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Derani Patrón

RIO DE JANEIRO – Foi uma vitória histórica em todos os sentidos: o triunfo da Tequila Patrón ESM foi o primeiro da história do time nas 24h de Daytona e igualmente o primeiro para um protótipo LMP2 – quebrando uma hegemonia de anos dos Daytona Prototypes, que fizeram sua última aparição na pista dentro da […]

MOTORSPORT : ROLEX 24 HOURS - WEATHERTECH SPORTSCAR CHAMPIONSHIP - ROUND 1 - DAYTONA BEACH (USA) 01/27-31/2016
Pipo Derani: o grande nome das 24h de Daytona e do histórico triunfo da Tequila Patrón ESM na Flórida (Foto: Sportscar365.com)

RIO DE JANEIRO – Foi uma vitória histórica em todos os sentidos: o triunfo da Tequila Patrón ESM foi o primeiro da história do time nas 24h de Daytona e igualmente o primeiro para um protótipo LMP2 – quebrando uma hegemonia de anos dos Daytona Prototypes, que fizeram sua última aparição na pista dentro da configuração atual – e o primeiro da história da Honda na prova que já tem mais de 54 anos de existência. E tudo isso, graças a um brasileiro.

Resultado extra-oficial das 24h de Daytona

Com uma atuação soberba no circuito da Flórida, mostrando velocidade e maturidade para um jovem de 22 anos apenas, Pipo Derani foi o “Man of the Race”. Guiou muito em seus turnos de pilotagem, desde o início, comandando a corrida e também liderando com maestria após superar o Corvette DP #10 da Wayne Taylor Racing, seu principal adversário nas últimas três horas de disputa. Os patrões Ed Brown e Scott Sharp não poderiam estar mais felizes com a performance do seu novo pupilo.

E pela primeira vez, vimos dois pilotos do país em 1-2 no pódio. Se Derani ajudou o #2 a chegar na frente, Rubens Barrichello deu uma boa parcela de contribuição para o resultado positivo do #10, embora não tenha guiado na fase final da prova. O piloto cumpriu dois turnos de pilotagem, suficientes para não comprometer o carro – que chegou ao final com problemas. Tão sérios ao ponto de deixar o veterano Max Angelelli intoxicado pelos gases do escapamento, que causava uma forte vibração no protótipo. O piloto foi hospitalizado, mas passa bem.

Christian Fittipaldi poderia ter conquistado sua 3ª vitória em Daytona e Scott Pruett queria quebrar o recorde de vitórias da história das 24h: o #5 da Action Express Racing acabou em quarto (Foto: José Mário Dias)

Quem também poderia ter ido ao pódio, com chances de chegar à 3ª vitória na pista inclusive, foi Christian Fittipaldi. O #5 da Action Express Racing liderava quando enfrentou um problema num eixo traseiro, que levou o Corvette DP para a garagem. O carro perdeu cinco voltas e o quarteto que tinha ainda João Barbosa, Filipe Albuquerque e Scott Pruett (sonhando em desempatar o maior número de vitórias na história – cinco, recorde que divide com Hurley Haywood) acabou mesmo em 4º lugar.

O #02 do quarteto ganhador no ano passado teve uma série de problemas, embora o carro tenha até liderado. Tony Kanaan estava a bordo quando precisou levar o Ford EcoBoost Riley DP à garagem com problemas de freios. Depois, Kyle Larson bateu pouco antes da 22ª hora de prova. O resultado foi até certo ponto decepcionante: 13º na geral e sétimo na categoria. Já o Ligier JS P2 HPD de Oswaldo Negri e seus parceiros John Pew, Olivier Pla e AJ Allmendinger foi vítima de um sério problema mecãnico com “Ozz” ao volante. Um desapontamento só e ele foi o único brasileiro a não terminar a disputa.

Outro destaque das 24h de Daytona foi a surpreendente performance do DeltaWing, pelo menos com Katherine Legge ao volante. Quando a corrida chegou ao período noturno, com Andy Meyrick a bordo, o estranho protótipo que chegou a liderar a corrida bateu violentamente no #8 da Starworks que estava parado na tomada da curva 1. O acidente acabou com a corrida do #0 e o carro da classe Prototype Challenge, embora danificado, sobreviveu e chegou ao final.

A imagem acima diz tudo: final épico na GTLM com 0″034 separando o vencedor do 2º colocado, numa batalha eletrizante (Foto: Reprodução/Grande Prêmio)

Na classe GTLM, final épico envolvendo os dois Corvette C7-R guiados no fim da disputa por Oliver Gavin e Antonio Garcia. O espanhol bem que tentou, mas desta vez foi o britânico, dividindo a pilotagem com Tommy Milner e Marcel Fässler que chegou à frente. Detalhe: por meros 0″034 de segundo, após 722 voltas e 24h de disputa. Garcia, no trecho final, ainda sacou do bolso do macacão uma volta excepcional em 1’44″014, a mais rápida da categoria e novo recorde da pista para a classe.

Dos novos GTLM, a Ferrari F488 GTE conseguiu a melhor colocação na categoria: 4º lugar, no carro que teve a bordo Daniel Serra, inscrito pela Scuderia Corsa (Foto: Sportscar365.com)

O Porsche #912 de Earl Bamber/Michael Christensen/Fred Makowiecki perdeu o fôlego no turno final e acabou em 3º lugar, salvando a corrida da equipe oficial de fábrica do construtor alemão, já que o #911 teve problemas mecânicos e perdeu muitas voltas na garagem. Entre os novos carros que estrearam nas 24h de Daytona, a Ferrari F488 GTE se destacou: a Scuderia Corsa fez sua primeira corrida na GTLM e logo conseguiu um excelente quarto lugar na categoria, 10º lugar na geral, num bom trabalho da tripulação que tinha Daniel Serra entre os pilotos, além de Alessandro Pier Guidi, Memo Rojas e Alexandre Prémat.

Já a BMW M6 GTLM sobreviveu também à exigência da disputa e terminou em 5º, na mesma volta dos vencedores. Augusto Farfus, mais Bill Auberlen, Bruno Spengler e Dirk Werner fizeram um bom trabalho, a despeito do problema mecânico que tirou o #100 da disputa. Em contrapartida, o novo Ford GT foi um poço de problemas e os dois carros, embora tenham mostrado alguma velocidade, tiveram diversos problemas de eletrônica, de câmbio, vários pneus furados e até portas se abrindo sozinhas. O #66 de Joey Hand/Dirk Müller/Sebastién Bourdais sofreu menos, já que perdeu 46 voltas e terminou a prova em 7º na classe, 31º na geral. O #67 de Ryan Briscoe/Richard Westbrook/Stefan Mücke foi mais “zicado” e acabou em nono lugar na categoria, a 176 voltas do vencedor da corrida.

Os Senhores dos Anéis atacam novamente: triunfo para a Magnus Racing e o Audi de Marco Seefried/Rene Rast/Andy Lally/John Potter na divisão GTD (Foto: Audi Media Center/Divulgação)

A GTD, com a estreia de muitos carros novos, teve um recorde histórico: sete marcas diferentes nas sete primeiras colocações, num final dramático. Alguns pilotos tiveram que salvar combustível e Marc Basseng, que chegou a levar o #28 da Konrad Motorsport à liderança, não conseguiu. Perdeu a vitória e o pódio, chegando na quinta posição. Salvando o que dava, a Magnus Racing levou o troféu de campeã da prova na sua categoria, com a insuspeita regularidade do Audi R8 LMS geração 2. Rene Rast/Marco Seefried/Andy Lally/John Potter ficaram com o primeiro lugar, menos de quatro segundos à frente do Porsche da Black Swan Racing, que fez ótima corrida graças a Patrick Long/Tim Pappas/Nicky Catsburg/Andy Pilgrim.

Vencedora da corrida ano passado, a Riley Motorsports salvou o 3º lugar com o Viper #93, seguida do Aston Martin oficial de fábrica, do Lambo Huracán que quase venceu (e tinha Ricardo Divila na engenharia), secundado pela nova BMW M6 GT3 e pela velha Ferrari F458 GT3 da Scuderia Corsa, que salvou um resultado bem razoável na estreia da dinamarquesa Christina Nielsen pela equipe de Giacomo Mattioli.

A classe PC, mais uma vez mostrando sua pouca competitividade em provas longas, premiou quem teve menos problemas. Ganhou o #85 da JDC/Miller Motorsports, tripulado por Kenton Koch/Chris Miller/Stephen Simpson/Misha Goikhberg. A PR1/Mathiasen, que venceu ano passado, chegou a ficar nove voltas atrás dos ponteiros, mas recuperou cinco com as bandeiras amarelas e com um problema do líder, chegando em 2º com Tom Kimber-Smith/Robert Alon/José Gutierrez/Nicholas Boulle. A BAR1, pole position da classe nos treinos, salvou o pódio com o #20 de Marc Drumwright/Ricardo Vera/Brendan Gaughan/Tomy Drissi/Johnny Mowlem. Já a bicampeã do IWSC, a CORE Autosport, despediu-se rapidinho da corrida, desistindo após 5h17min com graves problemas mecânicos em seu carro.

Parabéns aos pilotos brasileiros que deram show na Flórida e conquistaram a quarta vitória de representantes do país nos últimos cinco anos, sendo esta a terceira consecutiva. E ainda tem quem ache que a Endurance não é uma porta aberta para todas as gerações de pilotos.

Expliquem isso agora, haters.