… e zero pessoas se surpreendem

RIO DE JANEIRO – A notícia que circulou ontem no fim do dia não foi propriamente nenhuma surpresa. Aliás, acho que ninguém deveria ficar surpreso. Pra quem fez papel de otário achando que um dia realmente o novo Autódromo do Rio de Janeiro, em Deodoro, sairia do papel, podem esquecer.

Não só o Rio Motorsports perdeu os direitos de exibir a Fórmula 1 em 2021, para o que se candidatara, como caiu por terra a falácia da nova pista carioca. A FOM, leia-se Liberty Media, não só já divulgara a volta do GP do Brasil ao calendário após o cancelamento da corrida neste ano por conta da Pandemia do Coronavírus, como também acabamos de saber nesta quinta-feira que o contrato para a realização da corrida no país foi renovado. Acordo válido até 2025 e confirmado pelo atual governador de São Paulo, João Doria.

No fim das contas, deu-se um monte de voltas e não saímos do lugar. Ótimo: para que insistir num empreendimento sem nenhuma garantia ou acreditar nas picaretagens de quem deu calote na Dorna e obrigou o Grupo Disney a assumir o contrato da MotoGP e, cedo ou tarde, poderia dar um ‘passa moleque’ em quem se metesse a fazer Fórmula 1 no país?

Outra coisa: a permanência do GP do Brasil foi garantida e condicionada desde que Tamas Rohonyi não estivesse mais à frente do comando da organização, via Interpub. A empresa ficará ainda na operação, mas o novo organizador e promotor da corrida marcada para novembro do ano que vem em Interlagos será Alan Adler, presidente da IMM Esporte e Entrenenimento, que tem negócios com o grupo Mubadala, dos Emirados Árabes e foi atleta olímpico, integrando a equipe brasileira de Vela em três olimpiadas (Los Angeles, Seul e Barcelona).

Com 56 anos, o executivo deve manter as bases do trabalho feito pela Interpub e oferecer as melhores condições possíveis para o trabalho de todos no evento, cuja promoção certamente vai começar já no início do ano que vem.

E com tudo resolvido quanto à questão do contrato, da renovação do acordo e da permanência do GP do Brasil por cinco anos – com possível extensão até 2030, garante-se não só a sobrevivência de Interlagos como praça de automobilismo no Brasil, como também existe até mesmo a possiblidade do Grupo Globo seguir como a emissora envolvida nas transmissões.

Não é mais descartada a permanência, uma vez que com a renúncia de direitos do Rio Motorsports  – com a esfarrapada (alguém acreditou?) desculpa sobre as ‘incertezas mundiais acerca do Covid-19 (mais fácil assumir que não conseguiram garantias financeiras e ponto!), a TV Cultura, tida e havida como a emissora que assumiria a responsabilidade sobre a Fórmula 1, é igualmente descartada.

Sobre valores, termos do compromisso e tudo o mais, desconheço. Mas eu apostaria que as negociações estão em curso, seguem bem encaminhadas e devem rumar para mais um final feliz para todos os envolvidos.

E para você que acreditou nessa farsa de Deodoro e Fórmula 1 no Rio e principalmente caiu na conversinha fiada do presida, só lamento. Hoje não foi o seu dia.

Os maricas, como eu, estão felizes. Esperamos a vacina e estou resoluto: vou ao GP do Brasil, se houver chance de venda de ingressos, nem que seja só como espectador.

Comentários

  • Nunca torci contra a construção de uma pista no Rio, acho até que a cidade merece, mas quando a questão passou a ser tratada de forma política, com o presidente fazendo lobby pelo autódromo, com a intenção de atingir o governador de São Paulo retirando o GP de Interlagos, vi que a coisa realmente não teria futuro.
    E o que acho mais engraçado é que a toda poderosa Liberty Media caiu como cordeirinho nesse conto do vigário. Menos mal que houve tempo das coisas se acertarem.

  • Momento de ficar alegre, o GP está garantido, Interlagos será preservado.

    Mas não é momento de cantar vitoria: acho que o Brasil deveria se envergonhar de todo esse imbroglio que envolveu a troca de lugar do GP para um autódromo inexistente, com um grupo de picaretas no comando, e outro grupo e picaretas na concessão. Sim, não livro a cara dessa Liberty “Merdia”, são tão picaretas quanto os do lado de cá, e se envolveram nessa maracutaia toda porque quiseram. Ou porque tinham a esperança de lucros ainda maiores.
    Claro que o Brasil tem muitas outras coisas do que se envergonhar, mas esse episodio pode representar muito bem qual é a seriedade dos nossos politicos: De um lado um presidente que se envolve diretamente numa questão entre estados, esquecendo-se de que foi eleito por brasileiros e para cuidar do Brasil. De outro lado um Governador, que já quis acabar com o autodromo de Interlagos, ao oferecê-lo a iniciativa privada, com direito do uso da terra para outros fins…e que agora, pela boca de seu aliado Covas, está tentando trocar o nome do GP para GP de São Paulo, em lugar de GP do Brasil.
    Então, usemos o episodio “Autodromo do Rio”, para nos envergonharmos dos políticos que temos. TODOS eles, sem exceção reconhecida, são desonestos, mentirosos, oportunistas, e sem caráter. TODOS, a direita, a esquerda, ao centro e até abaixo, posto que acima nenhum deles merece estar.
    Todos, desde um presidente que prometeu as Olimpiadas no Rio, passando por uma presiDANTA que prometeu que um novo autodromo estaria garantido para substituir o que foi deslavadamente surripiado dos cariocas, passando por um Presidente idiota que se enfileirou a picaretas para garantir a construção de um novo autodromo que não tinha tempo nem condições de ser construido, e chegabdo um governador e candidato a presidente que era contra o autódromo de Interlagos e agora o utiliza com bandeira para cantar a vitoria de São Paulo contra o Brasil. Todos bandidos, para quem os meios justificam os fins.
    Eu que votei no Lula, na Dilma e no Bolsonaro, me envergonho dos meus votos. E só não me envergonho mais, porque não vejo ninguém melhor do que eles, no horizonte. Nem no passado, nem no presente, e quiçá, nem no futuro.
    Mas que me seja permitido sonhar com um Presidente com P maiúsculo, que não esteja livre de erros porque ninguém é perfeito, mas que ao errar, como ao garantir um autódromo impossível, ou ao proferir uma besteira inominável como o “Jair venceu de novo”, tenha a decência e a dignidade de vir a publico, pedir desculpas e admitir: eu errei. Caso contrario, vamos continuar convivendo com presidentes que propõe “estocar vento” (sic) ou “exportar os viados de Pelotas” (sic). Ou vamos ter de nos aceitar com um futuro presidente que vai se vangloriar de que “Jair perdeu de novo”… Triste a sina essa nossa, ao olharmos para os últimos 30 anos e admitirmos que Pelé estava certo quando disse que brasileiro não sabe votar, e que Caetano, teorico de esquerda (festiva) e social-democrata, que no passado escreveu: “Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica que sempre precisará de ridículos tiranos?”

    Admitindo que como ser politico sou zero a esquerda (matematicamente falando…. bem claro), vou sim ficar feliz, muito feliz, que o GP do Brasil continuará existindo, e Interlagos continuará sendo o palco dessa festa. Tomara que por muitos anos ainda.

    • Essa vergonha não ajuda na clareza.

      Gostei da sua abertura, sem medo de ser feliz: Momento de ficar alegre, o GP está garantido, Interlagos será preservado

  • A picaretagem de novo! É triste. Perdemos a WEC e estávamos na iminência de um outro picareta assumir e claro não promover a F1. Construir um autódromo no Brasil hoje soa no mínimo uma afirmação bizarra é irresponsável. Pobre Brasil! Mas quando não resolver com saliva temos a pólvora…

  • Mattar,

    Como falei no outro post aqui do blog, sobre a ridícula “estória” do circuito no RJ.

    Os pilotos gostam de Interlagos, já tem homologação da FIA, devem ter chego ao meio termo com relação aos valores pagos e vida que segue…

    A única surpresa foi com a saída do Tamas!!!

    Sobre a Mubadala, já começou a mostrar que vai bater firma com a “marca”, fazendo o mesmo com a corrida em Abu Dhabi, que dá o nome do Grande Prêmio: aqui foi anunciado como Grande Prêmio de São Paulo!!!

    Embora não entenda picas nenhuma pq não se chame Grande Prêmio dos Emirados Árabes Unidos, a coerência aparentemente foi mantida.