A Mil por Hora
Fórmula 1

Aussie Day

 RIO DE JANEIRO – Vamos combinar um negócio? Cá entre nós… foi disparado o pior fim de semana de automobilismo com GP de Mônaco e 500 Milhas de Indianápolis no mesmo dia. Duas corridas que ficaram devendo um bocado – acho que mais a prova da Fórmula 1 do que a da Fórmula Indy, principalmente […]

636630332626021345-AP-IndyCar-Indy-500-Auto-Racing.1
A justificada vibração de Will Power pelo inédito triunfo em Indianápolis, numa corrida que deixou a desejar

 RIO DE JANEIRO – Vamos combinar um negócio?

Cá entre nós… foi disparado o pior fim de semana de automobilismo com GP de Mônaco e 500 Milhas de Indianápolis no mesmo dia. Duas corridas que ficaram devendo um bocado – acho que mais a prova da Fórmula 1 do que a da Fórmula Indy, principalmente pelas características do circuito urbano de Monte-Carlo.

Sei que sempre se espera algo mais da corrida mais ‘charmosa’ da categoria máxima, mas eu fico espantado de como as provas por lá se transformaram em espetáculos maçantes e monótonos. Acabou aquela loucura dos anos 1980 e 1990, até porque essas regras criadas para a Fórmula 1 limitam demais o espetáculo e tiram um pouco da graça da gente tentar ver alguém atacando como nos velhos tempos para buscar uma posição de pontuação.

Mas há compensações, como a de ver Daniel Ricciardo merecidamente vencer a corrida, num dia até agora mágico para os australianos. Porque, horas depois, Will Power acabou com a escrita de nunca vencer no solo sagrado de Indianápolis e faturar o 17º triunfo da Penske na história da Indy 500.

É a primeira vez que isso acontece desde que o GP de Mônaco e as 500 Milhas são disputadas no mesmo dia. Nas redes sociais, lembraram – com propriedade – que em 1989, houve vitória brasileira na Fórmula 1 e na Indy. Mas na ocasião, Ayrton Senna triunfou no México e não em Mônaco – curiosamente, ele vencera aquela prova, na redenção do acidente de 1988.

Voltando ao assunto Will Power, esse foi um dos caras que mais sofreu críticas lá nos EUA. Muitos achavam que ele nunca se daria bem em circuitos ovais e hoje conquistou um daqueles triunfos para lavar a alma. Assim como o Risadinha, que deu à Red Bull o triunfo na prova 250 dos rubrotaurinos como equipe, depois que adquiriram o espólio da Jaguar.

Acerto de contas: depois de perder a corrida de 2016, Daniel Ricciardo finalmente chegou ao topo do pódio num GP de Mônaco pouco emocionante

Ricciardo sobrou em todo o fim de semana. Foi o mais rápido em todos os treinos e só não deitou e rolou por completo na corrida porque teve de lidar com um carro que perdeu 25% da potência durante a disputa e que acabou com seis das oito marchas. Um fato que valoriza seu feito – a primeira vitória que conquistou na categoria, vindo da pole position.

Mas como espetáculo, o GP de Mônaco foi pobre. Fernando Alonso, um dos raros desistentes, foi ácido nas críticas. Disse que a corrida foi tediosa e talvez a pior não só da temporada – “Deveriam devolver o dinheiro do ingresso ao público”, argumentou – como uma das piores da história da Fórmula 1. Para quem ano passado se divertiu trocando o Principado pelo oval de Indianápolis e impressionou liderando em sua estreia no mítico oval, soa até como uma confissão de arrependimento por não ter tentado voltar.

No regulamento atual da Fórmula 1, é muito difícil acontecer algo igual ao que fez Olivier Panis em 1996. Portanto, por melhor que fosse seu carro na pista hoje, Max Verstappen partiu de último sabendo que não poderia fazer milagres. Salvou pontos – dois – o que não foi de todo mal. Mas deve ter batido uma deprê quando viu que o vitorioso foi seu companheiro de equipe, pela segunda vez em sete corridas.

De resto, a destacar o ótimo 6º lugar de Esteban Ocon, em seu melhor resultado no ano, além de mais uma sólida performance de Pierre Gasly com a Toro Rosso. Haas e Williams, especialmente esta última, foram os destaques negativos, com performances pavorosas numa corrida que só Ricciardo vai querer lembrar.

Para o campeonato, o resultado deu uma animada nas coisas antes do GP do Canadá, no qual Lewis Hamilton chega 14 pontos à frente de Sebastian Vettel. Mas é melhor não se animar: a Mercedes é franca favorita.

Sobre a Indy: a corrida foi muito mais ou menos. Mas muito mais ou menos, mesmo. A vitória de Will Power foi absolutamente merecida porque ele estava no momento certo e na hora certa, quando os pilotos que arriscaram uma tática de salvar combustível tiveram que parar, para não acabar com pane seca.

O que atrapalhou foi esse pacote aerodinâmico do Dallara, introduzido para esta temporada. O carro definitivamente não ajuda para circuitos ovais. A corrida de Phoenix foi muito chata e a Indy 500 só não foi uma das piores da história (muitos dirão que foi), porque houve os acidentes de praxe.

Mas acidentes que, registrem-se, não aconteceriam em condições normais. Principalmente com pilotos cheios de horas de voo como Hélio Castroneves, Tony Kanaan, Sébastien Bourdais e Danica Patrick. Carros traseirando daquele jeito não é um negócio que podemos qualificar como ‘normal’. Mas enfim… faz parte do show.

Fórmula 1 e Fórmula Indy são duas categorias muito legais por sua história e tradição, mas andam precisando – urgentemente – rever alguns conceitos sob pena de vivermos outros domingos de tédio e sono como este.