A Mil por Hora
Fórmula 1

Henri Julien (1927-2013)

RIO DE JANEIRO – Domingo triste para o automobilismo. Na cidade francesa de Hyères, morreu Henri Julien, aos 85 anos de idade. Ele foi o fundador da Automobiles Gonfaronaises Sportives, que todos nós conhecemos como AGS – aquela mesma que esteve na Fórmula 1 nas décadas de oitenta e noventa. Nascido em Gonfaron, cidadezinha localizada […]

55d1cf922a0112e66ff86222176f288cRIO DE JANEIRO – Domingo triste para o automobilismo. Na cidade francesa de Hyères, morreu Henri Julien, aos 85 anos de idade. Ele foi o fundador da Automobiles Gonfaronaises Sportives, que todos nós conhecemos como AGS – aquela mesma que esteve na Fórmula 1 nas décadas de oitenta e noventa.

Nascido em Gonfaron, cidadezinha localizada na região montanhosa dos Pireneus, Julien começou como mecânico e enveredou na construção de carros de corrida nos anos 60, associado a um belga chamado Christian Vanderpleyn, que seria primeiro seu assistente e depois desenhista dos seus chassis – primeiro de Fórmula France e depois de F-3 e F-2.

Nesta última categoria, lutando contra o poderio de March e Toleman, Julien, Vanderpleyn e o piloto Richard Dallest operaram verdadeiros milagres, vencendo duas corridas na temporada europeia de 1980. Nos anos seguintes, a AGS notabilizou-se pelo excepcional trabalho de desenvolvimento de seus chassis. Com pouco dinheiro, o minúsculo construtor francês incomodou a concorrência e em 1984, na última corrida da história da F-2, era a AGS quem vencia, graças a Philippe Streiff.

O caminho natural foi a Fórmula 3000, de resultados modestos, mas que encorajou Julien a dar o salto que parecia fora do alcance: fazer um Fórmula 1. Como os leitores do blog puderam ver na série Saudosas Pequenas, a AGS viveu dias de cão em seus primeiros anos. Os chassis eram verdadeiros Frankensteins sobre rodas, autênticas cadeiras elétricas. Mas foi com uma destas que Roberto Pupo Moreno deu a Henri Julien a alegria do primeiro ponto, no GP da Austrália de 1987.

Além de Moreno, a AGS teve em suas fileiras gente como Philippe Streiff, Gabriele Tarquini, Yannick Dalmas, Stefan Johansson, Fabrizio Barbazza e outros. Nenhum deles, aliás, podia ser considerado braço-duro. Os carros é que estavam abaixo do que os pilotos podiam fazer nas pistas.

A credibilidade da AGS, contudo, foi abalada num acidente na pré-temporada de 1989, quando Streiff capotou em Jacarepaguá e o arco de proteção acima da cabeça do piloto cedeu, provocando lesões no francês que, somadas ao resgate sofrível e ao atendimento demorado, deixaram-no irremediavelmente paraplégico.

Após isto, a equipe somou apenas um outro único ponto com Gabriele Tarquini no GP do México em 1989 e as aparições dos carros do time de Gonfaron passaram a ser cada vez mais escassas. Henri Julien já estava fora do time, que estava nas mãos de Patrizio Cantù e Gabriele Rafanelli quando as portas da escuderia foram fechadas, no fim do campeonato de 1991. A última corrida da AGS foi o GP de Mônaco e o time se retirou de cena após 47 GPs disputados.

Com a morte de Henri Julien, vai embora mais um pedacinho do automobilismo romântico, cada vez mais deixado de lado em detrimento de ‘modernidades’ como asas móveis, botões de ultrapassagem e carros cada vez mais parecidos.

Para conhecer mais sobre a trajetória da AGS, clique nos links abaixo.

Especial Saudosas Pequenas – AGS, parte I

Especial Saudosas Pequenas – AGS, parte II

Especial Saudosas Pequenas – AGS, parte III

Especial Saudosas Pequenas – AGS, parte IV