A Mil por Hora
24 Horas de Le Mans

82ª 24 Horas de Le Mans: treze vezes Audi

RIO DE JANEIRO – Enquanto Toyota e Porsche deram espetáculo na qualificação, a Audi se preocupou com a corrida. E, como de hábito, o resultado prova e comprova que em matéria de 24 Horas de Le Mans, não há ninguém ainda capaz de derrotar a casa de Ingolstadt. Pela décima-terceira vez em quinze anos, o […]

s1_1 (5)
Mais uma para a conta: dobradinha com o #2 em primeiro e o #1 em segundo

RIO DE JANEIRO – Enquanto Toyota e Porsche deram espetáculo na qualificação, a Audi se preocupou com a corrida. E, como de hábito, o resultado prova e comprova que em matéria de 24 Horas de Le Mans, não há ninguém ainda capaz de derrotar a casa de Ingolstadt. Pela décima-terceira vez em quinze anos, o construtor alemão comemora uma vitória na maior prova de Endurance do planeta, numa das corridas mais dramáticas e de mais alto nível da história da competição nos últimos tempos.

Esta é a terceira vitória – nos últimos quatro anos – do trio formado por Marcel Fässler/Andre Lotterer/Bénoit Tréluyer

O trio formado por Marcel Fässler/Andre Lotterer/Bénoit Tréluyer sacramentou a conquista após completar 379 voltas pelos 13,6 km do circuito de Sarthe, completando a prova com três voltas de vantagem para Tom Kristensen/Marc Gené/Lucas Di Grassi, que apesar de todos os contratempos enfrentados desde quarta-feira, conquistam mais uma dobradinha para os protótipos R18 e-tron quattro movidos a diesel. E por falar em contratempo, o trio vencedor também teve os seus, perdendo 23 minutos na altura da 16ª hora para a troca completa de um turbo.

Para Lucas, é uma corrida importante em todos os sentidos: ele se torna o primeiro brasileiro a conquistar dois pódios consecutivos na classificação geral e também iguala o melhor resultado de pilotos do país na prova: José Carlos Pace foi 2º em 1973 com Ferrari e Raul Boesel 2º em 1991, com Jaguar.

A Toyota fez a pole, liderou e não levou nada além de um 3º lugar com Lapierre/Davidson/Buemi; trinca lidera o WEC após Le Mans

A Toyota, embora tenha perdido o #7 que dominou praticamente toda a disputa até quebrar na altura da 14ª hora, ainda tem motivos para sair satisfeita, pois o #8 de Nicolas Lapierre/Anthony Davidson/Sébastien Buemi manteve um ritmo formidável depois de consertado e o trio conseguiu terminar ainda no pódio, com a 3ª colocação. Numa prova como esta, de pontuação dobrada, marcar 30 pontos e conservar a liderança do WEC na classe LMP1 foi muito lucro para a equipe comandada por Pascal Vasselon.

Mesmo convivendo com muitos problemas ao longo da disputa, o #12 de Nick Heidfeld/Nicolas Prost/Mathias Beche também conquistou pontos importantíssimos para o campeonato: a trinca do time helvético, único particular da divisão principal, conquistou um ótimo quarto posto.

A Porsche lutou até onde pôde: seus 919 Hybrid foram a nocaute perto do fim

Para a Porsche, que voltava à disputa pela vitória na geral após 16 anos, foi um duro golpe: os dois 919 Hybrid acabaram ficando pelo caminho a poucos minutos da quadriculada. Ficou o gostinho da liderança por alguns períodos e a lição de uma derrota numa prova que o construtor de Stuttgart já venceu 16 vezes.

E na disputa mais acirrada dentre todas as divisões, um velho cavalo de batalha derrotou a novidade dos protótipos Ligier JS P2.

Grande corrida de Simon Dolan/Harry Tincknell/Oliver Turvey: o trio chegou em 5º na geral e venceu na LMP2

Numa corrida brilhante do trio formado por Harry Tincknell/Simon Dolan/Oliver Turvey, o Zytek Z11SN Nissan da Jota Sport conseguiu o quinto posto geral, ao derrotar o #46 da Thiriet by TDS Racing guiado por Tristan Gommendy/Pierre Thiriet/Ludo Badey. O #36 de Nelson Panciatici/Paul-Loup Chatin/Oliver Webb conquistou a terceira posição no pódio da divisão dos protótipos LMP2. Todavia, nenhum destes carros citados corre no WEC: o único a terminar – isso mesmo! – entre os 36 que receberam a quadriculada foi o #27 da SMP Racing.

Mais uma corrida perfeita da AF Corse em Sarthe e o resultado é a vitória de Bruni/Fisichella/Vilander na LMGTE-PRO

Entre os carros da LMGTE-PRO, mais uma vez a Ferrari mostrou sua insuspeita confiabilidade e, com a competência absurda do trio do #51 guiado por Gianmaria Bruni/Toni Vilander/Giancarlo Fisichella, a AF Corse venceu mais uma vez. O carro chegou em 13º lugar na geral, com uma volta de vantagem para o Corvette C7-R de Antonio Garcia/Jan Magnussen/Jordan Taylor e duas para o Porsche de Fréderic Makowiecki/Marco Holzer/Richard Lietz. Para a Aston Martin, que também chegou a ocupar a liderança em vários momentos da disputa, a corrida não terminou bem: com um problema no power steering e, nas últimas horas, no coletor de escape, o carro #97 do brasileiro Bruno Senna terminou apenas em 33º na geral e sexto na categoria.

A destacar o heroísmo de Jeroen Bleekemolen e Cooper MacNeil: a dupla do Porsche #79 da Prospeed Competition correu sem ter um terceiro piloto e o holandês guiou o máximo de 14 horas exigido pelo regulamento. Como recompensa, terminaram num mais do que razoável quinto lugar na LMGTE-PRO, 31º posto na geral.

A Aston Martin dá a volta por cima após a morte de Allan Simonsen e vence na LMGTE-AM com um trio de dinamarqueses

Na classe LMGTE-AM, a Aston Martin conquistou uma vitória emblemática: venceu o #95 guiado por um trio de dinamarqueses, um ano após a morte de Allan Simonsen. Nicki Thiim/David Heinemeier-Hänsson/Kristian Poulsen fecharam a disputa em décimo-sétimo na geral, duas voltas à frente do Porsche #88 de Klaus Bachler/Khaled Al Qubaisi/Christian Ried. A trinca formada por Luis Perez-Companc/Mirko Venturi/Marco Cioci completou o pódio.

O Porsche #77 conduzido por Patrick Dempsey/Joe Foster/Patrick Long conquistou mais um bom resultado em Sarthe na divisão: 5º lugar e 22º na geral. O ex-goleiro Fabién Barthez recebeu a quadriculada na Ferrari #58 do Team SOFREV-ASP: ele e seus parceiros Soheil Ayari e Anthony Pons concluíram em nono na classe e 27º na geral.

De acordo com informações do craque Marc Arnoldi, que está lá em Sarthe – onde dividiu a narração de arena com Bruno Vandestick – 263,3 mil pessoas (recorde absoluto, o maior público desde 1989) passaram pelas bilheterias para assistir a uma das mais dramáticas edições das 24 Horas de Le Mans em todos os tempos. Aliás, quem vai a Sarthe já aprendeu uma coisa: não se pode, jamais e em qualquer hipótese, subestimar uma gigante da prova feito a Audi.