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RIO DE JANEIRO (Nota 5,5) – Assim como na abertura do ano passado, Sebastian Vettel coloca a Ferrari à frente da Mercedes de Lewis Hamilton e larga na frente do Mundial de Fórmula 1, igualmente deixando o time italiano em situação melhor que a marca da estrela de três pontas. A rigor, foi uma das […]

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Os problemas nos dois carros da Haas e o Virtual Safety Car mudaram o rumo do GP da Austrália a favor de Sebastian Vettel, que começa 2018 do mesmo jeito que no ano passado: no topo do pódio (Foto: Autosport/Reprodução)

RIO DE JANEIRO (Nota 5,5) – Assim como na abertura do ano passado, Sebastian Vettel coloca a Ferrari à frente da Mercedes de Lewis Hamilton e larga na frente do Mundial de Fórmula 1, igualmente deixando o time italiano em situação melhor que a marca da estrela de três pontas. A rigor, foi uma das raras novidades numa corrida que não merece mais do que uma nota 5,5.

E por que? Simples: antes da situação de VSC (Virtual Safety Car) que conflagrou e definiu as coisas a favor da Ferrari, Hamilton dominava. Tinha parado na 20ª volta, uma depois que Räikkönen e, se tudo entrasse nos eixos, nada tiraria do britânico, pole position e novo recordista da pista, mais uma vitória em Melbourne, no circuito Albert Park.

Só que a Haas, equipe que mais surpreendeu ao longo do fim de semana, cometeu o mesmo erro na parada de box para troca de pneus, deixando seus dois pilotos – Magnussen primeiro e Grosjean depois – na mão. Deu pena o desespero do franco-suíço. Os carros do time ianque vinham bem e nem a Red Bull, que nós achávamos que brigaria pela vitória já de saída, foram capazes de ultrapassá-los. Max Verstappen, em dado momento, emulou Keke Rosberg em Long Beach-83 e Nigel Mansell em Imola-90, com um espetacular pião de 360º e ainda voltando à disputa.

Pois bem: o tal do VSC ajudou a estratégia da Ferrari, que mandou Vettel parar nos pits. Hamilton não podia superar o rival ou andar acima da velocidade pré-estabelecida no painel. E viu o carro vermelho à sua frente quando de virtual o Safety Car passou a real. Outro que ficou tiririca foi Räikkönen, que xingou meio mundo por ter parado primeiro.

Quem também aproveitaram a situação para avançar foram Daniel Ricciardo e Fernando Alonso, imitando Vettel. Muito inteligente a tática de Red Bull e McLaren para com seus pilotos. E assim eles ficariam em quarto e quinto até o fim, com o australiano ameaçando o 3º lugar de Kimi – ainda não foi dessa vez que o público que lotou o Albert Park viu seu piloto no pódio.

Em toda a história da prova, nenhum piloto do país terminou entre os três primeiros, muito embora Mark Webber tenha subido ao pódio em 2002 para festejar o quinto posto em sua corrida de estreia, ao lado do seu então patrão Paul Stoddart, na Minardi.

Deu dó da Haas, viu… os dois pilotos do time ianque vinham bem na corrida e acabaram por abandonar em virtude do mesmo problema após o pit stop para troca de pneus (Foto: Autosport/Reprodução)

Voltando à luta pela ponta, Hamilton teve problemas para se aproximar da liderança novamente, teve que reduzir o ritmo e se viu incapaz de impedir que Vettel chegasse ao total de 48 vitórias na carreira e ao seu centésimo pódio em 199 GPs disputados, ofertando à Ferrari a 230ª conquista de sua história em 950 participações na categoria.

O alemão é o quarto piloto da história a chegar na marca de 100 ou mais pódios – Schumacher é o recordista com 155, seguido por Hamilton (118), Prost (106) e agora Vettel (100). O quinto do ranking é Fernando Alonso, com 97, e lá se vão incríveis 55 GPs em que Don Fernando não sobe ao pódio – a última vez foi na Hungria em 2014, quando foi segundo.

Mas o espanhol já começa 2018 de forma muito mais positiva que no ano passado. Aliás, não só ele, como também a McLaren, que fechou a prova com seus dois pilotos na zona de pontos – Vandoorne foi o nono – e sai do GP da Austrália com 12 pontos. Muito melhor que a Renault, com sete, enquanto as demais nada marcaram.

Por fim, percebe-se que, por mais que tenham sido introduzidas três zonas de acionamento de DRS, a prova teve raras ultrapassagens e nem Valtteri Bottas, que acabou largando de 15º no grid após o aparatoso acidente no Q3 do treino classificatório de ontem, conseguiu avançar tanto na pista de Melbourne, chegando em oitavo.

Faltou ritmo também à Force India, quarta força de 2017 e que não começa tão bem a nova temporada. A Sauber – quem diria – chegou, graças ao novato Charles Leclerc, na frente da Williams com Lance Stroll, já que o outro carro guiado pelo russo Sergey Sirotkin foi o primeiro a ir à nocaute com problemas de freio.

Outra decepção foi a Toro Rosso. Hartley fez uma corrida (ruim) totalmente destoando do resto. E o câmbio do carro de Gasly se entregou. Muitos de nós achamos que foi motor, mas ao fim de tudo foi a caixa de marchas que deu pau no carro #10. Menos mal para a Honda, que ganha um crédito de confiança para a próxima etapa, o GP do Bahrein.

Que, aliás, tem que ser melhor do que foi o insosso GP da Austrália. Ademais, vai ser chato ter que aturar toda hora a emissora oficial que transmite a categoria reclamando do Halo. Falar por falar não adianta. Os carros ficaram feios, é difícil para os pilotos saírem dos cockpits e, pior, perdeu-se não só a boa visualização das câmeras onboard como também a identificação dos capacetes pelo público – seja nos autódromos ou em casa – está péssima.

A Liberty Media entregou uma transmissão até ok em termos de gráficos e informação, mas não adianta vestir uma criança com uma roupa bonita se a criança é feia de corpo ou de rosto. Estética e tecnicamente, a Fórmula 1 continua deixando a desejar e dando a impressão de que ainda está longe de um formato que agrade, que nos traga corridas mais emocionantes.

Vitória decidida no Virtual Safety Car? Definitivamente, não é o que nós queremos.