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Fórmula 1

Em nome de St. Patrick’s, Räikkönen vence na Austrália

RIO DE JANEIRO – Surpresa no GP da Austrália, abertura da temporada 2013 da Fórmula 1. Com uma estratégia diferenciada em relação aos adversários, o “Iceman” Kimi Räikkönen começa o ano com uma vitória que poucos podiam prever – menos ele e a Lotus, que apostaram em dois pit stops e no bom entendimento do […]

RIO DE JANEIRO – Surpresa no GP da Austrália, abertura da temporada 2013 da Fórmula 1. Com uma estratégia diferenciada em relação aos adversários, o “Iceman” Kimi Räikkönen começa o ano com uma vitória que poucos podiam prever – menos ele e a Lotus, que apostaram em dois pit stops e no bom entendimento do E21 com os pneus médios da Pirelli, que foram resistentes o bastante para lhe permitir chegar a um triunfo que surpreendeu muita gente.

Até porque depois do que se viu no treino oficial, a Red Bull deu a impressão de que massacraria a concorrência, pela superioridade de Vettel sobre o resto. Ledo engano: o desempenho do RB9 em ritmo de corrida não foi tão acachapante assim e, para completar, Mark Webber foi um zero à esquerda. O atual tricampeão com certeza ficou muito feliz por começar o ano com um pódio e o 3º lugar. “A corrida não saiu do jeito que esperávamos. Teremos muito trabalho pela frente, mas é um campeonato longo”, afiançou.

Além de Kimi, Vettel ainda viu Alonso chegar à sua frente em 2º com uma estratégia que deu muito certo: o espanhol ficou atrás de Felipe Massa até sua segunda parada na 21ª volta. Aí, o asturiano não só trocou de posição com o brasileiro como voltou à pista na frente de Vettel. E entraram em cena nas redes sociais as chatíssimas teorias da conspiração.

Até quando o torcedor brasileiro vai acreditar que a Ferrari vai dar tratamento igual entre Alonso e Massa dentro da pista? Existem ordens, hierarquia e o espanhol tem dois títulos mundiais. Massa, nenhum. Só isso já é o bastante para os diferenciar. E Fernando conquistou o status de primeiro piloto porque mereceu – não foi por acaso que conseguiu. Lógico que aquela vergonha da Alemanha em 2010 depõe contra o histórico da Ferrari e ainda ecoa no imaginário do torcedor. Mas, sejamos racionais: Alonso é o primeiro piloto. Ponto final.

É claro que o Massa ficou frustrado com a estratégia, pelo menos foi o que deu a entender sua entrevista após a corrida. Sabe que não pode pôr a culpa em ninguém porque estaria dando um tiro no próprio pé e foi, no mínimo, contido em suas declarações. Mas por outro lado, não pode abaixar a cabeça. Fez uma ótima largada e no geral, uma corrida boa.

Além dos quatro primeiros, destaco outros nomes do GP da Austrália por seus desempenhos positivos. A começar por Adrian Sutil, que liderou com autoridade em seu regresso à Force India e deu a entender que a estratégia de apenas duas paradas, para usar os supermacios no fim, lhe daria a chance de terminar muito bem colocado. Só que os pneus não corresponderam: a tática dele e da equipe miou e o alemão fez das tripas coração para chegar em sétimo, pouco à frente de um apagado Paul Di Resta, seu companheiro de equipe.

E, last but not least, outra gratíssima surpresa da corrida foi o desempenho do francês Jules Bianchi, disparado o melhor entre os cinco estreantes na corrida. Com o carro que tem, sem ter tido quilometragem na pré-temporada para se entender com o bólido da Marussia, o piloto da Terra da Bastilha fez uma apresentação consistente e surpreendente. Tanto que sua melhor volta na prova foi a 11ª de todo o domingo, apenas 1″180 mais lento que o tempo de Kimi Räikkönen.

Me perguntaram no twitter: “Mas o melhor estreante não foi o Gutiérrez?” Pelo resultado sim, porque o mexicano chegou em 13º. Mas pelo desempenho na pista, nem de longe. Bianchi na cabeça, furos à frente do piloto da Sauber, do finlandês Valtteri Bottas e principalmente do companheiro de equipe Max Chilton e da enganação chamada Giedo Van der Garde.

De resto, reafirmo: corrida xexelenta de Mark Webber e também da McLaren, que viu Button chegar num sofrível nono lugar e Sergio Pérez fora da zona de pontuação. Há algo muito errado no reino de Woking…

Então é isso: desde 1978 um carro da Lotus não começava um Mundial vencendo (Mario Andretti no GP da Argentina), Kimi deu sua golada e brindou com champagne sua 20ª vitória e o 70º pódio dele na Fórmula 1 e a noite vai ser longa em Melbourne. Porque no St. Patrick’s Day, é pecado não curtir um pouquinho da água que passarinho não bebe…