Fórmula 1, 70

RIO DE JANEIRO – Essa é uma das grandes paixões da vida de qualquer cidadão que ama automobilismo.

No meu caso, essa paixão vai completar quase 42 anos. Desde 1978, ainda criança, mirradinho, morando numa casa de vila na Rua Roberto Silva, em Ramos, eu sei que existe um negócio chamado Fórmula 1.

Tenho que ser muito grato – sempre – ao meu pai. Que me ensinou um caminho com os bolões de Furnas Centrais Elétricas, onde ele trabalhava em Botafogo, bairro da Zona Sul do Rio.

Não só com isso: com os exemplares de Auto Esporte, Quatro Rodas e também as miniaturas Majorette, Matchbox e Corgi que eu ganhava, às dezenas, centenas.

Sem irmãos, as brincadeiras eram futebol com dois vizinhos rubro-negros, que caíam na minha pele na época de Zico e cia. (tudo bem, nos tempos da Máquina Tricolor, eu sacaneava eles sempre) e as miniaturas. A cama de casal dos meus pais e a minha, de solteiro, eram os autódromos.

Acho que a minha paixão por corridas se consolidou muito mais ali nas brincadeiras que virariam coisa séria – já que me tornei jornalista esportivo e comentarista de automobilismo –  do que na frente da telinha acompanhando as primeiras vitórias de Nelson Piquet e as poucas corridas de outras categorias que eram transmitidas pela televisão – eram tempos de TV em VHF e canais a cabo, nem em sonho.

Mas a Fórmula 1 foi o ápice.

Fui assistir ao GP do Brasil três vezes entre 1981 e 1983 no Rio. Vi muitos dos meus ídolos de infância. Pilotos que ainda estão vivos, sobreviveram e envelheceram. Outros que entraram no terreno das lendas. Muitos não vingaram. Poucos triunfaram.

Quem diria que mais de 1000 GPs depois, aquela categoria que começava em 13 de maio de 1950 com 21 carros, herdando do pré e pós-Guerra o formato Grand Prix que consagrara nomes como Nuvolari, Varzi, Caracciola, Von Stuck, Von Brauchitsch, Rosemeyer, Wimille e tantos outros chegaria onde chegou?

Setenta anos de história e paixão.

Parabéns, Fórmula 1.

Vida longa e próspera à categoria número #1 do planeta Terra.

Comentários

  • Sou mais velho do que você, mas temos algo em comum que é muito legal: eu também lia a Auto Esporte e a Quatro Rodas. Certa vez eu enviei uma carta para a Auto Esporte enumerando cinco dúvidas que eu tinha sobre a F-1, e fiquei muito contente quando li as cinco respostas publicadas na revista.

    Todo início de ano, desde os anos 70, eu tenho uma “bobeira”, um “bordão” que sempre repito entre 31 de dezembro e 1º de janeiro, de que, ao contrário do que todos pensam, o ano novo não não começa nessa época.O ano só começa mesmo quando temos a 1ª corrida de F-1. 2020 está sendo uma grande exceção: o ano ainda não começou. Estamos vivendo em um universo paralelo, um tempo alternativo. Estou ansioso para que 2020 REALMENTE comece.

    A foto que ilustra esse post é extremamente belíssima, e cabe umas 100 análises, mas farei só duas.

    1- Foi dado um grande destaque ao capacete do Senna, o que é justo: é o capacete mais famoso da história da F-1.

    2- Keke e Nico.Pai e filho ficaram próximos. Cool!

      • Obviamente, não posso responder pelos outros leitores do blog, mas para mim ficou bem claro, desde que vi a imagem, que trata-se de uma foto oficial da F-1.

    • Aí há que se reclamar com o Liberty Media. A imagem é uma arte publicada pelo perfil da Fórmula 1 em redes sociais.

      Mas que o Piquet parece ter uma importância micro para muitos, isso me parece claro.

      • Concordo com você, Rodrigo. Mas, colocaram o Piquet ao lado de rival o Alan Jones, claro que foi uma rivalidade ao nível Senna x Prost e Lauda X Hunt.

  • Tem uma coisa que me “incomoda” na foto. Pela quantidade de títulos, o Hamilton teria que estar ao lado do Schumacher, e não o Prost. Deram uma “valorizada” no Professor, e “jogaram” o Hamilton para a ponta esquerda, quase indo parar na caixa de brita.

    Isso pode gerar uma fake news: o cara que fez a montagem das fotos é francês – hahaha. Obviamente, não faço a mínima ideia de quem foi o responsável pela montagem das fotos.

  • Lindo texto. Também fazia a minha cama e a de meus pais como autódromos e lia Quatro Rodas do meu tio na seção “Alta Rotação” para ler as temporadas de 76, 77, es de 82 a 86.

  • Pude ver uns 24 anos desses 70. De Schumacher pra frente. A gente não sabe quanto tempo ainda resta dessa brincadeira com o que vem por aí, mas… a gente teve a honra de ver muito talento e muitas histórias maravilhosas nas pistas.

  • Nesses 70 anos de F!, eu acompanhei uns 57, de 73 até agora.
    Vi de perto alguns monstros sagrados guiarem, pra mim Peterson, Emerson, Stewart, Moco, Ickx, Gille,. Vi outros monstros só pela TV, tais como Senna, Schumacher, Hakkinen (o campeão mais underrated que eu já vi, era um puta piloto !!!!), Piquet, Rosberg (pai) e Hamilton.
    Vi pela TV, ao vivo, acidentes terriveis, como os de Roger Wiliamson, Tom Pryce, Ricardo Paletti, Gilles, Senna. Vi as ultrapassagens mais lindas, Piquet sobre Senna no final da reta da Hungria, Hakkinen sobre Schumacher na reta pra Les Combes, Gilles sobre Jones, por fora na Tarzan, Gilles sobre Arnoux em varias curvas de Dijon. Vi as tocadas antológicas de Senna no molhado em Estoril e de Beltoise em Monaco, ambas sob chuva forte. Vi a incrivel volta da pole position de Senna em Monaco, em 1988, avitoria do Emerson em Interlagos em 73, mas antes a maravilhosa corrida dele na Argentina no mesmo ano. Via ao vivo a Vitoria do Moco em Interlagos, as vitorias e não vitorias maravilhosas de Gilles em varios anos,
    Enfim, vi muita coisa boa na F1, que fez valer a pena a minha paixão.
    Salve a F1, mesmo com os carros robotizados atuais, com os circuitos pasteurizados de hoje., mesmo com os pilotos pagantes e com campeões insipidos (Hunt, Jones, Scheckter, Hill, Nico…e….que venham aqueles que vão me chamar de maluco, Prost – não consigo aceitar um Tetra-Campeão que se o carro fosse pra um angulo de deriva um pouquinho maior, rodava inapelavelmente).
    Salve a formula 1 que nos deu comentaristas como Franco Lini, Franco Gozzi, Gerard Crombac, e pricipalmente Nigel Roebuck e e Dennis Jenkinson. e no Brasil, Reginaldo, Edgar e Mattar.

    Valeu a pena. Espero ver algumas belas temporadas de Formula 1 por pelo menos mais uns 5 anos, antes de ficar gagá ou morrer….kkkkk

  • Show! Me arrepiei com sua história. E não sou de me arrepiar com frequência. E melhor ainda por ser cidadão leopoldinense com muito orgulho!
    E fico muito honrado em ter algumas coisas em comum contigo, sendo eu quase uma década mais novo.
    Morei muitos anos em Olaria (Vi as Casas da Banha virarem Continente, e depois Prezunic, e não lembro se teve outro nome no meio do processo, enquanto o Mundial… bem, continuou Mundial), estudei em Ramos (foram três anos num colégio particular na rua citada saudosamente por você, depois acabou a vida de burguês e foi colégio estadual mesmo, pra eu aprender a ser gente), tomei muito banho na piscina do SESC e ainda tenho familiares e amigos na região.
    E trabalhei um ano em Furnas, como empregado cedido de outra empresa Eletrobras.
    Pena que meu pai não foi tão prolífico em material sobre automobilismo. Apesar dele admirar minha capacidade de reconhecer os pilotos pelo capacete… Mas ele, que já retornou à pátria espiritual, me deu um presentaço: Me levou pra assistir a uma corrida de F-3 em Jacarepaguá. Não lembro direito, provavelmente foi 91 ou 92.
    Infelizmente não guardei absolutamente nada de material dessa corrida (ingresso, panfleto, pedaço de grama, nada, e eu não tinha uma mísera câmera), e não tenho muitas lembranças visuais dela. Mas dois nomes que me saltam à memória em relação a essa corrida são o do Christian Fittipaldi e o Leonel Friedrich. Que eu nunca tinha ouvido falar (não tinha Google naquela época) e soube no autódromo que era brasileiro.

    • Possivelmente, Amaral, essa corrida de Fórmula 3 foi em 1990, já que você citou o Christian e o Leonel. Ou 1989, já que ambos também corriam na época. Você lembra se teve outra corrida junto? Em 1989 a F-3 correu com a Copa Shell no Rio. Em 1990, não sei. Em 1991, de novo com a Copa Shell e em 1992, junto com a Uno e a Stock Car.

      • Agora, tentado puxar da memória, acho que teve outro evento junto, sim. Deve ter sido essa Copa Shell.
        Eu era muito garoto na época. Já amante de automobilismo, mas muito ignorante ainda sobre qualquer coisa que não fosse F-1.
        Lembro nitidamente que eu já morava em Olaria na época dessa corrida, e em 89 eu ainda morava no Engenho de Dentro. Então certamente não foi 89.