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Mundial de Endurance

Chuva e dobradinha da Toyota na abertura do WEC

RIO DE JANEIRO – A chuva deu o ar de sua graça nas 6 Horas de Silverstone, prova inaugural do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC). Misturada à temperatura baixa, ela provocou uma reviravolta nas disputas que prometiam muito – e acabaram não acontecendo como todos nós gostaríamos de ver. E foi a água que […]

RIO DE JANEIRO – A chuva deu o ar de sua graça nas 6 Horas de Silverstone, prova inaugural do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC). Misturada à temperatura baixa, ela provocou uma reviravolta nas disputas que prometiam muito – e acabaram não acontecendo como todos nós gostaríamos de ver. E foi a água que caía em proporções bíblicas no correr da tarde inglesa que fez interromper a disputa antes do seu final.

Para a Toyota, isto pouco importou. O construtor japonês conquistou uma vitória importante, para marcar território. É uma pequena amostra do quanto não será fácil a vida de Audi e Porsche e foi um triunfo que justificou o investimento: vitória em dobradinha, cabendo o primeiro posto ao novo Toyota TS040 Hybrid guiado por Anthony Davidson/Nicolas Lapierre/Sébastien Buemi e o segundo ao carro de Alex Wurz/Kazuki Nakajima/Stéphane Sarrazin.

Presente em Silverstone durante todo o fim de semana, o mau tempo foi o responsável direto pelos desígnios da sorte – e do azar – dos japoneses e das rivais Audi e Porsche na classe LMP1. O brasileiro Lucas Di Grassi, escalado para o primeiro turno no Audi #1 junto aos campeões mundiais Loïc Duval e Tom Kristensen, pareceu nervoso no começo. Depois de cometer alguns pequenos erros, o piloto se acalmou e vinha razoavelmente bem até a 24ª volta.

Naquela altura, já chovia em vários pontos do traçado e a pista, com quase 6 km de extensão, fica traiçoeira. A Audi sabia disto e o piloto também. O erro de avaliação das condições do asfalto custou caro: Di Grassi perdeu o controle após o protótipo entrar em aquaplaning e bateu forte numa barreira de proteção, danificando toda a seção dianteira do R18 e-tron quattro.

A muito custo, Lucas levou o carro aos boxes, mas os mecânicos e engenheiros constataram um dano irremediável no monocoque, que inclusive poderá acarretar na troca do chassi para a próxima prova, as 6 Horas de Spa-Francorchamps, que se realizam em menos de duas semanas. Fim prematuro de corrida para o #1.

O dia não era mesmo da Audi pois, mais tarde, o outro R18 da equipe oficial, guiado por Bénoit Tréluyer, também saiu da pista e se chocou com a barreira de proteção. O esforço comovente do francês em regressar para o conserto foi em vão e algo jamais visto no WEC aconteceu. Os bicampeões mundiais de Construtores terminaram uma corrida sem um único ponto marcado.

Entre os LMP1, só a Toyota teve uma corrida livre de contratempos, pois a Porsche também enfrentou os seus. O 919 Hybrid #14 do trio Romain Dumas/Neel Jani/Marc Lieb fez uma longa parada de 16 minutos em decorrência da perda de uma roda e da consequente quebra da suspensão dianteira esquerda e, não obstante, o protótipo do construtor de Stuttgart seria alijado da disputa por um problema hidráulico com a transmissão.

Menos mal que o outro carro, o #20 de Mark Webber/Timo Bernhard/Brendon Hartley teve boa atuação e cumpriu uma boa prova. Foi uma excelente estreia do ex-piloto da Red Bull na Fórmula 1, logo com um pódio numa corrida cheia de percalços.

Os muitos abandonos ajudaram o velho Lola B12/60 Toyota de Nicolas Prost/Nick Heidfeld/Mathias Beche a terminar em quarto lugar. A despedida – agora parece que definitiva – do carro foi bastante honrosa. Já o outro bólido da Rebellion Racing, guiado por Fabio Leimer/Dominik Kraihamer/Andrea Belicchi, ficou pelo caminho.

Na LMP2, a luta pela vitória foi polarizada entre o Morgan da G-Drive Racing guiado por Olivier Pla/Julien Canal/Roman Rusinov e o Oreca da KCMG conduzido por Matthew Howson/Richard Bradley/Tsugio Matsuda. Pla teve, como de hábito, uma prestação fortíssima no início, mas a trinca do time de Hong Kong mostrou qualidades e com Howson a bordo, o carro #47 chegou a liderar com uma volta de vantagem.

Porém, a bandeira amarela e a entrada do Safety Car em decorrência da batida de Tréluyer beneficiaram a tripulação da G-Drive, que descontou a volta perdida e retomou a chance de vitória. Após um pit stop, o Oreca foi punido com um stop & go por excesso de velocidade nos boxes e a situação se resolveu em favor do #26.

A estreia da SMP Racing no WEC foi bastante atribulada. Os dois carros do time russo tiveram vários problemas mecânicos no correr da disputa e o #37 acabou nocauteado com menos de 2h30 de competição. O #27 de Nicolas Minassian/Sergey Zlobin/Maurizio Mediani, mesmo após alguns contratempos, foi até o fim, mesmo nove voltas atrás da trinca vencedora da LMP2.

A LMGTE-PRO assistiu no início a uma luta titânica entre a Ferrari de Gianmaria Bruni/Toni Vilander contra os Porsches do Team Manthey. O carro #51 da AF Corse não resistiu muito tempo e os carros do fabricante alemão dominaram a disputa até o seu final. A vitória foi do trio do #92, formado por Fred Makowiecki/Marco Holzer/Richard Lietz, tendo Nick Tandy/Patrick Pilet/Jörg Bergmeister em segundo.

Após um treino modesto, Darren Turner/Stefan Mücke fizeram uma boa corrida e terminaram em 3º, superando Bruni/Vilander e também Davide Rigon/James Calado, na outra Ferrari da AF Corse. O brasileiro Fernando Rees e seus parceiros Alex MacDowall e Darryl O’Young pelo menos conseguiram concluir a disputa, embora um pouco atrasados em relação aos primeiros colocados. Acabaram em 7º na classe e em 14º na geral, com 144 voltas completadas.

A Aston Martin bisou o triunfo na LMGTE-AM, subclasse na qual vencera ano passado. O #95 de Nicki Thiim/David Heinemeier-Hänsson/Kristian Poulsen faturou a prova em dobradinha com o #98 de Paul Dalla Lana/Pedro Lamy/Christoffer Nygaard. O pódio foi completado por Sam Bird/Steve Wyatt/Michele Rugolo.