Na rota do dinheiro sujo
RIO DE JANEIRO – Lembram de Scott Tucker, piloto da American Le Mans Series que foi preso em 2016 junto ao advogado Timothy Muir?
Pois é: a justiça dos EUA, que o tornou réu por 14 acusações, o condenou a cumprir sentença na prisão, desde janeiro último. Condenado a 16 anos e oito meses, o empresário e ex-piloto sairá da prisão em, no máximo, 2032 – por já ter sido preso há dois anos.
Tucker, hoje com 55 anos de idade, utilizou-se de um meio considerado “predatório” para ficar rico. Muito rico.
Através de uma empresa ilegal – a CLK Management – que fornecia empréstimos consignados online, ele ludibriava clientes e conseguia, com os juros cobrados, valores altíssimos. As pessoas ficavam endividadas, era uma bola de neve. E Tucker fez fortuna assim. Calcula-se que tenha lucrado em torno de 1,3 bilhão de dólares, o que explica o fato de, da noite para o dia, ele ter surgido com sua equipe – a Level 5 Motorsports – e obtido relativo sucesso no automobilismo, com participações inclusive nas 24h de Le Mans – três vezes, de 2011 a 2013, afora outra a bordo de um Audi da Kolles, em 2010.
O ex-piloto e ex-empresário achou que era esperto. Driblou também a justiça fazendo acordos com tribos nativas do estado de Oklahoma, que emprestaram seu prestígio e o fato de não poderem ser pegas pela esfera estadual – pois têm imunidade soberana – para poder manter suas empresas de fachada cobrando juros escorchantes dos clientes, estimados em quatro milhões de pessoas. Muitas delas, desesperadas porque achavam que seus empréstimos estavam quitados – mas não estavam – simplesmente se recusavam a aceitar os ‘termos do contrato’ e lutaram com as armas que puderam na justiça federal.
Apesar de conseguir manter o esquema ativo por mais algum tempo, Scott teve uma perda inestimável: seu irmão Blaine, então com 48 anos, suicidou-se em 2014 diante das pressões e das ameaças de que as empresas de fachada da família pudessem cair na malha judicial estadunidense.
Depois de tudo, finalmente o Sistema Federal pegou Tucker e seu advogado pelo contrapé. Por violar estatutos e pelos empréstimos ilegais a juros abusivos, ele teve seus bens arrestados, inclusive seus carros de corrida. A família – incluindo a esposa – não pode ter cartões de débito e/ou crédito.
Muir também recebeu uma pena – menor que a de seu cliente. Acabou condenado a sete anos. Sai da prisão em 2021.
A vida de Tucker está definitivamente arruinada e, creiam, não é o primeiro – e nem o único – empresário que usa o automobilismo para lavagem de dinheiro. Se vários países, inclusive o Brasil, fizessem sua parte, garanto que muita gente estaria atrás das grades.
Em tempo: os ‘negócios’ de Scott Tucker estão na ótima série “Na rota do dinheiro sujo”, documentário original do Netflix. Vale a pena dar uma conferida.
O primeiro episódio, a propósito, fala sobre a fraude do diesel da Volkswagen. É uma pena que não se aprofunde no que aquilo impactou a presença do VAG no motorsport, incluindo o fim da equipe de Rali e a debandada de Audi e Porsche do WEC.
Aqui no Brasil. . .melhor deixar prá lá. . ,
Só uma perguntinha básica:
O que é que tem que ver laboratórios farmacêuticos de medicamentos genéricos com corrida de automóveis?
#falaséééério! (Marrentinho, do genial Bussunda).
Ze Maria…pensei na mesma coisa..
Aquele que se dizia machu.. quis encarar a justiça, até o Juiz mandar calar boca..ele acatou..o mala das drogas de Campinas..
Mas…a grana comprou algum funcionário da Justiça, que sentou no processo ou foi arquivado..mas olhe..engana se aos homens..pois o pagto final da verdade vem ainda em vida..Pode esperar..que o final da Grand Familia esta escrito…
Nada..que a justiça não se aplica..pode esperar..que a familia vai sentir o peso da mentira e a cafagestagem..Aguarde..
PS: Boa lembrança a sua..valeu
Que bom que vai ficar mofando atrás das grades. Infelizmente aqui no Brasil a justiça não é tão eficaz.
Vejo nos comentários como é fácil fazer acusações e levantar suspeitas quando não se conhece os assuntos. Tem gente que não sabe a diferença entre “esquentar (lavar) e esfriar” dinheiro, mas vem de dedo em riste.
Os laboratórios enfrentam uma legislação rigorosa de publicidade e não podem anunciar vários de seus produtos e a maioria deles na maior parte dos horários na mpidia habitual. Além de tudo, a base desse negócio é relacionamento, seja através de seus representantes que visitam profissionais de saúde, como com distribuidoras e grandes redes de farmácias.
Cientes disso, há cerca de duas dpecadas, a Medley, então controlada por dois pilotos, decidiu usar a força do marketing esportivo para, além de competirem, fazerem valer os investimentos feitos no automobilismo. Deu MUITO certo. Grandes camarotes recebiam clientes do laboratório nas regiões onde aconteciam as corridas e a Medley se destacou no acirrado mercado, aumentando participação nesse, repito, mercado super competitivo.
A tendência foi seus concorrentes fazerem o mesmo, até hoje, dentro de seus planejamentos de marketing.
Para finalizar, dinheiro que precisa ser lavado é dinheiro sem origem lícita, contrabando, tráfico, prostituição, jogos ilegais. Não me parece ser o caso de grandes laboratórios.
Alan boa tarde.
Respeitando suas colocações mas. . .
Porque será que empresas diretamente ligadas ao mercado de automóveis, sejam elas fabricantes, fornecedoras de autopeças, revendedores, o escambau a 4, não tem uma participação mais ativa?
Lembro que, na época das Fórmulas Vê/Super Vê, os patrocínios eram da Marcas Famosas, Diauto, Govesa e por aí vai.
No começo da Stock, era Itacolomy, Ceras Grand Prix, etc.
De repente, automobilismo virou monopólio dos laboratórios, simples assim.
Com relação à Medley dos irmãos Negrão, melhor nem entrarmos nesse assunto, porquanto deveras polêmico e espinhoso, se por conta do Guto não se pode dizer um “ai”, o Xandy é totalmente o oposto, tendo inclusive sido intimado a comparecer à Brasília e depor em uma CPI. . .melhor não alongar, deixa prá lá.
Isso inclusive é de domínio público, não se trata de nenhuma “viagem” de minha parte, ok!
Abraço.
Zé Maria
Assisti esse episódio e vários outros…Esse Scott Tucker é mais um cara-de-pau oportunista que enriqueceu às custas do suór e do desespero de famílias trabalhadoras. A única questão é que ele escolheu o país errado para aplicar seus golpes…Aí eu pergunto: E se fosse aqui no Brasil?
Lendo os comentários dos outros leitores lembrei-me do caso Coroa-Brastel.
Afinal: as pessoas enganadas foram ressarcidas?