Eric Broadley (1928-2017)

84ac9885d774b0b908a2247378e06e86
Com Graham Hill em 1966, quando o britânico venceu as 500 Milhas de Indianápolis com uma de suas criações: Eric Broadley (1928-2017) fez carros de corrida para praticamente todas as categorias do esporte a motor, dando oportunidade a engenheiros que se consagrariam futuramente. A importância deste homem no automobilismo é imensurável (Foto: Site Autosport/Reprodução)

RIO DE JANEIRO – Morreu ontem aos 88 anos o fundador da Lola e um dos maiores designers de carros de competição de todos os tempos: o britânico Eric Broadley entra para a história, apesar do fim triste da marca como a conhecemos e de alguns fragorosos fracassos em sua trajetória.

A Lola Cars começou em 1958 e se notabilizou por algumas joias do automobilismo mundial.

Como não lembrar da Lola T70, que inclusive correu aqui no Brasil nas mãos dos irmãos De Paoli, de Norman Casari, Jan Balder, Wilsinho Fittipaldi e Antônio Carlos Avallone? Dos furiosos modelos de Fórmula 5000 que invadiram Europa e EUA nos anos 70? De seus protótipos Can-Am, um deles servindo inclusive de base para o Avallone Divisão 4 aqui no Brasil?

Pois é… foram dezenas, quase centenas de criações e a Fórmula 1 também viu o desfile dos chassis Lola, que começou em 1962 com direito a pole position de John Surtees no GP da Holanda – em sua corrida de estreia, passando pelo projeto do RA300 da Honda, apelidado de “Hondola” e pelos carros alinhados pela Embassy-Hill nos anos 1970 e depois pela Larrousse nas décadas seguintes. E não esqueçamos do sucesso que a Lola teve em Indianápolis, na Fórmula Indy e também na Fórmula 3000 Internacional.

Mas não podemos deixar de falar também dos projetos que fracassaram e infelizmente contribuíram para a derrocada da marca. O Lola T93/30 que disputou a temporada de 1993 na F1 com a equipe BMS Scuderia Italia foi um autêntico cheque sem fundo. Após uma tentativa fracassada de retorno, com um carro que foi testado e nunca saiu disso, veio o T97/30 que tentou se classificar no GP da Austrália de 1997 com Vincenzo Sospiri e Ricardo Rosset – e mostrou ser um desastre completo. A equipe fechou as portas por falta de fundos, Broadley nunca mais tentou a categoria máxima e a Lola começou a experimentar sinais de decadência.

A marca foi salva da insolvência total por um apaixonado pelos projetos de Eric Broadley: Martin Birrane manteve a Lola viva por muito mais tempo do que se imaginava e a troca dos monopostos pelos Esporte-Protótipos LMP1 e LMP2 ajudou na salvaguarda da empresa por alguns bons anos. Depois de muitos projetos interessantes feito o MG EX257 (Lola B01/60), sem contar os carros que viriam depois, a Lola acabou por sucumbir mesmo após uma nova tentativa de ressuscitação em uma joint-venture com a Multimatic – que nunca saiu do papel.

Outro mérito de Eric Broadley foi dar chance a dezenas de engenheiros que se tornaram depois projetistas consagrados.

Querem saber os nomes deles?

Então lá vai: Tony Southgate, John Barnard, Patrick Head, Bob Marston, Julian Sole, Ralph Bellamy, Mark Williams e Ben Bowlby são alguns deles.

Com a partida de Broadley, se vai um grande pedaço da história do automobilismo junto. Mas fica o legado de um homem visionário e dedicado, que merece de nós o mesmo respeito com que reverenciamos Colin Chapman, Ron Dennis, Ken Tyrrell, Frank Williams, Jack Brabham e Bruce McLaren.

A devoção de Eric ao esporte que tanto amamos não teve limite. E sua importância para o automobilismo é igualmente imensurável.

Comentários

  • Não sabia, que pena… Projetista genial, do tempo das pranchetas, muito antes dos softwares de CAD-CAM, 3D e que tais…
    Prá mim, bastava ter feito a Lola T70, o carro de corrida mais bonito que vi na vida. Mas fez muito mais.
    R.I.P.

  • – Muito tradição e muito trabalho. Os tempos da CART foram bons e inesquecíveis contrastando com o mico que foi o Lola T97/30 na F1.
    http://rodrigomattar.grandepremio.uol.com.br/2014/08/as-10-maiores-cadeiras-eletricas-da-formula-1-na-votacao-dos-leitores/

    E como o assunto é USA/JAPAN, há de se lembrar da façanha de Aguri Suzuki com a já decadente Larrousse com o 6º lugar em Phoenix/1991, salvo engano, a última temporada que um chassi Lola pontuou na F1.

    • A Lola foi responsável, também, pelo único pódio de um carro com motor Lamborghini na F-1: 0 terceiro lugar no GP do Japão de 1990 com o piloto Aguri Suzuki.

      Pessoas como Eric Broadley foram (são) a essência de um automobilismo que valia a pena participar, ou simplesmente assistir.

      Os anjos têm agora, com absoluta certeza, uma ajuda a mais para voar mais rápido.

  • Uma pena. Não conhecia esse senhor. Verdadeira aula de História. A foto dele com, o que para mim, é o maior piloto que o mundo já viu, G. Hill, é fantástica. Parabéns Rodrigo.

  • Vale lembrar que a vitoria do André Ribeiro no Rio foi a bordo de um Lola! E o titulo do Cristiano da Matta na CART tb foi com Lola!

    E foi a Lola que construia os famosos Nissan GTP nos tempos de ouro da IMSA , quando a Nissan venceu vários campeonatos com o Geof Brabham.

  • Faltou apenas uma entre os F1 sua lista, Rodrigo:
    A Beatrice-Lola equipada com o Ford Turbo era uma máquina maravilhosa, que não teve tempo de fazer o sucesso que merecia pela perda inesperada do patrocínio.
    Abraço do amigo Zé Maria

  • Um outro projeto executado pela Lola foi a construção dos Ford GT, suas portas que avançavam na capota eram do Lola GT. Aqui no Brasil a T- 210 foi destaque na primeira Copa Brasil em Interlagos , vencida por Emerson Fittipaldi, batendo a irmã mais potente T-70. A vitória mais conhecida da
    T-70 foi nas 24 Horas de Daytona em 1969 pilotada por Roger Penske e Mark Donohue, a Sunoco Lola-Chevrolet T-70

  • O primeiro Honda de F1 com motor 1.500 cc V12 transversal teve seu chassis construido pela Lola Cars, No filme Grand Prix esse carro foi o campeão mundial.

  • O piloto carioca radicado na Inglaterra Thomas Erdos venceu a LMP2 duas vezes nas 24 Horas de Le Mans, a segunda foi com o MG Lola turbo!

  • Triste fim o da Lola como fabricante de chassis. Aliás, outro nome que também desapareceu no início da década passada foi a Reynard, que também teve épocas memoráveis na F-Indy original (CART). o que será que o Adrian Reynard anda fazendo ultimamente? Acho que dos grades fabricantes de chassis, sobrou mesmo só a Dallara…