24h de Daytona: Wayne Taylor Racing triunfa em corrida caótica e histórica
RIO DE JANEIRO – A edição 2019 das 24h de Daytona foi histórica pelos mais variados motivos. Pela despedida de Christian Fittipaldi, que se retira do esporte como piloto após ganhar a clássica corrida da Flórida por três ocasiões.
Por Alessandro Zanardi, um herói – independentemente do resultado obtido.
E por Fernando Alonso, que segue colecionando feitos em sua carreira de piloto de competição. A partir deste domingo, o espanhol é o nome mais próximo de igualar AJ Foyt a triunfar em Le Mans, Daytona e Indianápolis. Afora a possibilidade de conquistar a Tríplice Coroa do Endurance mundial – com Sebring fazendo parte desse galardão junto à corrida de La Sarthe e ao evento que ele venceu neste domingo.
Venceu dando show. Alonso foi protagonista de momentos épicos a bordo do Cadillac #10 e, registre-se, ele não correu sozinho. Renger Van der Zande, Kamui Kobayashi e também Jordan Taylor foram extremamente importantes. Mas o bicampeão mundial de Fórmula 1, como estrela da companhia, alcança mais um de seus objetivos, mostrando também que ainda é um piloto muito rápido e competitivo.
E que também se torna o terceiro campeão mundial da categoria máxima a ganhar em Daytona. O primeiro foi Phil Hill, num embrião das 24 Horas realizado nos anos 1960 com 2000 km de duração. Depois veio Mario Andretti com o triunfo na etapa do World SportsCar Championship de 1972, disputada em seis horas de duração. Por fim, Alonso chega a este prestigioso patamar com algo em comum aos outros dois. Correu pela Ferrari na Fórmula 1.
A “lenha” que Don Fernando de las Asturias protagonizou com Hélio Castroneves antes de chegar à liderança, já é um dos mais belos momentos da história da disputa. Alonso também teve que encarar pela proa o Cadillac de Felipe Nasr e Pipo Derani – mais Eric Curran, superando Felipe pouco antes da direção de prova deflagrar uma interrupção por bandeira vermelha.
Isso porque o mau tempo deu as caras no circuito e São Pedro resolveu caprichar na água, de modos que se Noé estivesse na disputa, saindo das páginas da Bíbilia, poderia ultrapassar todo mundo e vencer a corrida, tamanho o acúmulo de poças e pontos de alagamento pela pista inteira.
Como efeito, a perda de visibilidade provocou a interrupção da disputa por um período bem longo (cerca de 1h45min) e depois, na relargada, o caos se instaurou, com um acidente envolvendo dois carros da GTD.
Não obstante, voltou a chover ainda mais forte, o que ocasionou uma saída de pista de Nasr quando este liderava – entregando de bandeja a liderança nas mãos de Alonso (sabem aquela história do piloto certo na hora certa?). Uma sequência de rodadas e outros incidentes trouxe mais uma bandeira vermelha. O tempo correu, mas não houve mais disputa. Tanto que a IMSA decidiu por encerrar a prova faltando alguns minutos para zerar o cronômetro.
Curioso que o tempo de bandeira vermelha não foi acrescido ao total da prova, que fechou com 593 voltas percorridas pelos vencedores em quase 22 horas de corrida. O campeão Nasr, mais Eric Curran e o estreante (na Action Express) Pipo Derani terminaram em segundo, com a Penske sendo a terceira e única equipe que ainda brigava pela vitória com o Acura DPi de Alexander Rossi/Ricky Taylor/Hélio Castroneves.
Pole position, o Mazda DPi #77 foi a nocaute perto da sétima hora e o #55 da equipe de Reinhold Joest sucumbiu após 13 horas. Melhor sorte tiveram Rubens Barrichello e parceiros, com o 5º lugar final mesmo após uma batida e a trinca da “conexão luso-brasileira” só não ficou mais à frente do que o nono posto final, por conta de um prosaico problema com a luz de freio do Cadillac DPi de Christian Fittipaldi/João Barbosa/Filipe Albuquerque.
Na LMP2, quatro trocas de nariz do protótipo Oreca 07 Gibson não foram suficientes para impedir a vitória da DragonSpeed. Pasmem: Pastor Maldonado levou um Rolex Chronograph para casa, junto ao colombiano Sebastian Saavedra, o mexicano Roberto Gonzalez e o irlandês Ryan Cullen, faturando a sexta colocação geral – eles chegaram quatro voltas à frente do #38 da Performance Tech Motorsports e o #81 da DragonSpeed, terceiro da categoria, teve problemas e saiu da disputa.
A BMW foi premiada com o triunfo na GTLM: o carro #25 de Connor De Philippi, do brasileiro Augusto Farfus, do austríaco Philipp Eng e do estreante Colton Herta acabou com a vitória que soou como uma homenagem póstuma a Charly Lamm, morto quinta-feira. Aliás, ao terminar a prova, o box da equipe bávara mergulhou-se em lágrimas.
Uma conquista emocional e emocionante, numa disputa cheia de alternativas onde os problemas se avolumaram com praticamente todos os adversários – exceto a Ferrari da Risi Competizione, a única que conseguiu terminar com as mesmas 571 voltas da tripulação campeã da prova em sua categoria.
A Ford quase levou com seus GT EcoBoost de visual retrô e o #67, que tinha Richard Westbrook a bordo, precisou fazer um reabastecimento que levou à perda de posições e ao quarto posto no final. “Bandeiras vermelhas são um chute no saco”, disparou o britânico que dividiu o carro com Ryan Briscoe e Scott Dixon.
Fino, esse Westbrook…
Seguindo com a corrida, e eis que na GTD, onde aconteceu de tudo um pouco ao longo da prova, a GRT Grässer queimou a língua deste escriba com uma recuperação sensacional após uma série de penalizações e punições ao longo das primeiras horas de prova.
O time do carro #11 guiado por Rolf Ineichen/Rik Breukers/Mirko Bortolotti/Christian Engelhart acabou igualmente premiado com a vitória por conta de duas escapadas do Audi #29 da Montaplast by Land Motorsport e também da rodada do Mercedes-AMG #33 – que era o líder quando se despistou.
A interrupção da disputa veio de colher para a equipe europeia, que assim fechou no topo do pódio, com a Montaplast by Land ainda em segundo e a AIM Vasser Sullivan, sendo competitiva o suficiente em sua estreia para findar em terceiro com o carro #12.
Entre os brasileiros, o mais bem colocado foi Felipe Fraga, que dividia justamente a Mercedes que rodou perto da bandeira vermelha, com Jeroen Bleekemolen, Luca Stolz e Ben Keating – terminou em 7º lugar. Chico Longo, Victor Franzoni e Marcos Gomes (mais Andrea Bertolini) dividiram a Ferrari pole position e conseguiram uma ótima escalada vindo de 20º no início da disputa à nona posição.
O Acura de tripulação 100% feminina vinha muito bem até enfrentar problemas mecânicos e perder 10 voltas parado. Assim, Bia Figueiredo e demais colegas chegaram na 13ª posição da categoria. E na Ferrari #51 da Spirit of Race, uma quebra de suspensão com Paul Dalla Lana a bordo tirou Daniel Serra e seus demais colegas da competição.
Fecho este post com um agradecimento especial a quem acompanhou a transmissão de parte da disputa no Fox Sports 2 neste sábado e domingo e fez da nossa hashtag uma das dez mais comentadas do Brasil no momento em que estávamos ao vivo. E imaginem a felicidade que foi para o escriba aqui poder acompanhar Alex Zanardi a bordo de sua BMW e, principalmente, narrar uma ultrapassagem e uma liderança de Alonso.
Mais do que felicidade, um privilégio. Isso não tem preço que pague!
Daytona sensacional !!!
Acompanhei pela Fox, com você (e não posso esquecer do mestre Edgar) e no interim das 2 transmissões dei varias entradas no live streaming que tava difícil, travava toda hora.
Alonso é realmente um fora de serie, mas vimos outras pilotagens muito boas. Helinho deu um show, num carro que não era rápido o suficiente de reta. Como o outro Acura andava melhor no trecho de alta, suponho que a tripulação do 7 optou por um acerto com mais carga aerodinâmica. Montoya também andou muito, e Zanardi deu um show a parte. Infelizmente não tive a chance de observar bem o Pipo, o Rubinho, o Fraga e o Marcos Gomes, nos momentos em que assisti a corrida.
Gostei muito também do James Calado e do Tony Garcia,e também da Bia no inicio da corrida.
Deixei Farfus por ultimo: até que enfim uma grande performance, andando um barbaridade na chuva, e sem errar !!! Levou o carro nas costas, ganhando muitas posições durante a chuva final.
Parabéns pela transmissão, tanto como narrador quanto como comentarista !
Abraço
Grande Seabra!!!!um grande prazer encontra lo por aqui!!!
O prazer de encontrar voce e outros amigos por aqui é meu !!!
Agradeço ao Rodrigo…
Abraço
Essa edição de Daytona foi muito especial, já pelos que comentamos aqui anteriormente , as corridas de sports cars ( pelo menos no mundo dos lmp3 ,lmp2 e na america com DPi ) vivem um grande momento , pipocou por todo globo varios campeonatos com esta receita.
A IMSA soube capitalizar esta receita e deu aos fabricantes uma opção facil e barata para estamparem seus nomes nos carros, espero que a coisa continue melhorando, quem sabe encontrem um meio de reverter a situação do pessoal do lmp2.
Já estou contando os dias pra Sebring.
Parabéns ao Alonso com certeza(0 cara, além de muito bom é pé quente) , mas no meu entender o nome da prova foi Augusto Farfus. Acho que ele perdeu muito tempo no DTM. A “praia” dele, são os carros de turismo “de verdade”. Macau e Daytona que o digam.
Só por curiosidade, a FoxSports reservaram os direitos de transmissão no Brasil? Pois o streaming da corrida pelo IMSAtv.com não funcionava.
Se isso aconteceu, não é algo da minha alçada.
Pedro a FoxSports não se pronunciou sobre o caso, eu questionei no Twitter e não teve a resposta, o negocio é cobrar a Fox …..
No site oficial da IMSA informava que estaria restrito o streaming nos EUA (direitos da NBCSports) e Canada (nm lembro qual emissora), e em determinadas regiões do mundo, por isso fiquei intrigado.
Ocorreu na época que os direitos de transmissão exclusiva da DTM estava com a BandSports, por exemplo, o canal oficial da categoria alemã no Youtube bloqueava o stream. Na temporada de 2018 o streaming foi liberado.
Por isso eu supus que poderia ter ocorrido o mesmo ontem pela IMSA.
Foi realmente uma corrida espetacular com atuações espetaculares em todas as classes…Dom Fernando provou por A+B que era sim o piloto mais completo do grid da F1…se não foi alem do bicampeonato, paciência e azar da F1. Aliás, deveriam perguntar: Será que ele sente saudades dos últimos tempos de categoria máxima?
Helio (não gosto do termo “Helinho”) também foi excepcional e mostrou que tem muita lenha para queimar…se, na casa dos 40, ficou velho para os monopostos, é ainda menino para os protótipos e para o endurance no geral…inclusive acho que TK deve seguir o mesmo caminho caso surja um assento em qualquer das classes…
Outro momento de arrepiar foi a apresentação do Zanardi. Um heroi de verdade, um mito. Daqueles caras que a gente precisa ver in loco caso tenha chance…uma honra para poucos…quem sabe no WEC aqui em 0/02/2020…sonhar ainda é de “gratis”…
Nos GTLM, sempre me divido entre os Corvettes, Porshes e Ford GT…adoro os tres, mas desta vez torci demais para os M8 da BMW e pela Ferrari mais simpática do mundo, a da Rizi Competizione, da qual torço demais para que se mantenha na categoria.
Na GTD acho que todos os brasileiros foram bem, no geral (exceto o Francisco Longo…). Eu tinha muita fé no Daniel Serra para a vitória na classe, desde que Paul Dalla Lana permitisse, claro, e o Felipe Fraga também já pede passagem no mundo do Gran Turismo e endurance…Bia Figueiredo mostrou seu valor e merece mais oportunidades.
Enfim, foi bom demais e a transmissão, narração e comentários feitos por quem gosta e entende do assunto. Muito obrigado à você, Mattar, ao Mestre Edgard e ao Thiago, além do canal Fox Sports, que mais uma vez disponibilizou uma janela de 3 horas no sábado e mais duas no domingo num pais monoculturista no esporte como o nosso. Não é pouca coisa, apesar da reclamação de alguns, como de costume.
De se lamentar mesmo foi a não liberação do streaming direto do site da categoria, como sempre ocorreu até o ano passado. Por coincidência, vi que agora o canal parceiro é a NBC e não mais o Fox Sports dos USA.
Todos as devidas honras ao Fernando, mas tenho certeza que se não fosse a aquaplanagem do Caddy 31 os Felipes levariam a corrida. E como o Edgar diz, mesmo no simulador quando você acerta o setup do carro essa é uma das pistas mais prazerosas de pilotar.
Parabéns a Você e à equipe de locução e comentários (sempre informativos e divertidos) do canal que, infelizmente, hoje transmite as provas do Weathertech.
A lamentar o pouco caso desse canal – começou tarde, sem a menor explicação; isso para uma das três maiores corridas do automobilismo mundial, e que é a abertura do Weathertech, Perder os preliminares, a largada e a primeira hora foi de doer. Depois o tal canal vai ficar “buzinando” que o Weathertech é o carro chefe de sua programação de automobilismo..
Luiz Faria, boa tarde.
Primeiro lugar: a Fórmula E é um dos carros-chefe do automobilismo no Fox Sports. Seu horário de largada era praticamente próximo da bandeira verde das 24h de Daytona.
E não “começou tarde”, como você alardeia. E não perdemos a primeira hora de prova.
Se não sabe, não diga. Tem muita gente – como você – que reclama de barriga cheia e nem sabe quais são as condições para colocar um evento destes no ar.
Meio tarde, mas comentando …
Corridaço. Pena que acabou cedo pela chuva forte. Alonso e Nasr iam dar show de pilotagem. Isso sem falar no Farfus. Isso sim é corrida que dá gosto de se ver. Não a soneira que a F1 tá dando.
Alonso mais uma vez prova que é talvez, o maior piloto em atividade. Tomara que ganhe em Indianapolis, e possamos ver ao vivo e a cores, um lindo capitulo da história ser escrita.
Nasr provou que existe vida fora do mundinho da F1. Pilotou maravilhosamente.
Farfus mostrou que é ótimo no Endurance.
Quero mais corridas como essa !