A Mil por Hora
GT World Challenge Europe Endurance

Porsche amplia domínio germânico e vence em Spa após nove anos

RIO DE JANEIRO – Desde 2010, tem sido assim. Hino alemão tocado no pódio na cerimônia de premiação das 24 Horas de Spa-Francorchamps. Seja por conta de Audi, Mercedes-Benz, BMW e Porsche. Neste domingo, “Deutschland Über Alles” foi entoado por conta do primeiro triunfo da Porsche em quase uma década – e o terceiro somente […]

GPXWin
A Porsche deu show nas 24 Horas de Spa-Francorchamps e com atuação magistral de Kévin Estre na disputa, dividindo o carro #20 com Richard Lietz e Michael Christensen, venceu as 24 Horas de Spa Francorchamps via GP Extreme, equipe de Dubai

RIO DE JANEIRO – Desde 2010, tem sido assim. Hino alemão tocado no pódio na cerimônia de premiação das 24 Horas de Spa-Francorchamps. Seja por conta de Audi, Mercedes-Benz, BMW e Porsche. Neste domingo, “Deutschland Über Alles” foi entoado por conta do primeiro triunfo da Porsche em quase uma década – e o terceiro somente em toda a história da disputa, na principal corrida do Blancpain GT Series Endurance.

Não podemos dizer que corrida em Spa com chuva é algo atípico porque o mau tempo na região da Floresta das Ardenas é algo recorrente. Mas o que se viu nas 24 Horas de corrida foi simplesmente surreal. Some-se à chuva inclemente um negócio muito sério chamado falta de visibilidade e a gente entende o porque da direção de prova ter sacado bandeira vermelha e interrompido a disputa às 5h45 da manhã (0h45 de Brasília).

Como efeito, a paralisação durou quase seis horas e a disputa, que ficou em regime de parque fechado, só seria retomada às 11h30 na Bélgica (6h30 de Brasília). Sem surpresas, a 71ª edição da disputa foi também a mais curta em quilometragem percorrida da história no traçado de 7 km de extensão – descontada a corrida de 1993 em que houve interrupção por conta da morte do Rei Balduíno – nos últimos 40 anos.

Apesar dos percalços e dificuldades, louve-se a conquista da GP Extreme, cujo trio profissional de pilotos de fábrica da Porsche fez um belo trabalho. Richard Lietz/Michael Christensen/Kévin Estre (principalmente este último, em atuação monumental) levaram o carro #20 com a icônica pintura Gulf ao topo do pódio, numa corrida que teve de tudo – e que foi decidida nos detalhes. Como o que levou a marca de Weissach a escolher o time de Dubai para alocar três de seus ótimos pilotos num carro que disputa a classe Silver Cup. E vencer a corrida com 363 voltas apenas no total.

Até as paradas técnicas e as muitas entradas do Safety Car ajudaram. Por regulamento, todas as equipes tinham que cumprir pelo menos cinco minutos de pit stop para reparos básicos, como a troca de pastilhas e discos de freio, exigidos exponencialmente numa maratona do gênero. A GP Extreme foi bem mais feliz que as rivais e por isso conquistou a pontuação máxima final – embora houvesse ainda pontos a se oferecer pela classificação da disputa com 6h e também 12h.

A Porsche ainda conquistou 1-2 nas 24 Horas de Spa-Francorchamps, pois o #998 da ROWE Racing chegou em segundo com Nick Tandy/Fred Makowiecki/Patrick Pilet – outros representantes do esquadrão de fábrica. Além, claro, da pontuação no Intercontinental GT Challenge, do qual a corrida deste fim de semana fez parte como 3ª etapa do calendário.

Aliás, falando nisto, ninguém deu mais azar na disputa do que a SMP Racing, cuja Ferrari 488 GT3 liderou a corrida no primeiro quarto e na primeira metade. O time russo, assistido no Blancpain GT Series Endurance pela AF Corse, levou todos os pontos máximos – menos ao final, claro, porque o #72 de Miguel Molina/Davide Rigon/Mikhail Aleshin sofreu um acidente e ficou pelo caminho.

Apesar do revés, a trinca ainda lidera o campeonato restando a etapa final na Catalunha, com 22 pontos de vantagem para o trio Yelmer Buurman/Luca Stolz/Maro Engel, terceiro colocado na geral e em todas as outras fases da disputa, com o Mercedes-AMG GT3 da Black Falcon pintado com o “anime” ao estilo GoodSmile.

Já vencedora da disputa noutras edições, a Saintèloc acabou honrando a casa Audi com um belo 4º lugar da trinca Christopher Haase/Markus Winkelhock/Fréderic Vervisch, beneficiados pelos problemas do #1 de Nico Müller/Robin Frijns/René Rast, que ficaram pelo caminho a menos de 15 minutos para o final.

A Walkenhorst Motorsport foi outra equipe que surgiu com chances na disputa, após uma classificação muito ruim do trio Nicky Catsburg/Christian Krognes/Mikkel Jensen no treino oficial. A BMW #34 teve possibilidade de bisar a vitória do ano passado e inclusive liderou. Mas um pit stop extra por furo do pneu traseiro direito sepultou as chances da equipe de Henry Walkenhorst, concluindo a disputa apenas em 11º lugar.

Inclusive, numa disputa dominada pelos modelos de fabricação alemã, com 12 carros entre os 15 melhores classificados, vale destacar a ótima performance do Honda NSX GT3 EVO guiado por Bertrand Baguette/Mario Farnbacher/Renger Van der Zande, que fizeram uma grande corrida e completaram num espetacular sexto lugar. Para efeito de pontuação no IGTC, o trio do carro #30 ficou em quinto, já que o #998 não marcou pontos para a série.

As 24 Horas de Spa-Francorchamps foram atribuladas e difíceis para o exército brasileiro de pilotos, mas pelo menos um deles sai feliz apesar do resultado final não refletir uma performance tão boa. Mas, considerando que largaram de 71º e penúltimo para terminar em 17º geral e segundo na categoria, Felipe Fraga e seus parceiros Timur Boguslavskiy e Nico Bastian praticamente levaram por antecipação o título do Blancpain GT Series Europe na subclasse Silver Cup.

Os demais não têm muito o que comemorar e deles, só Pipo Derani, junto a Andy Soucek e Lucas Ordoñez, recebeu a quadriculada. Terminou seis voltas atrasado e em 29º lugar na geral, numa corrida em que nada deu certo para a Bentley M-Sport, no ano de seu centenário. Rodrigo Baptista nem andou: o carro #109 que dividiria com Callum McLeod e Seb Morris quebrou após completar apenas seis voltas.

Outro que nem pegou no volante após classificar o carro em 5º no grid foi Daniel Serra. Nick Foster largou mal, perdeu muitas posições na pista molhada e o xará deste, Nick Cassidy, pôs tudo a perder num acidente na 26ª passagem. Também por batida, só que na calada da madrugada, John Edwards jogou fora a ótima corrida feita por Augusto Farfus e Martin Tomczyk, que alcançaram após a metade da disputa o quarto lugar com a BMW #42 do Team Schnitzer. Como salvo conduto, as imagens do acidente mostram que Edwards tinha pouca visibilidade. Atingido por um adversário, ele rodou como se não houvesse amanhã e acabou batendo – depois, por conta dos danos, a equipe jogou a toalha e desistiu.

Aliás, porradas não faltaram nesta 24 Horas de Spa-Francorchamps. Vários carros foram bastante destruídos, entre eles a BMW M6 GT3 da equipe francesa 3Y Technolgy, na freada de Les Combes; o Bentley Continental GT3 do Team Parker Racing, na saída da Courbe Paul Frère; e uma Lamborghini, que acredito ter sido da Orange 1 FFF Racing Team, que deu uma violenta guinada à direita num ponto que não consegui identificar – estava muito escuro – e o carro bateu com vontade nas barreiras de proteção.

Nas demais categorias, além da Pro e da classificação geral, os demais vencedores foram a Barwell Motorsport na Silver Cup com Jordan Witt/James Pull/Sandy Mitchell (15º lugar); a Oman Racing with TF Sport com seu Aston Martin Vantage AMR GT3 – do British GT Championship, aliás e a propósito, na Pro-Am, chegando em 22º geral com Nicki Thiim/Ahmad Al Harthy/Salih Yoluç/Charlie Eastwood; e a Rinaldi Racing, campeã da prova na Am Cup com a Ferrari 488 GT3 #33 guiada por Manuel Lauck/Christian Hook/Hendrik Still/Alexander Matschull, que figuraram no 28º posto final.