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Fórmula 1

Saídas e ficadas

RIO DE JANEIRO – Véspera de GP de Singapura e a Fórmula 1 tem novidades para a temporada 2020. Nem todas são positivas. A começar pela surpresa que veio da Haas. Simplesmente incompreensível a decisão de permanecer com a mesma dupla para o próximo campeonato. Em termos de resultado, o que fizeram e o que […]

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Ninguém esperava por essa: a temporada da Haas beira o desastre, mas Gene Haas e Gunther Steiner pagaram para ver e a equipe anunciou hoje a renovação de Romain Grosjean e Kevin Magnussen para a temporada 2020

RIO DE JANEIRO – Véspera de GP de Singapura e a Fórmula 1 tem novidades para a temporada 2020. Nem todas são positivas.

A começar pela surpresa que veio da Haas. Simplesmente incompreensível a decisão de permanecer com a mesma dupla para o próximo campeonato.

Em termos de resultado, o que fizeram e o que têm feito Romain Grosjean e Kevin Magnussen juntos, neste ano?

A não ser que a equipe dos EUA reconheça que errou a mão, que o seu modelo deste ano, o VF-19, é uma bela bosta e que estão dispostos a ter no próximo ano o mesmo desempenho da última temporada – quando aí sim a Haas fez um campeonato até bem razoável.

Honestamente, acho que nada justifica a permanência de ambos.

Grosjean faz “hora extra” na Fórmula 1. Ao franco-suíço de 157 GPs disputados e 33 anos de idade, falta constância e, por vezes, maturidade. Ele quase sempre é um para-raio de coisas esquisitas ao seu redor. Günther Steiner, no comunicado oficial que anunciou a renovação do contrato da dupla falou em “experiência, continuidade valiosa e base sólida”. Vai entender, né?!?

E Magnussen não deixa por menos. Veio com pinta de piloto muito promissor, mas não se importa nem com a própria reputação. Comporta-se como uma autêntica ‘vaca brava’ nas pistas e não faz questão alguma de não ser repulsivo – inclusive com os próprios colegas de profissão.

A temporada da Haas é um escárnio. Grosjean somou apenas oito pontos. Magnussen, dezoito. Olha só o contraste com o último ano antes de chegar a Singapura: o nórdico tinha 49 pontos somados e estava no top 10 da classificação do campeonato. Grosjean tinha 27. Não era tão melhor quanto o companheiro de equipe, mas muito superior ao que tem neste ano.

Nas redes sociais as reações foram as piores possíveis. Choveram piadas sobre a Haas querer ser a estrela-mor da série “Drive To Survive”, do Netflix. E, pelo visto, querem ser mesmo.

E muito me admira que Gene Haas não queira um piloto de seu país, com uma geração tão promissora surgindo na Fórmula Indy. Até parece que Colton Herta, Alexander Rossi e Josef Newgarden não têm capacidade para fazer mais e melhor do que Magnussen e Grosjean.

Além disso, há algo muito bem observado pelo repórter da TV Globo Marcelo Courrege, que inclusive chamou a atenção para o fato de Romain e Kevin dividirem o mesmo empresário (parabéns aos envolvidos!): é incrível como a imprensa de fora capricha na passada de pano aos pilotos europeus e não enxerga os fracassos e as nulidades de muitos.

Se fosse um sul-americano, como Maldonado era ou Montoya, só para citar exemplos de pilotos não-brasileiros e que nasceram neste continente, o mundo inteiro desabaria sobre eles. Choveriam críticas de todos os lados.

Aliás, o mundo desabava, principalmente no Montoya – para mim o mais injustiçado piloto que a Fórmula 1 teve imenso prazer em incinerar.

Fim da linha: após voltar à Fórmula 1, no que considera a “maior conquista” de sua carreira, Robert Kubica prefere ‘não ficar a qualquer preço’ e anunciou que está fora da Williams ao fim do campeonato; o polonês tem negociações iniciadas para andar no DTM com a Audi

Outra notícia da quinta-feira diz respeito a Robert Kubica.

O polonês comunicou de voz própria que não seguirá na Williams em 2020. Diz ele que voltar à categoria foi sua “maior conquista” profissional e que não quer “ficar a qualquer preço”.

De mais a mais, está certo ele. Para que permanecer e ainda ser criticado por uma meia-dúzia que não valoriza seu regresso às pistas mesmo com tantas limitações físicas que o acidente de Rali lhe impôs – especialmente com um braço direito atrofiado?

As novidades de hoje são dois claros recados: um, a Nico Hülkenberg. Dificilmente o piloto alemão será titular em alguma equipe no ano de 2020.

Restaria a Alfa Romeo, mas não sei se a equipe que tem a estrutura da Sauber chutaria Antonio Giovinazzi, ligado à Ferrari, para escanteio.

Ir para a Williams no lugar de Kubica? Esse é o segundo recado claro: está mais com cara de Nicholas Latifi pegando essa vaga com os dólares do papai, dono da Sofina (indústria alimentícia), do que propriamente por talento e material humano.

É por essas e outras que Nyck de Vries e tantos outros jovens buscam alternativas fora da Fórmula 1. Enquanto insistirem nos Magnussens e Grojãs da vida, não haverá um novo sopro de renovação como o que nos trouxe, de uma só batelada, gente como Charles Leclerc, Lando Norris, Alex Albon e George Russell.