A Mil por Hora
Fórmula 1

O velho novo campeão

RIO DE JANEIRO – Podem entregar a taça para o #1 de cabelo loiro e que pilota o carro do touro vermelho na Fórmula 1. Acho que não há mais dúvidas quanto a isso: Sebastian Vettel vai ser de novo campeão mundial. E provavelmente com muito mais facilidade que no ano passado. O piloto da […]

Italy F1 GP Auto Racing.JPEG-08691

RIO DE JANEIRO – Podem entregar a taça para o #1 de cabelo loiro e que pilota o carro do touro vermelho na Fórmula 1.

Acho que não há mais dúvidas quanto a isso: Sebastian Vettel vai ser de novo campeão mundial. E provavelmente com muito mais facilidade que no ano passado. O piloto da Red Bull está em fase espetacular e a equipe, que convive com muito menos problemas técnicos e extrapista do que Ferrari e Lotus, só para citar estas duas, trabalha com o objetivo de colocar o alemão de 26 anos no topo novamente.

A corrida do último domingo, uma das primeiras que confesso ter visto na sua totalidade em algum tempo, foi pobre em emoções. Vettel dominou como quis a situação desde os treinos. Fez a pole position e venceu com sobras, deixando claro que se existe alguém para ser batido, esse alguém é ele. Com três vitórias nas últimas quatro corridas, além de quebrar uma incômoda maldade de seus detratores – que enchiam o saco porque o piloto não tinha vencido uma única corrida em território europeu ano passado – Vettel ganhou em casa e em dois templos do automobilismo: Spa-Francorchamps e Monza, mesma pista onde venceu pela primeira vez na carreira.

Os números não mentem: Vettel será o tetracampeão mais jovem da história da Fórmula 1 e poderá superar Fernando Alonso em número de vitórias na carreira. O asturiano, que vive entre a cruz e a espada, pois o clima na Ferrari não lhe é favorável, ao mesmo tempo em que ainda reúne chances esparsas de ser campeão, também tem as mesmas 32 vitórias que o rival e corre sérios riscos de perder a supremacia de triunfos entre os pilotos atuais da categoria máxima. Ambos estão empatados em 4º lugar no ranking de conquistas em GPs, só que Vettel tem um aproveitamento muito maior – 28,32% contra 15,31% do espanhol. É a tal média de uma vitória a cada quatro corridas – ou menos.

A luta quase desigual pelo título passa a ser entre o alemão da Red Bull e Fernando Alonso. Uma pena que Kimi Räikkönen tenha sido alijado tão cedo da contenda, por uma série de fatores: problemas financeiros da Lotus e a negociação empreendida pelo finlandês e seu empresário para sair da equipe dirigida por Eric Boullier influenciaram fortemente para que o nórdico não fosse capaz de brigar pelo campeonato.

Aliás, sobre Kimi na Red Bull, todo mundo soube: houve mesmo tratativas para que o campeão mundial de 2007 engrossasse as fileiras do time do touro vermelho, mas houve uma pressão extremamente grande de Helmut Marko para que Daniel Ricciardo fosse escolhido como o segundo piloto e há quem diga que não teria sido uma sábia decisão do austríaco em promover o australiano, hoje na Toro Rosso, para o lugar do compatriota Webber. Há quem ache esta opção um erro e só o tempo dirá.

Goradas as negociações com os rubro-taurinos, veio a chance do regresso de Räikkönen a Maranello. É uma boa para ambas as partes, embora Kimi tenha saído meio chamuscado da equipe quando aceitou ganhar dinheiro sem correr e a Ferrari trouxe Fernando Alonso para seu lugar. A Lotus até se movimenta nos bastidores para evitar o inevitável, mas a equipe dos carros pretos e dourados deve dinheiro ao finlandês e há aquela velha história: “no money, no race”.

Talvez, com a chegada de um companheiro de equipe mais forte, Fernando pare de chororô e volte a ser Fernando Alonso, não se transformando numa espécie de Alain Prost. 

Por que comparo o espanhol ao tetracampeão francês? Simples: Alonso gosta de se impor no jogo político, tal qual Alain fez inúmeras vezes. É chorão, como Prost muitas vezes mostrou na Fórmula 1. E ambos contaram com grande beneplácito da FIA: Prost foi claramente beneficiado em 1989 no polêmico episódio entre ele e Senna em Suzuka. Alonso ganhou o salvo conduto da entidade duas vezes, no escândalo da espionagem entre McLaren e Ferrari e depois no lamentável acontecimento de Cingapura, onde a carreira e a imagem de Nelsinho Piquet foram devidamente incineradas e ele saiu, como sói, ileso.

Com a possibilidade cada vez mais clara de um regresso de Kimi a Maranello, parece óbvio que Felipe Massa vai sobrar na Ferrari. E já não é sem tempo. Não é porque é brasileiro que temos que defender os pilotos brasileiros. Alguns deles, inclusive, passaram em brancas nuvens na Fórmula 1 e nem merecem ser lembrados, principalmente porque não tiveram uma atenuante dentro do automobilismo que possa absolvê-los (não vou citar nomes, esqueçam). Massa é uma pálida sombra daquele piloto que em 2008 quase foi campeão mundial e que não abraçou aquela chance que lhe sorriu porque não teve sorte em alguns momentos, porque lhe faltou competência em algumas outras ocasiões e principalmente pela postura quase infantil em imputar ao episódio de Cingapura a perda do título de pilotos daquele ano para Lewis Hamilton.

Os dados estão aí para serem jogados e rolarem. O que vai acontecer a Alonso, Massa e Kimi, só o tempo dirá. E por falar em tempo, é uma questão dele agir para que Vettel seja consagrado, mais uma vez, campeão mundial de Fórmula 1.