Jean-Pierre Jaussaud (1937-2021)

Em foto de 2010, Jean-Pierre Jaussaud (1937-2021) posa ao lado do carro que dividiu com Jean Rondeau para vencer a edição de 1980 das 24h de Le Mans

RIO DE JANEIRO – A exatos 30 dias da largada da 89ª edição das 24h de Le Mans, despedimo-nos de um dos grandes nomes da história da lendária prova francesa. Morreu nesta quinta aos 84 anos o francês Jean-Pierre “Papy” Jaussaud, que por duas vezes esteve no alto do pódio no maior evento de Endurance do mundo.

Nascido em Caen no dia 3 de junho de 1937, J-P. Jaussaud formou-se nas escolas de pilotagem de Jim Russell e na Winfield, sediada em Magny-Cours, antes de iniciar tardiamente, aos 27 anos, sua carreira como piloto de competição. Começou na Fórmula 3 com o apoio da Shell, que tinha um programa de incentivo no automobilismo de seu país, passou à Matra em 1966 e finalmente foi campeão em 1970, aos 33 anos, com um modelo Tecno.

No ano seguinte, competiu na Fórmula 2 com um modelo March 712 e, posteriormente, passou ao Brabham BT38 – com um desses chassis, disputou o II Torneio Brasileiro de F2 em Interlagos e, com três vitórias, foi o vice-campeão europeu, atrás apenas de Mike “The Bike” Hailwood.

Antes, porém, já estreara nas 24h de Le Mans pela Matra com os modelos MS620 e MS630, equipados com motor BRM. O primeiro pódio veio em 1973 – 3º colocado com a MS670B dividida com Jean-Pierre Jabouille. Dois anos mais tarde, outro terceiro posto na partilha com Vern Schuppan num Gulf Mirage de motor Cosworth igual ao dos vencedores Jacky Ickx e Derek Bell.

A partir de 1976, praticamente tornou-se um recruta de Jean Rondeau – com exceção feita aos anos em que a equipe Renault o requisitou e também o ano da experiência com o modelo Mirage G10. Em 1978, aos 41 anos, venceu enfim as 24h de Le Mans com Didier Pironi no Alpine A442B Turbo. Foi a senha para a Régie investir por completo na Fórmula 1.

Dois anos mais tarde, com o amigo Rondeau, dividiu o volante do protótipo M379C numa prova onde a dupla nem de longe era favorita. Eles não tinham o carro mais rápido, mas em condições extremas, pois choveu bastante, a dupla andou bem e faturou a corrida.

Após isto, Jaussaud só colecionou desapontamentos nas 24h de Le Mans. Três abandonos seguidos – e o último, em 1983, na dupla com Philip´pe Streiff, foi o mais prematuro de todos: apenas 12 voltas.

Noutras modalidades, ganhou provas de Turismo em 1979 com um Triumph Dolomite, disputou o Rally Paris-Dakar e encerrou a carreira como piloto aos 55 anos, em 1992, quando passou ao posto de instrutor de pilotagem.

Jaussaud é mais um que recebe a bandeira quadriculada da vida e entra para sempre na história do esporte a motor, mesmo nunca tendo oficialmente participado de uma corrida sequer de Fórmula 1: a única prova de que tomou parte nem foi com um carro da categoria máxima e sim com o McLaren M18 Chevrolet de F5000 em 1971, no Troféu Internacional em Silverstone, terminando a corrida em 8º lugar na soma de duas baterias.

#RIP, Godspeed.

Comentários

  • Difícil dizer qual das vitórias foi mais emblemática do Jaussaud, se a vitória dentro da França com Renault-Alpine ou a façanha com Rondeau em cima da Porsche em 1980, por ironia estava assistindo os reviews sobre as provas disputadas entre 1960-1980 a pouco tempo atrás.