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RIO DE JANEIRO – Desculpem o atraso em falar do GP do Azerbaijão. Afinal de contas, com o WTCR meio em cima do horário da corrida da Fórmula 1, o que é bastante ingrato (se bem que foi ótima a corrida do Hungaroring que exibimos ao vivo), não deu para observar tudo mais detidamente que […]

2019 Azerbaijan Grand Prix, Sunday - Steve Etherington

RIO DE JANEIRO – Desculpem o atraso em falar do GP do Azerbaijão. Afinal de contas, com o WTCR meio em cima do horário da corrida da Fórmula 1, o que é bastante ingrato (se bem que foi ótima a corrida do Hungaroring que exibimos ao vivo), não deu para observar tudo mais detidamente que teria acontecido em Baku. Então peço novamente desculpas se a análise será mais superficial do que de costume.

O que não dá pra deixar passar batido é que em 70 temporadas na história da categoria máxima do esporte a motor, esta é a primeira vez em que uma equipe consegue quatro dobradinhas em sequência, nas quatro primeiras etapas de um campeonato.

Pois é: a Mercedes-Benz alcançou nesse ano o que nem mesmo a McLaren na época de Senna e Prost e nem na época do “carro de outro planeta” da Williams, não se alcançou feito semelhante.

E para surpresa geral, não é Lewis Hamilton quem lidera o campeonato.

É Valtteri Bottas, um ponto à frente do vencedor da corrida anterior em Xangai. Uma situação que começa a preocupar o chefão da equipe alemã, Toto Wolff.

O finlandês parece ter acordado pra vida? Talvez. Mas prefiro não emitir juízo de valor tão cedo no campeonato. Se a situação continuar como está, ou com Lewis à frente e com Bottas muito perto, não sei se teremos uma repetição do que aconteceu em 2016. Não vejo o nórdico como alguém que pode repetir Nico Rosberg e incomodar o companheiro de equipe a ponto de virar sua cabeça – assim como tenho sentido que Charles Leclerc faz com Sebastian Vettel na Ferrari.

E por falar em Ferrari, mais uma corrida confusa para os italianos. Vettel se diz “inconstante e inconsistente”. Charles Leclerc errou no treino classificatório, largou em oitavo (por conta de penalizações, registre-se) e, como o Flavinho Gomes disse muito bem em seu blog, não faz milagres. Nenhum dos dois faria. E aliás, ninguém, já que a corrida foi inócua, sonolenta e não houve um Safety Car sequer para animar a festa.

Eu desconfio que a Ferrari, inclusive, cometeu mais um erro e mui discretamente, jogou mais uma corrida do Leclerc no ralo. O monegasco largou com médios, permaneceu na pista por 35 voltas, perdeu performance após liderar com vantagem de mais de 12 segundos e depois, trocando por macios, ficou para trás. Fez a melhor volta, ganhou o ponto extra e ficou num desdentado 5º lugar. Não é o bastante.

Como também não tem sido o bastante para a Red Bull ter confiabilidade se falta o algo mais a Max Verstappen e principalmente a Pierre Gasly, que ainda não disse ao que veio na equipe rubrotaurina. De mais a mais, foi bem o mexicano Sergio Pérez com a Racing Point (o cara tem vocação pra andar bem ali naquela difícil pista azeri, viu?) e a McLaren tem surpreendido – Lando Norris em especial. Carlos Sainz fez seus primeiros pontos no ano e a equipe dos carros laranja atingiu um incrível 4º lugar no Mundial de Construtores.

E a disputa pelo melhor do resto promete: a McLaren aparenta estar bem, mas não duvidem do que a Alfa Romeo (mais com Räikkönen) e a Racing Point (mais com Pérez) podem fazer. Até aqui, Renault e Haas desiludem por completo e os franceses, mais ainda – a Régie, dos times de fábrica, é disparada a pior equipe. E Daniel Ricciardo, coitado, foi protagonista de uma grande patacoada ao dar marcha-a-ré apos um erro de frenagem e se enroscar com uma das Toro Rosso.

Enfim, foi uma corrida absolutamente sacal. O GP da Espanha, normalmente, não costuma ser bom. Mas tomara que nos surpreenda.