RIO DE JANEIRO (Nota 5,5) – Assim como na abertura do ano passado, Sebastian Vettel coloca a Ferrari à frente da Mercedes de Lewis Hamilton e larga na frente do Mundial de Fórmula 1, igualmente deixando o time italiano em situação melhor que a marca da estrela de três pontas. A rigor, foi uma das raras novidades numa corrida que não merece mais do que uma nota 5,5.
E por que? Simples: antes da situação de VSC (Virtual Safety Car) que conflagrou e definiu as coisas a favor da Ferrari, Hamilton dominava. Tinha parado na 20ª volta, uma depois que Räikkönen e, se tudo entrasse nos eixos, nada tiraria do britânico, pole position e novo recordista da pista, mais uma vitória em Melbourne, no circuito Albert Park.
Só que a Haas, equipe que mais surpreendeu ao longo do fim de semana, cometeu o mesmo erro na parada de box para troca de pneus, deixando seus dois pilotos – Magnussen primeiro e Grosjean depois – na mão. Deu pena o desespero do franco-suíço. Os carros do time ianque vinham bem e nem a Red Bull, que nós achávamos que brigaria pela vitória já de saída, foram capazes de ultrapassá-los. Max Verstappen, em dado momento, emulou Keke Rosberg em Long Beach-83 e Nigel Mansell em Imola-90, com um espetacular pião de 360º e ainda voltando à disputa.
Pois bem: o tal do VSC ajudou a estratégia da Ferrari, que mandou Vettel parar nos pits. Hamilton não podia superar o rival ou andar acima da velocidade pré-estabelecida no painel. E viu o carro vermelho à sua frente quando de virtual o Safety Car passou a real. Outro que ficou tiririca foi Räikkönen, que xingou meio mundo por ter parado primeiro.
Quem também aproveitaram a situação para avançar foram Daniel Ricciardo e Fernando Alonso, imitando Vettel. Muito inteligente a tática de Red Bull e McLaren para com seus pilotos. E assim eles ficariam em quarto e quinto até o fim, com o australiano ameaçando o 3º lugar de Kimi – ainda não foi dessa vez que o público que lotou o Albert Park viu seu piloto no pódio.
Em toda a história da prova, nenhum piloto do país terminou entre os três primeiros, muito embora Mark Webber tenha subido ao pódio em 2002 para festejar o quinto posto em sua corrida de estreia, ao lado do seu então patrão Paul Stoddart, na Minardi.
Voltando à luta pela ponta, Hamilton teve problemas para se aproximar da liderança novamente, teve que reduzir o ritmo e se viu incapaz de impedir que Vettel chegasse ao total de 48 vitórias na carreira e ao seu centésimo pódio em 199 GPs disputados, ofertando à Ferrari a 230ª conquista de sua história em 950 participações na categoria.
O alemão é o quarto piloto da história a chegar na marca de 100 ou mais pódios – Schumacher é o recordista com 155, seguido por Hamilton (118), Prost (106) e agora Vettel (100). O quinto do ranking é Fernando Alonso, com 97, e lá se vão incríveis 55 GPs em que Don Fernando não sobe ao pódio – a última vez foi na Hungria em 2014, quando foi segundo.
Mas o espanhol já começa 2018 de forma muito mais positiva que no ano passado. Aliás, não só ele, como também a McLaren, que fechou a prova com seus dois pilotos na zona de pontos – Vandoorne foi o nono – e sai do GP da Austrália com 12 pontos. Muito melhor que a Renault, com sete, enquanto as demais nada marcaram.
Por fim, percebe-se que, por mais que tenham sido introduzidas três zonas de acionamento de DRS, a prova teve raras ultrapassagens e nem Valtteri Bottas, que acabou largando de 15º no grid após o aparatoso acidente no Q3 do treino classificatório de ontem, conseguiu avançar tanto na pista de Melbourne, chegando em oitavo.
Faltou ritmo também à Force India, quarta força de 2017 e que não começa tão bem a nova temporada. A Sauber – quem diria – chegou, graças ao novato Charles Leclerc, na frente da Williams com Lance Stroll, já que o outro carro guiado pelo russo Sergey Sirotkin foi o primeiro a ir à nocaute com problemas de freio.
Outra decepção foi a Toro Rosso. Hartley fez uma corrida (ruim) totalmente destoando do resto. E o câmbio do carro de Gasly se entregou. Muitos de nós achamos que foi motor, mas ao fim de tudo foi a caixa de marchas que deu pau no carro #10. Menos mal para a Honda, que ganha um crédito de confiança para a próxima etapa, o GP do Bahrein.
Que, aliás, tem que ser melhor do que foi o insosso GP da Austrália. Ademais, vai ser chato ter que aturar toda hora a emissora oficial que transmite a categoria reclamando do Halo. Falar por falar não adianta. Os carros ficaram feios, é difícil para os pilotos saírem dos cockpits e, pior, perdeu-se não só a boa visualização das câmeras onboard como também a identificação dos capacetes pelo público – seja nos autódromos ou em casa – está péssima.
A Liberty Media entregou uma transmissão até ok em termos de gráficos e informação, mas não adianta vestir uma criança com uma roupa bonita se a criança é feia de corpo ou de rosto. Estética e tecnicamente, a Fórmula 1 continua deixando a desejar e dando a impressão de que ainda está longe de um formato que agrade, que nos traga corridas mais emocionantes.
Vitória decidida no Virtual Safety Car? Definitivamente, não é o que nós queremos.