A Mil por Hora
Túnel do Tempo

Direto do túnel do tempo (366)

RIO DE JANEIRO – A notícia-bomba de Fernando Alonso liberado pela McLaren para correr nas 500 Milhas de Indianápolis motivou o comentário de um leitor que assinou com o nome de Nei, pedindo que eu lembrasse que Ayrton Senna quase correu na Indy 500 também. Então vamos lá: no final de 1992, a McLaren perdera […]

201612201151148_Senna2_O
No dia 10 de dezembro de 1992, Ayrton Senna fez seu primeiro – e único – teste com um Fórmula Indy

RIO DE JANEIRO – A notícia-bomba de Fernando Alonso liberado pela McLaren para correr nas 500 Milhas de Indianápolis motivou o comentário de um leitor que assinou com o nome de Nei, pedindo que eu lembrasse que Ayrton Senna quase correu na Indy 500 também.

Então vamos lá: no final de 1992, a McLaren perdera os motores Honda, já que os japoneses abandonaram pela segunda vez a Fórmula 1. Emerson Fittipaldi, num senso de oportunismo fora do normal, conversou com Roger Penske e Ayrton foi convidado para andar num dos Penske-Chevrolet do Team Penske, que na época tinha Emerson e o canadense Paul Tracy como pilotos. A exposição do patrocinador não seria problema: tanto a Penske quanto a McLaren tinham os logotipos da Marlboro.

A questão era se Ayrton pilotaria num circuito oval nesse teste e Roger, após considerar todos os riscos, preferiu levar o carro para o circuito misto de Firebird, no Arizona, onde Senna deu suas primeiras – e únicas – voltas no Penske-Chevy PC21. O teste foi também assistido por John Hogan, da Philip Morris.

Emerson Fittipaldi era um grande entusiasta da ideia de ter Senna do lado dele e de Paul Tracy, num terceiro carro da Penske nas 500 Milhas de Indianápolis. Mas a ideia jamais seria concretizada. Já pensaram: Indy 500 de 1993 com Senna, Piquet, Mansell, Boesel, Andretti e Fittipaldi?

Com pneus velhos e num carro bem diferente do Fórmula 1 que estava muito mais acostumado a conduzir, Senna demorou a encontrar um ritmo. Não obstante, o PC21 tinha acionamento de marchas em alavanca, diferente do câmbio semiautomático que o brasileiro tinha à disposição em sua McLaren. “Ele me disse que achou o carro muito pesado”, comentou o engenheiro Nigel Beresford, que trabalhou com Ayrton naquele dia.

Depois, Senna pediu ajustes de carga de molas, com um ajuste mais macio na traseira. Pediu para desligarem a barra estabilizadora e mais 20 litros de combustível. Virou um bom tempo – 49’09”, considerando as circunstâncias. Ayrton agradeceu a Nigel Beresford e o teste foi encerrado com 25 voltas completadas. A título de comparação, Emerson Fittipaldi andou no PC22 construído para a temporada de 1993 e foi apenas meio segundo mais rápido que Senna.

Tempos depois, Ayrton teria ligado a Roger e dito o seguinte: “Se você puser um terceiro carro em Indianápolis, eu topo”.

Mas não era tão simples assim. Havia outras questões – principalmente dinheiro. Se vocês lembram bem, Senna negociou os termos de um contrato – que não existia no papel – em que ele receberia US$ 1 milhão por corrida. E além disso, Ron tinha outros problemas, como conseguir novos motores e, sem nadar em dinheiro, fechou um esquema em que receberia motores Ford “cliente”, já que o time oficial era a Benetton.

O resto é história: Ayrton ganharia o GP do Brasil e também o GP da Europa de forma épica, quebraria o recorde de vitórias de Graham Hill no GP de Mônaco e seria vice-campeão mundial em 1993. Com a conta bancária bem gordinha, como queria, antes de assinar com a Williams.

Há 25 anos, direto do túnel do tempo.