A Mil por Hora
Fórmula 1

Saudosas pequenas – Arrows, parte VIII

RIO DE JANEIRO – A parceria entre Footwoork e Arrows traria mudanças profundas na equipe a partir de 1991. Wataru Ohashi subscreveu Jackie Oliver, ficou majoritário e pôs o nome de sua organização nos carros que anteriormente se chamavam Arrows. Não obstante, o japonês conseguiu que a Porsche construísse um motor aspirado para a Fórmula 1. […]

RIO DE JANEIRO – A parceria entre Footwoork e Arrows traria mudanças profundas na equipe a partir de 1991. Wataru Ohashi subscreveu Jackie Oliver, ficou majoritário e pôs o nome de sua organização nos carros que anteriormente se chamavam Arrows. Não obstante, o japonês conseguiu que a Porsche construísse um motor aspirado para a Fórmula 1.

Concebido em 12 cilindros em V com um ângulo de 80º nas bancadas, o propulsor, que recebeu a sigla 3512, ficou pronto ainda em 1990 e foi testado num chassi antigo da Arrows antes que o novo modelo – projeto de Alan Jenkins, antigo engenheiro de pista de John Watson na McLaren e responsável pelo Onyx que correu entre 1989 e 1990 – ficasse pronto. De saída, os alemães vacilaram num detalhe fundamental: o peso do motor. Com nada menos que 200 kg, a unidade germânica era a mais pesada da categoria, num tremendo contraste com os outros propulsores V-12 da época, construídos por Ferrari, Honda e até Lamborghini.

Em vista do FA12 precisar ser redesenhado para acomodar o motor Porsche, o jeito foi a Footwork iniciar a campanha de 1991 com o modelo FA11C, que serviu de “mula”, dando quilometragem ao motor Porsche, que segundo consta, eram dois V-6 fundidos. O desempenho de Michele Alboreto e Alex Caffi com o velho carro desenhado por James Robinson foi sofrível. Só Alboreto conseguiu um lugar no grid nas três primeiras corridas, largando em penúltimo no GP dos EUA em Phoenix e abandonando por quebra de câmbio.

No circuito de Imola, o veterano piloto teria à disposição finalmente o FA12, mas destruiu o carro num grande acidente na fatídica curva Tamburello. Felizmente o ângulo da pancada foi favorável e Alboreto saiu andando, apenas tirando a poeira do macacão. Nem ele e nem Caffi se qualificariam para aquela corrida.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=g8ogpOfPTR8]

Em Mônaco, foi a vez de Caffi sofrer outro acidente violento com o Footwork FA12 (vídeo acima). O carro se partiu em dois na pancada com o guard-rail dos Esses da Piscina. Monocoque e motor para um lado, câmbio e suspensão traseira para o outro. O resultado foi que o piloto ficou “de molho” por algumas corridas e em seu lugar entrou outro veterano, o sueco Stefan Johansson.

No Canadá, como por milagre, tanto ele quanto Alboreto conseguiram se qualificar, mas ambos enfrentaram problemas mecânicos na corrida e desistiram. Johansson não conseguiu correr no México e o italiano abandonou com queda de pressão de óleo, naquela que seria a última aparição – até hoje – de um motor Porsche na Fórmula 1. De comum acordo, os alemães e a Footwork romperam o contrato, depois de tamanho “mico” perpetrado pela equipe nas primeiras corridas de 1991.

O jeito – e não havia outro – era adaptar o FA12 ao que havia no mercado, no caso o motor Ford Cosworth – para terminar o campeonato do jeito que desse. Enquanto Alboreto ainda conseguia pôr o carro no grid na França e Inglaterra, Johansson ficou pelo meio do caminho em ambas as corridas. Alex Caffi voltou na Alemanha, mas a sorte do time não mudou. Muito pelo contrário: foram quatro corridas consecutivas com os dois carros de fora. Se com o motor Porsche era complicado, com o Ford Cosworth as coisas não mudavam de rumo.

O fim da temporada foi igualmente terrível, embora Caffi tenha conseguido um 10º lugar no Japão, o que diante das circunstâncias e do ano horroroso da Footwork, até que não foi um resultado dos piores. Mas ao se terminar o ano na Austrália, ficou claro que muita coisa precisaria ser mudada para a temporada seguinte.

Veio então um novo pacote técnico, com o chassi FA13 – mais um projeto de Alan Jenkins e, por conta de um acordo com Hirotoshi Honda, os motores Mugen, que nada mais eram que os Honda V-10 da McLaren com outra grife. Por conta do contrato, Aguri Suzuki, que estreara na F-1 pela Larrousse, entrou no time para correr ao lado de Michele Alboreto.

O veterano italiano, já em franca decadência, queria mostrar aos críticos que não estava totalmente acabado. E com um carro bem melhor que o FA12, Alboreto fez a Footwork sair da lama. Foi 6º colocado no GP do Brasil em Interlagos e quinto na Espanha, debaixo de um temporal incrível, e em San Marino.

Apesar do motor MF351-H ser bastante confiável, o chassi FA13 tinha deficiências de estabilidade que prejudicaram a temporada dos dois pilotos. Suzuki, com um estilo mais agressivo e aguerrido que o conservador Alboreto, não raro acabava suas corridas rodando ou batendo. O italiano ainda chegaria em 6º no GP de Portugal, resultado que o deixou em 10º no Mundial de Pilotos e pôs a Footwork num razoável 7º lugar entre os Construtores, com o mesmo número de pontos da Ligier e à frente de March, Scuderia Italia, Minardi, Larrousse e da Jordan, que tinha sido a grande revelação da temporada anterior.

No próximo post, veremos como foi a performance da Footwork nas temporadas de 1993 e 1994.