes da troca estava atrás dele. Lewis ficou no zero a zero: largou e chegou em sétimo. Só reduziu a diferença para quatro pontos porque no final trocou pneus e fez a melhor volta.

Menos mal que, mesmo tendo sido uma corrida sonífera, Verstappen teve a companhia de Carlos Sainz Jr., que iguala assim o melhor resultado da carreira na Fórmula 1 (no primeiro pódio como piloto Ferrari, registre-se) e Lando Norris deu a si o terceiro pódio como piloto McLaren e o segundo neste ano. Com Bottas zerado, “Orlandinho” alcançou de novo o 3ºposto no Mundial. Deu sorte o livery Gulf…

Também é preciso elogiar que a Aston Martin finalmente teve seus dois carros nos pontos – Stroll foi oitavo largando de duros e permanecendo 59 voltas na pista monegasca vindo de 13º, para a única troca – e Vettel conseguiu um resultado capaz de lhe recobrar a confiança perdida há algum tempo. Não é possível que um piloto de seu calibre tenha desaprendido e o 5º lugar em Monte-Carlo parece mostrar que há um alento no horizonte.

O que ainda há é uma diferença de performance que precisa rapidamente diminuir em relação a outras concorrentes, principalmente McLaren e Ferrari. Mas em Mônaco, pelo menos, os verdes têm o que comemorar: somaram só neste domingo quase três vezes mais pontos que nas etapas passadas.

Gasly teve também outra ótima atuação com a Alpha Tauri chegando em sexto e outros destaques do fim de semana foram Esteban Ocon e Antonio Giovinazzi sistematicamente superiores e melhores que os antigos campeões Fernando Alonso e Kimi Räikkönen. Enquanto o italiano chegou ao primeiro ponto do ano – e por conseguinte, da Alfa Romeo, Ocon termina no top 10 pelo quarto GP seguido.

Kimi foi 11º colocado, batendo na trave. Alonso foi 13º após uma classificação ruim. Numa Fórmula 1 onde há poucas quebras e numa corrida sem incidente algum ou entradas de Safety Car, raridade em Mônaco – só Bottas se retirou por conta da porca presa até agora – nem o espanhol e nem o finlandês puderam fazer muito. Tampouco Daniel Ricciardo, em outro fim de semana infeliz.

Espera-se que pelo menos o GP do Azerbaijão, daqui a duas semanas, seja ligeiramente melhor e mais agitado. E pelo menos a Fórmula 1 chega a uma corrida respirando ares novos. A Red Bull volta a comandar um campeonato. Não importa se por um ponto apenas. Mas a Mercedes tem concorrência. E muita.