Vídeos históricos – GP da Itália de 1978
RIO DE JANEIRO – Uma enorme descoberta do Pedro Luis Perez, que me mandou via e-mail o link do vídeo acima. É a transmissão do GP da Itália de 1978, um dos primeiros a que assisti na vida – talvez o primeiro, não estou certo – e marcado para sempre pelo acidente monumental que levou o grande Ronnie Peterson.
“Fogo na Pista!”, disse o Luciano do Valle, narrador da Fórmula 1 à época, na Rede Globo. Essa frase nunca mais saiu da minha cabeça. E o Pedro chamou a atenção para o quanto era difícil naquela época fazer uma transmissão sem todas as informações que narradores e comentaristas têm hoje. E ele está certo. Luciano fez a transmissão via off-tube, de estúdio, não sei se do Rio ou em São Paulo, e com muito profissionalismo conduziu a transmissão com correção até o final, ao lado do recém-contratado Reginaldo Leme, que ainda trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo.
Cabe salientar que além do grave acidente com Peterson, houve outro nas voltas de abertura do segundo grid, quando Jody Scheckter demoliu um guard-rail na curva de Lesmo a 225 km/h. A corrida teve só 40 voltas e Niki Lauda foi o vencedor, após a penalização que Mario Andretti e Gilles Villeneuve sofreram por queima de largada.
Eu tenho a revista Quatro Rodas com a cobertura (brilhante, diga-se de passagem) desse GP. Um dos episódios mais dramáticos e tristes da história da F-1, onde ficou evidente a ganância dos donos da F-1, ao pressionar os pilotos a correrem com as más condições de segurança, o cinismo e desprezo humano demonstrados por Colin Chapman com relação a Peterson, que agonizava no hospital e a fragilidade dos carros de F-1 daquela época.
E depois, lembro bem que crucificaram vivo o Riccardo Patrese. Coitado…
Já ví várias vezes o replay do acidente e nunca concordei com o fato de jogarem todo o peso daquela largada confusa e precipitada por parte do starter nas costas do Patrese…
Peterson ainda tinha chances do título daquela temporada, mas Chapman já havia decidido que o campeão seria o Mario Andretti.
O Mario tinha direito ao carro reserva, e quando o Peterson bateu o titular (Lotus 79) não lhe permitiram usar o reserva, que segundo a equipe estava ajustado para o italo-americano. As pressas pegaram o modelo do ano anterior e colocaram o motor do titular, mas segundo relatos o chassis não tinha a espuma no tanque, para evitar incêndio em caso de rompimento e/ou vazamento.
O choque da largada foi causado pela não observância do diretor de prova, Giani Restelli, de que todos carros estivessem parados no grid. Os últimos carros estavam ainda desacelerando, quando a luz verde se ascendeu.
Antes de chegarem na chicane, que tinha um estreitamento de pista, o choque foi inevitável.
Sem culpa nenhuma do Ricardo Patrese, então um novato andando de Shadow.
O Ronie acabou falecendo no hospital vítima de uma embolia.
A F1 perdeu um gênio nas pistas, que tinha um controle fantástico do carro e uma pilotagem extremamente plástica.
Peterson iria deixar a Lotus no final daquela temporada, e segundo consta já tinha um contrato assinado com a McLaren.
Ronie Brengt Peterson conquistou dez vitórias em 123 GPs e dois vice-campeonatos o de 1970 com um March (701) e o de 1978.
Nem preciso dizer que o “Sueco Voador” foi o primeiro piloto que eu admirei na F1.
Patrese andava de Arrows em 1978. Shadow foi o carro com que andou em 1977, no ano de estreia dele na Fórmula 1.